Desafio 4 – Escrita, leitura e sensações

Olhando para os livros artesanais, dispostos em minha prateleira, difícil foi escolher um entre tantos, sem cometer uma injustiça com os demais. Após muito analisar, optei por um dos mais recentes lançamentos. Sua capa me transmite paz. Sua cor lilás, me transmite essa sensação. Seu título também me conquistou. Poético!

Mas não se engane! Não se trata de literatura açucarada, muito menos poemas “batatinha quando nasce, esparrama pelo chão”. Não mesmo. Sua autora, dona de uma escrita por vezes lírica, noutras ácida, nos convida para uma conversa mansa em sua varanda.

Inicia nos convidando para adentrar e conhecer sua loucura. Loucura essa, que você de imediato se reconhece nela, daí a identificação total com sua proposta e assim, você mergulha sem calcular os estragos que possam advir dessa leitura. Você simplesmente lê, vivencia, ri em alguns momentos e se comove em muitos outros. No final, despede-se na mesma varanda, lembrando que o tempo passou e você nem percebeu. Sente os gatos roçando suas canelas num carinho peludo que somente eles sabem fazer. Ronronam comunicando que sempre que quiser, pode bater palmas que sua dona atenderá com prazer e te levará novamente a uma experiência única através de sua linha de pensamentos e sentimentos tão humanos e verdadeiros.

Antes de virar a esquina para seu mundo, volta-se para um último aceno e registra nas retinas da alma, a varanda que te abrigou do tempo.

Aden Leonardo escreve lindamente seu diário das 4 Estações iniciado em abril e terminando em agosto. Varanda para abrigar o tempo é – sem dúvida -, um livro para ler, reler, abrir aleatoriamente e mergulhar novamente num texto rápido, profundo, atemporal. Sua autora é detentora de uma delicadeza e ao mesmo tempo, uma mestre em cortar “záz”, linhas de pensamentos que vibram no espaço remetendo o leitor a profundas reflexões sobre o que é viver. Recomendo sua leitura!

"Virei uma coleção muito antiga de
carrinho Matchbox. Se organizar bem,
pareço ferro velho de adulto. Daqueles
autorizados pela polícia e com alvará de
funcionamento...Guardando resto de
acidentes e infrações. Dos meninos."

Passei os olhos em meu livro lançado em novembro e folheei. Gosto muito de passear os olhos por suas páginas. Sentimento de mãe apreciando a cria. Mesmo que esse não seja perfeito, bonito como das outras mães. É nosso. Fruto de dedicação e criação. Amo imensamente. As personagens, cada uma com sua personalidade, suas histórias de vida. Imprimi e fixei-as para todo o sempre.

Quando decidi publicar por um selo de livros artesanais, o que me conquistou foi justamente a beleza estética, a costura japonesa. Cada ponto dado e o arremate feito, vem carregado de amor por quem o produz. A escolha do papel, todos de ótima qualidade, a diagramação, escolha da fonte. Cada passo de sua confecção nos remete a sensações que um livro comercial nem sempre alcança. Nada contra eles – os comerciais – mas publicar um livro nesse formato artesanal, torna nosso trabalho com a escrita uma obra de arte para ser lida e apreciada.

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Muito prazê, Carminha!

Elas ainda permanecem comigo. Foram meses de convivência diária. Hoje, ganharam vida própria e pouco a pouco, entrando em outros lares e convivendo com outras pessoas. Sinto-me orgulhosa em tê-las gerado.

Apresento Carminha: filha de imigrantes italianos, viveu no bairro da Mooca em São Paulo, até conhecer e se casar com Gustavo. A convivência com seus pais e vizinhos de origem italiana, gerou uma forma peculiar de se expressar que muitas vezes parece errado aos nossos ouvidos contudo, foi comum entre a mistura da população italiana e brasileira. O que conhecemos hoje como um dialeto Mooquês.

