BEDA – Resiliência

Bocas invisíveis

reverberam

pernas que não se movem

rodas que traçam destinos

pinos esperança

fisioterapia da alma!

Esse texto faz parte da blogagem coletiva BEDA (Blog Everyday April).

Participam comigo:

Alê Helga – Claudia Leonardi– Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins

Imagem gratuita: Pexels

BEDA – Gula

Abocanho carnudo caqui

recordo-te

Deixo escorrer o líquido

por entre os dedos

Sinto o doce que desprega dos gomos

Desejo… mais

Não importa a hora avançada

Vou passar mal?

Ossos do ofício..

Um só não basta…

Não me basta

Escolho atenta, qual pegar?

Quero outro igual

repetir o prazer

quase sensual

abrir com as mãos

observar seu interior

levar à boca, revirar

em meu interior

Manter suas fibras presas

entre o céu da boca

e a língua faminta

ansiosa por mais

Quero-me fartar dessa

doce acidez

tal qual me fartei de você

com você

por você…

engulo

mais

um

gomo

rubro caqui

te queria

novamente

aqui.

Esse texto faz parte da blogagem coletiva BEDA (Blog Everyday April).

Participam comigo:

Alê Helga – Claudia Leonardi– Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins

BEDA – Dedicatória

É só teu o meu livro; guarda-o bem;

Nele floresce o nosso casto amor

Nascido nesse dia em que o destino

Uniu o teu olhar à minha dor!

Florbela Espanca

Esse poema inicia o conjunto de poemas e contos que fazem parte da coleção Mulheres de todos os tempos, com quarenta e dois poemas e sete contos da escritora portuguesa. Publicado pela Oficina Raquel, comprado na livraria Gato sem Rabo. Só mulheres incríveis mostrando seus talentos e potenciais.

E eu, leitora voraz, ganho em poder viver entre livros e conhecer cada um que se apresenta numa vitrine física ou online.

Esse texto faz parte da blogagem coletiva BEDA (Blog Everyday April).

Participam comigo:

Alê Helga – Claudia Leonardi– Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins

BEDA -Braçadas firmes na alma feminina

As mulheres estão cada vez mais demarcando território na literatura. Sinal que nós sempre tivemos muito a dizer. Só éramos amordaçadas. Tenho lido textos incríveis e hoje, foco especialmente numa poeta: Suzana Martins.

Dona de obra extensa e rica, seus poemas são repletos de delicadezas, verdades, alma feminina que não se intimida e se despe em cada verso.

Através da Scenarium Livros Artesanais, Suzana lançou seu belo livro (In)versos.

Repleto de sentimentos, os poemas num perfeito casamento com as ilustrações, faz da leitura, um prazer sem fim. Ao término de cada poema, sai fortalecida com a certeza de que todas nós mulheres somos feitas de matéria especial. Ah, como faz bem ler, sentir, entender a alma de outra mulher!

Apesar de conhecê-la de longa data, do princípio dos blogs, não a conheço pessoalmente. Suzana, precisamos mudar isso!

Se você ainda não conhece a escrita de Suzana Martins, apareça em seu blog Minhas marés e solicite seu exemplar.

Esse texto faz parte da blogagem coletiva BEDA Blog Every Day August

Participam comigo:

Claudia Leonardi – Darlene Regina – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Ortega Nuñes – Suzana Martins

Beda 19 – Salv(oa)dor

Salvoador

de um povo oprimido

não reconhecido,

retumba o tambor

De um espírito forte

lutador, que rangeu de dor

nas senzalas de seu senhor

Quebrou grilhões, partiu

ainda não encontrou

nem provou seu valor

— Num lamento grave

foliões, sua o peito latejante

Seguem adiante, inovando

— passos

Nem Gabriela, nem Jorge

muito menos, Brown

O povo na rua

— clama

reconhecimento, respeito

Marias, Josés, Janainas,

tantos anônimos que

cedo, estômago vazio

— quando muito,

tapioca ou acarajé

Os estimulam a seguir

sobrevivendo, numa Salvador

árida, blue, suja, degradante,

No centro velho, ninguém se salva,

impera somente

ador.

Esse texto faz parte do b.e.d.a — blog every day august.

Participam Adriana Aneli — Claudia Leonardi — Darlene Regina – Lunna Guedes – Mariana Gouveia — Obdulio Nuñes Ortega

Imagem: acervo pessoal

B.E.D.A. – Arrebatamentos e outros inventos

Sem ideias para escrever, busquei inspiração na poesia. Estamos precisando! Entre tantos poetas, veio-me a lembrança de um poeta que admiro muito. Talentoso, sarcástico, brincalhão e amigo. Velho amigo.

Andamos nesses últimos cinco anos distantes. Cada qual em seu Estado, levando a vida. É engraçado como mesmo as amizades tão fortes, se distanciam. Não por descuido mas, a vida é que nos direciona para outros caminhos.

Olhando minhas estantes de livros, deparei com seu único livro publicado em 2015.

Muito pouco do muito que tem escrito, guardado só para sí. Uma pena. Sua obra deveria ser toda publicada e conhecida por todos. Na mesma época em que criei meu blog, incentivei-o a criar um para registrar seus poemas. Assim como os meus antigos blogs, o dele também ficou largado, por aí nessa cidade digital chamada internet. Ah… Bateu saudades de nossos papos. Vou logo ali fazer uma ligação interurbana. Pronto, entreguei a idade!

Para quem se interessar, Blablablog

Participam dessa blogagem coletiva:

Adriana Aneli – Alê Helga – Claudia Leonardi – Darlene Regina – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Ortega

Imagens: Graciosamente emprestadas do blog do autor

B.E.D.A. – Clausura

grilhões

impedem meu caminhar

rotina

me sufoca

mesmice laboral

ruína dos sonhos

planos esfacelados

de uma vida leve,

colorida

obrigações,

responsabilidades,

dívidas

transformam

ganhos em perdas

permaneço

nessa prisão

anseio sair

não sei

para onde ir

grito

por mudanças

não saio

do lugar

ralho

contra o sistema

contribuo

com passividade

falsa

sou

como todos

bulímica

mastigo

o dia a dia

não sinto

sabor

vomito

nada supre

a fome da alma

sigo

feito zumbi

nessa trilha

chamada vida

trago

dúvidas

vale a pena

prosseguir?

almejo

liberdade

só não sei

como ela é.

Participam dessa blogagem coletiva:

Adriana Aneli – Alê Helga – Claudia Leonardi – Darlene Regina – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Ortega

Peça quebrada

Abraço-me

tentativa de sentir a própria

solidão

Grito em meu mutismo

busca vã por

alguém

Me cerco por móveis

desmontados,

simbolizam meu interior

procuro solução para nova

montagem

Sou relógio faltando peças

Algo quebrado necessitando troca

Ouço um tic-tac confirmando:

existo!

Participam dessa blogagem coletiva:

Adriana Aneli – Alê Helga – Claudia Leonardi – Darlene Regina – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Ortega

Imagem licenciada: Shutterstock