Amanheceu nebuloso, um gostinho de quero mais debaixo dos lençóis no entanto, a vida me puxa para a realidade: dar conta de tudo em pouco tempo e sair correndo disputando lugar nos vagões do metrô.
Sinto como se sofresse da síndrome do “Feitiço do tempo”. É um tal de acordar, abrir os olhos, levantar…Fazer todas as tarefas cotidianas…Lembrei da canção do Chico Buarque “Todo dia ela faz tudo sempre igual”…
Havia até pensado em escrever um outro texto mas a dura realidade que nos apunhala pelas costas diariamente, me fez mudar de ideia.
Tenho observado o comportamento de seres que se dizem “humanos” e confesso que tenho me decepcionado. Hoje, fiz parte de um acontecimento que me deixou não de queixo caído como se costumam expressar. Fiquei de expressão cerrada. Tranquei meus lábios, mordi minha língua, torci os músculos da garganta para não perder a compostura e vociferar impropérios a um grupo numeroso de trogloditas que invadiram o restaurante que costumo almoçar. Chegaram ferozes, velozes, arrastando mesas, tomando espaço e, grudados à minha mesa, meio que forçaram minha saída dali afinal, mais trogloditas estavam chegando e eu claro, estava atrapalhando. A dona do restaurante, obedeceu a um comando do líder da matilha e pegou outra mesa para colocar grudada à mesa em que me encontrava. Resumo da ópera: irritada, sem mal ter tocado na comida, levantei e saí.
No caixa, a dona veio sem graça pedir desculpas pelo ocorrido. Disse que eu poderia ter mudado para outra mesa, no que respondi: eu cheguei primeiro. Isso não se faz com ninguém. Tremenda falta de educação deles e falta de tato da senhora em me sugerir isso. Mas tudo bem afinal, um grupo maior que come muito, pagará bem mais que eu, uma mulher madura que come feito passarinho e paga pouco. Sem dúvidas EU sou o prejuízo. A partir de quinta-feira, volto a levar minha saudosa marmita. Ganho duplo por cuidar da saúde do corpo e do bolso.
Após respirar e inspirar diversas vezes para acalmar a alma e dispersar toda e qualquer energia negativa de mim, retorno abrindo os braços para o mês onze que chega chegando, nos arrastando para o término de mais um ano, fechando ciclos, se abrindo para novas possibilidades, nos impulsionando para reflexões, mudanças de atitudes e quem sabe até o dia trinta e um de dezembro, eu perdoe essa cambada de ignorantes que hoje me tiraram do sério.
Inspira… Expira, Imagino uma paisagem bonita, calma, o sol a aquecer o corpo, a alma, extirpando toda essa neblina que me embaça os olhos…
Ahputakiparil, tá froids, dificil de perdoar. Pai, eu ainda não sou evoluída!
Esse texto faz parte da blogagem coletiva Blogvember. Participam comigo:
Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Ortega Nuñes – Suzana Martins
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