09 de agosto de 1932


CASEI!

Tudo aconteceu tão rápido que mesmo deitada ao lado de Gustavo, que dorme profundamente e até ronca de forma suave, ainda parece um sonho.

Papà exigiu tomada de atitude para que sua figlia não ficasse mal falada.

Estava num misto de ansiedade, felicidade e medo.

Medo do que seria essa tal “Lua de Mel” que as mulher casada falavam e davam risadas entre si.

A cerimônia e festa foi bem bonita ma noi due nem aproveitamo como os convidado. São tantas as etiqueta e convenção que devemo segui que fomo os que meno se divertiram.

Ao chegá ao hotel, Gustavo estava sério e calado. Pensei: Coitado, deve está cansado que nem eu.

Não via a hora de entra, tira a roupa, chutá longe os salto alto que estavam mutilano meus pobre pé, tomar um banho quentinho e desabá na cama para dormir.

Gustavo quis tomar banho primeiro porque disse que mulher demora demais no banho.

Concordei afinal, ia aproveitá para abri as mala e já organizá as roupa no armário.

De banho tomado e de camisola, baixo em mim uma vergonha absurda. Nunca havia dormido ao lado de um homem!

Gustavo estava elegante em seu pijama e roupão. Estava próximo a janela fumano e com um copo de whisky na mão.

Observano minha timidez , aproximo de mim e disse para eu tomá um gole do destilado. Relaxaria um pouco.

Falei que não bebia mas ele repetiu a frase, agora com um tom autoritário. Não tive como negá.

Minha única condição foi que tudo fosse feito na escuridão do quarto. Uma intimidade nesse nível para mim era muito esquisito. Talvez com o tempo eu acostume mas, como primeira experiência, foi muito traumático. Ele precisa sê mais paciente e delicado comigo.

Enquanto ele fazia tudo aquilo, de olhos fechado, lembrava o passo a passo do guia para mulher casada que mamma me deu. Temo de satisfazê o marido, sê delicada, prestativa e acima de tudo, calada.

Vida de casada para mulher não é nada fácil. Bem diferente dos conto de fada.

Esse texto faz parte do livro Equação infinda que faz parte do Projeto 4 Estações, lançado pela Scenarium Livros artesanais

Imagem: Lunna Guedes (Pelo menos enquanto eu não tenho meu livros em mãos. Ah, essa pandemia!)

Nunca fui exata

Sempre fui péssima aluna nas matérias exatas. Nunca foram meu forte. Então porque fui me envolver com uma equação, pior: Equação infinda?

Quais motivos me levaram a isso? Se quiser saber a resposta, compareça ao lançamento do meu livro. Não estarei sozinha. Estarei ao lado de Aden Leonardo, Lunna Guedes e Mariana Gouveia

Lançamento: 28/11/2020,

Local: Facebook pela página da Scenarium (ao vivo)

Horário:  17h (horário de Brasília).

Sou eu ali naquelas linhas

Sempre ouvi dizer que todo escritor, ao criar uma história, coloca muito dele. Achava graça nisso. Hoje no entanto, vejo o quanto de minha personalidade sai impresso nas histórias que escrevo.

No diário, permiti que muito de mim se manifestasse na história das três mulheres. Não tem como escapar afinal, independente de cada uma, todas nós do gênero feminino, sofremos as mesmas pri(pro)vações.

O mais comum, infelizmente, ainda é a atitude machista de desrespeito as nossas aspirações e desejos. Sempre cerceando nossos caminhos, nossas decisões inclusive com relação ao nosso corpo.

Desde pequena sentia sem compreender, um olhar de reprovação, uma palavra de julgamento, muitos nãos.

Inúmeras vezes fui repreendida com frases que marcam: “Isso não é brincadeira de menina”, “Comporte-se como uma menina”, Sente-se direito. Menina não senta assim”, “Menina não se veste assim” e por aí vai as inúmeras formas de engessar o comportamento feminino.

