Beda – Não espere esfriar

Desde criança, tenho mente fértil. Pequena, brincando sozinha, no solo de terra batida do quintal que embalou a infância, deixava a imaginação correr solta. Recordo das séries de TV que a família toda assistia: Perdidos no espaço , Terra de gigantes e Túnel do tempo. A cada episódio assistido, no dia seguinte, lá estava eu, no quintal, a interpretar histórias de aventuras em terras desconhecidas, viagem n tempo, no espaço.

Entre as leituras do momento, estou relendo Caio Fernando Abreu: 1980, o essencial da década. Releio como se estivesse estreando em sua narrativa. Logo no primeiro conto lido, emoção transbordou. Sobre isso, falarei num outro momento. De novo!

Um outro livro que leio, A pintora de henna, de Alika Joshi. Escritora que ainda não conhecia mas que de imediato, logo nas primeiras páginas lida, me conquistou. O terceiro livro com leitura em andamento, despertou meu interesse, primeiro pelo título Antes que o café esfrie. Tem café no meio? Fico logo curiosa para saber do que se trata.

O autor, japonês, Toshikazu Kawaguchi, produtor, diretor e dramaturgo, desenvolveu num cenário de uma cafeteria num subsolo de Tóquio, a realização de um sonho que muitos desejam: viver ali, uma experiência única de viajar no tempo e encontrar alguém que não faz mais parte de sua realidade. Uau!

Ao término da primeira história, parei a leitura e comecei a pensar em quem gostaria de (r)encontrar nessa cafeteria. Ah…foram tantas as pessoas que gostaria de trocar uma palavra ou um abraço, ou simplesmente sentar de frente e silenciosamente tomar meu café com prazer, apreciando rever quem me foi caro em vida. Essa é uma das inúmeras regras para essa viagem acontecer.

Reencontrar papai e ouvir seu assovio típico de quando chegava em casa, bebericar o café ao lado de dona Maria, que apreciava um bom bule coado na hora e ouvir sua risada solta, ficar frente a frente com meu eterno menino maluquinho e ouvir suas histórias e aventuras do outro lado, rindo e se emocionando ao ouvir sua voz e observar e admirar seu sorriso largo que tanto me agradava e apreciar e relembras suas bonitas tatuagens.

Ah…mas não posso esquecer de também desejar, sonhar, almejar um encontro, mesmo que breve, com C.F. Abreu afinal, seria a chance perfeita para ficar tête-à-tête com esse escritor e ser humano que tenho certeza, seria parceiro de uma bonita e verdadeira amizade. Miséria de vida que carrega e causa tantos desencontros. Amaria um dedo de prosa, troca de olhares e ouvir esse personagem conversar sobre tudo, sobre si, sobre a vida e sobre a morte, a coisa mais certa dessa louca e desvairada vida.

Pra que palavras não é mesmo? Lembrando que a experiência deve ser concluída antes que o café esfrie. E se você é como eu, que detesta café morno ou frio, trate de trabalhar rapidamente sua experiência, afinal, para o bom apreciador da bebida escura, a temperatura é de suma importância. Esse desde já é um livro que manterá sua temperatura aquecida e que terá destaque em minha estante.

Este texto faz parte da blogagem coletiva BEDA (Blog Every Day August). Estão comigo nessa deliciosa brincadeira séria:

Bob F. – Claudia Leonardi – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins

Imagem gratuita: Pexels

4 comentários sobre “Beda – Não espere esfriar

  1. Fiquei curiosa para ler. Mais um livro para a lista que me assombra com a única certeza: Curta é a vida para se ler tudo o que se deseja.

    Abraços!

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