Navegar é preciso
viver não é preciso, dizia Pessoa
O que ele não soube, é o quanto amei navegar em seu mar
Corpo rígido a me levar em ondas intensas
A derramar em meu porto, seu prazer
Levando-me a esquecer a náusea de viver
em terra firme
Navegar é preciso
viver não é preciso, dizia Pessoa
O que ele não soube, é o quanto amei navegar em seu mar
Corpo rígido a me levar em ondas intensas
A derramar em meu porto, seu prazer
Levando-me a esquecer a náusea de viver
em terra firme
Passar a vida ao lado dos mesmos
sentir-se estrangeira
Não reconhecer a língua falada
não conseguir fazer-se entender
Gritar tentando ser notada
Forçar sua presença
inútil – não notam sua carência
Que sociedade vivemos onde
todos sofrem solidão sem fim
e buscam aplicativos,
redes sociais,
desenvolvem até robôs,
sósias perfeitas de quem se foi
Cada ser em seu quadradinho
Lado a lado – um só mutismo
Cegueira de Saramago
Que enxergou o que ninguém deseja ver
O ser humano perdeu referencial
de sua humanidade
Tornou-se apenas um animal
tecnológico, pobre na alma
e infeliz.
E eu aqui, sussurrando para você
Que senta-se bem a minha frente
E não sente que estou aqui
forasteira renegada
Carta descartada de um baralho francês
Que insensatez!
Mulher, velha, sem família
Que domina as letras – que heresia!
É muita ousadia!
Imagem: Freeimages
Espera, não vá
O dia não clareou e o galo da vizinha ainda nem cantou
Mantenha-me aquecida
Volte a encostar seu hálito quente em meu pescoço,
relaxe
Sussurre que sou cheirosa e macia
Confesse ao pé do ouvido que valho a pena
Sabes o quanto sou insegura-
Fique!
Ature-me um pouco mais
Sei que exijo sua atenção
Contudo, desdobro-me em muitas para teu prazer
O que fazer?
Anseio por seus toques. Para mim são vitais
Amo os momentos em que nos tornamos
animais
Coreografamos as preliminares
Insanos, nos devotamos, nos doamos,
não importa que para os vizinhos o que falamos
não tenha nexo
Entre galopadas, freios, gemidos e grunhidos
Nosso entendimento se faz
Nossos olhares – dois asteroides que se cruzam
e se reconhecem brilham
intensamente
como recompensa, ganhamos o ápice do prazer-
à dois, apagamos juntos
exaustos, suados, permanecemos colados –
derme contra derme
tal qual estrelas que morrem e continuam
a brilhar no universo sem fim
Assim somos, assim nos amamos, assim
nos encaixamos
Por isso, espera, não vá!
Fique um pouco mais.
Imagem: Pixabay
Acordo primavera,
Alma florida, terra remexida
cheiro de novidade
Passo o dia exalando verão
Mãos quentes, sorriso luminoso,
olhos de tentação
A tarde baixa trazendo aroma de
café;
aspiro seu perfume que me leva à você
Forma-se tempestade
Fenômeno El Niño, viro geleira
enrigece meu coração;
Noite baixa com temperatura fria
encolhida na cama, aos poucos,
passa a tormenta; madrugada chega,
uma voz interna sopra na alma:
Alice, enfrenta!
Adormeço. Mais uma vez, despeço-me
da tua ausente presença. Amanhece.
Volto a ser jardim;
Floresço!
Imagem: Pexels
Detenho poderes que nenhum ser humano imagina existir
Manipulo energias que nenhum físico descobriu
Traço caminhos que nenhum engenheiro ousou construir
Crio mundos, gero vidas,
Determino seu fim.
Posso estar em muitos locais ao mesmo tempo
Sem jamais me perder de mim mesma
Sou essência
Matéria bruta da natureza
Em meu mundo, sou conhecida como
A rainha do castelo de livros
Criei mais uma história que,
com certeza te prenderá
Te farei meu escravo, de mim não se apartará
Até saber o significado dos segredos que detenho
Deseja arriscar? A caminhada é longa mas,
o aprendizado, é para sempre.
Adentre os aposentos de meu castelo e…
Aventure-se!