Longe de ser mensagem panfletária de cunho feminino, a história das mulheres de Equação infinda, expõe o que cada uma sofreu em sua época, independente da formação e experiências que vivenciaram.

Acompanhe essas mulheres e veja o quanto somos únicas e ao mesmo tempo iguais. O convite está feito e aguardo sua presença no lançamento do projeto 4 Estações. Não estarei sozinha. Os diários de Aden Leonardo, Lunna Guedes e Mariana Gouveia abrilhantarão o evento. Quando?

Lançamento: 28/11/2020,

Local: Facebook pela página da Scenarium (ao vivo)

Horário:  17h (horário de Brasília).

A cidade da minha escrita

Percorri mais de uma cidade durante a escrita do diário. Não posso dizer que é meu.

Percorri ao lado de Carminha, ainda mocinha, as ruas da Mooca e depois, acompanhei seu deslumbramento com a Cidade Maravilhosa, durante o Reveillon. Confesso que também me encantei com a cidade e suas paisagens.

Tanto que finquei raízes e, agora acompanhada de Lígia, percorri a orla carioca, com seus calçadões icônicos. Sentei ao lado de uma galera talentosa. Até um certo moço bonito, com topete, sorriso de lado e sempre acompanhado de um cigarro aceso no canto da boca a cantar as belezas das praias e sua musa de Ipanema.

Levantei voo ao partir para uma aventura de uma vida inteira ao lado de Verônica. Pousamos na Califórnia e lá, fizemos a festa em plena década de 80 e 90. Revivi ao lado dela, o que nunca vivi. A escrita tem isso de bom.

Contudo, como a imaginação nos leva para onde desejamos, retornei a São Paulo. Minha cidade do coração. Sempre. Metrópole que pulsa ininterruptamente. Vidas que seguem, que chegam e partem a todo momento.

Você também pode fazer esse itinerário. Basta participar do lançamento de meu livro que faz parte do projeto 4 Estações, cujo título é Equação infinda. Quando?

Lançamento: 28/11/2020,

Local: Facebook pela página da Scenarium (ao vivo)

Horário:  17h (horário de Brasília).

Imagem licenciada: Shutterstock

O que escrevi em meu diário

Fui permissiva. Achei por bem deixar que a voz de outras mulheres assumissem meu diário.

Sim. Sei que diário é algo íntimo contudo, sozinha que me encontrava nos meses iniciais da quarentena, achei benéfico receber essas mulheres para me fazer companhia.

Foi uma convivência pacífica. Tivemos alguns momentos de tensão. No entanto, a força que uniu nós quatro, foi o suficiente para mandar para longe, o medo, a insegurança, a solidão.

Ao longo dos dias, semanas, meses, cada uma desfilou através de suas confissões, o rumo que suas vidas tiveram.

Já sinto saudades de Carminha, Lígia e Verônica. A propósito, elas também querem conhecer você, por isso, deixam o convite para o lançamento de Equação infinda. Quando?

Lançamento: 28/11/2020,

Local: Facebook pela página da Scenarium (ao vivo)

Horário:  17h (horário de Brasília).

Imagem licenciada: Shutterstock

As quatro estações da minha escrita

Minha escrita aconteceu seguindo o tempo das estações. Nada foi provocado. Apenas foi surgindo mansamente como o sol se levantando a cada manhã. Suave, sutil, lentamente.

Quando dei por mim, percebi que ansiava por cada manhã para sentir novamente o calor a me envolver e me fazer sentir viva.

Os personagens foram se apresentando. A princípio, timidamente como todo início de relação. Depois, no contato diário, ganhamos confiança: eu como escritora e detentora da palavra. As personagens, feito massa modelar, se permitindo adequar-se à minha mente, usina de narrativas.

Dessa forma, os dias, semanas, meses, dessa quarentena fatídica, se transformaram em tempo precioso para nosso conhecimento e amadurecimento: amálgama perfeito!

Atravessei algumas estações mergulhada na construção de seres tão humanos quanto eu e você, leitor, que por hora passeia os olhos por esse texto. Fui Deus!

Se através de minhas pistas, você por acaso ficou curiosa(o) em conhecer meu mais novo trabalho, deixo aqui meu convite. Não. Convite não. Deixo a porta semiaberta para aguçar seu desejo em espiar meu diário Equação infinda. Quando?

Lançamento: 28/11/2020,

Local: Facebook pela página da Scenarium (ao vivo)

Horário:  17h (horário de Brasília).

Imagem licenciada: Shutterstock

As quatro estações do ano

Quando jovem, nunca havia parado para refletir sobre as estações do ano e sua importância. Apenas vivenciava os dias, o arrastar das horas, minutos. Atravessava as estações ligada no piloto automático afinal, eram tantas coisas a se descobrir, experiências a acumular. Não havia espaço para filosofar.

Aos vinte, trinta anos, identifiquei-me com inverno. Foi um período de introspecção, mergulho na espiritualidade, no oculto, na frieza da não matéria.

Ao ingressar nos quarenta, passei a apreciar o outono e suas nuances amareladas e avermelhadas da paisagem. Mesmo vivendo em país tropical, é possível observar a mudança sutil na natureza e, é de uma beleza única.

Ao término do ciclo dos quarenta anos, atravessei muitas tempestades internas que me fizeram questionar o tripé das verdades em que me equilibrava. Foi necessário recorrer a ajuda de um profissional da psicanálise. No mergulho em minhas entranhas emocionais, resgatei a garotinha alegre e sorridente que fui e junto dela, a luz se fez trazendo a quentura e o abraço do sol. Fez-se verão.

Atualmente, já beirando a casa dos sessenta, encontro-me em plena primavera. Minhas emoções transformaram-se em lagoa antiga. Águas límpidas, sem muito movimento mas que tem um frescor que só se alcança através da sabedoria. E isso, somente vivenciando, experimentando, aprendendo. Trago comigo a troca de minhas folhas. Aguardando nova floração.

Toda essa simbologia das estações, se encontra presente em minhas personagens do livro Equação infinda que, em breve, será lançado.

Deixo aqui o convite para participar do lançamento. Quando?

Lançamento: 28/11/2020,

Local: Facebook pela página da Scenarium (ao vivo)

Horário:  17h (horário de Brasília).

Imagem licenciada: Shutterstock

Sim, eu escrevo diário

Comecei com essa brincadeira séria, por volta dos doze para treze anos. Virou febre entre a meninada assim como aqueles questionários que respondíamos e repassávamos.

Tomei gosto. Escrever sobre meu dia e o que acontecia, passou a ser um exercício que me acalmava, dava prazer. Contudo, sempre escrevendo sorrateiramente para que ninguém descobrisse. Nas páginas do caderno que adotei como diário, despejava minhas nuances mais íntimas que não revelava a mais ninguém.

Até que um dia, tornei-me adulta e a vida repleta de responsabilidades, tirou da minha rotina o prazer da escrita. Décadas mais tarde, retornei ao exercício de escrever. Diário nunca mais. Permaneceu no passado.

No início desse ano, recebi a proposta indecente de boa, de Lunna Guedes, para participar do projeto 4 Estações, em forma de diário.

Foi um prazer voltar a esse formato de escrita. Contudo, não escrevi minha rotina. Dei espaço para que três mulheres confiassem em mim e registrasse suas vidas, mazelas, conquistas e perdas. Fui apenas o fio condutor delas nessa história que, em breve se materializa num livro físico: Equação infinda.

Lançamento: 28/11/2020,

Local: Facebook pela página da Scenarium (ao vivo)

Horário:  17h (horário de Brasília).

Imagem licenciada: Shutterstock