Imagem: Pexels
Pousa na sacada da janela, uma folha
amarelecida
caída da árvore que luta contra poluição do ar e fios
– que a sufocam.
Esquecida, é prenúncio do outono que
atrasado, reclama sua presença entre nós
O silêncio, cá dentro, dá o tom musical perfeito
para o encerramento do dia
Anoitece em Sampa.
Imagem: Google
O carnaval passou e o ano de fato iniciou. E o agora vem repleto de dúvidas, temor, raiva e desconforto afinal, não sabemos o que nos aguarda. Ou, talvez saibamos mas preferimos fingir que nada sabemos.
O brasileiro, em sua já conhecida apatia (e eu, me enquadro nesse grupo), continua a olhar pela janela vendo o tempo passar. Exatamente como Chico Buarque tão bem exemplificou em sua canção Carolina. Passaram os blocos carnavalescos, os blocos da corrupção. Está passando a passos miúdos, o bloco da dengue, com destaques para o zika e chikungunya.
E nós brasileiros, tomados pela apatia patológica, seguimos feito zumbis. Metendo a mão no bolso para pagar impostos que já se encontram embutidos em todas as mercadorias. Reclamamos porque fomos educados (ou devo dizer, adestrados?) para reclamar de tudo. No entanto, sentamos toda noite em frente a telinha, assimilando todo tipo de informação (verdadeira ou não). Não adquirimos o hábito de refletir sobre as mesmas e, tomamos como verdades absolutas, tudo o que vemos na tela do Plin-Plin.
Dessa forma, nossa circunferência se amplia dia a dia de tanto engolir sapos. Passamos mal, procurando a saúde pública que agoniza em estágio terminal. Compramos remédios nas farmácias sem nem saber se são bons para nossa saúde. Transformamos nosso organismo num mix farmacológico e ainda temos a cara de pau de falar em outras drogas e seus viciados. Não percebemos a quantia absurda que temos em nossos armários. Remédios de tudo e para tudo. Se automedicar, transformou-se na pós graduação que todos têm acesso na universidade da vida.Temos moral para criticar algo ou alguém?
Óbvio que não, contudo, mesmo assim seguimos nossa caminhada – ou devo dizer derrocada?, achando que sempre os outros é que são os errados na história da humanidade.
Só sei, que nada sei, diante de tantos acontecimentos, no mínimo, estranhos que tem surgido apenas nesse primeiro semestre do ano de 2016. Temo não ter raciocínio e fundamentos suficientes para poder analisar e criticar de forma consciente e correta. Só sei que sinto. E muito. Só sei que desejo. E muito.
Ver um dia nossa nação feliz, elevada e acima de tudo, consciente de seu papel.
Será sonhar demais? E sonhar demais, será errado?
Imagem: Google
Palavra
Parole
Word
Palabra
lavra
ideias
Para
pensar
Pensei
…
Achei,
Gostei!
Sorvi seu gosto
Absorvi os sentidos,
lidos…
Lapidei
Poli
Cortei
Transformei-as
num poema
Mas…
não sei
qual tema
colocar…
Volto a lavrar
Qual
palavra
usar?
Penso
…
Escrevo,
faço arte
com elas,
as palavras
sãs,
sã?
sou?
sou arte(sã)
Artesã
Os sons que mastigo de seu silêncio
Despertam a bile que se move inquieta
em minhas entranhas
Trazendo à boca, o fel do abandono.
Te vomito!
Espaço de aprendizagem, leituras e vivências
Devaneios, poesias, literatura e cultura geral
Livros e boas histórias
Quando a mente não permite que você permaneça no mesmo lugar.
o que é a vida senão um conjunto de pequenas histórias?
livros artesanais
Blog de divulgação do trabalho da poeta e escritora Anna Clara de Vitto│photography by Ornella Rodrigues
Espaço de aprendizagem, leitura e vivências
Experimentações Literárias de Bia Bernardi
Por Carla Sousa
O cinema, a vida e tudo o mais
Minicontos, aforismos e patacoadas. Crônicas de Botequim.
Verba volant, scripta manent.
Um blog que pretende motivar, inspirar, informar e dar a conhecer sítios e lugares surpreendentes
¡Com licença, poética!