Dorme meu menino, dorme
Procure serenar esse seu
coração veloz
Sorria
sua luz irradia
Amanheceu
choveu
Como você queria
Já é dia
Outro dia
Mais um dia
Sem você.
Dorme meu menino, dorme
Procure serenar esse seu
coração veloz
Sorria
sua luz irradia
Amanheceu
choveu
Como você queria
Já é dia
Outro dia
Mais um dia
Sem você.
Observar a juventude se esvaindo
Manter a mente e espírito jovem
Não infantilizada
Remoçada nas linhas de raciocínio
Ar refrescado por novos aprendizados,
experiências, vivências
Permitir-se.
Envelhecer é voltar as costas ao novo
ao não testado.
Envelhecer, é voltar-se para dentro das entranhas
e nela – deixar-se apodrecer pela inércia
Percebo meu corpo perdendo a
elasssssssticidade
A derme ganha dia a dia flacidez
Luto para manter a postura reta
envergar, somente a alma para alcançar o inalcançável
Pilates, Yoga, meditação, alimentação natural
Num mundo de industrializados, mantenho meu
foco na terra, no adubo, na criação da natureza
Essa é a verdadeira beleza!
Hidrato a pele e, em contrapartida,
ela ganha manchas senis
Teimosas, desejam demarcar território
provando que muito vivi
Olhava aquela lua azul e perdia-se em
Lembranças…
Já havia se perdido em outros azuis
Tão imensos e profundos quanto a bela lua
Tão misteriosos quanto a dona da rua
Que nua, se mostrava sem pudores
toda sua beleza, nobreza
E ela ali, tonta de emoção sentia
Que assim como essa madonna lunar,
Aqueles faróis azuis que tanto
a iluminou, hoje aquece
Engrandece outros territórios
Fenômeno, o amor mudou
Saiu sem pagar aluguel,
Deixando apenas fel
E hoje, através desse Blue,
restaram somente
Lembranças…
Foto de Graziella Cannata
O fio de seu cabelo
Prata,
Tesouro que guardo a sete chaves
Me mata
A saudade que por ti alimento
Tormento que não cessa
Brilha na palma de minha mão
trazendo à tona,
Momentos vividos na alegria,
no gozo, na tragédia do dia-a-dia
Paixão infinita que não vingou
Derrapou,
escapou por entre nossos dedos
Cansados de apontar acusatórios
Dando fim ao nosso casório
O fio de seu cabelo
Prata,
Chibata no coração cansado
de tanta dor,
Condutor.
Imagem: Hemera Technologies/AbleStock.com/Getty Images
Fome…
De comida, sempre.
De conquistas, reconhecimento, deslumbramento
Algumas vezes de esquecimento.
Sede…
De água – hoje, quase escassa.
De destilados, para brindar alegrias, abrandar porcarias,
aplacar dissabores, desamores.
Desejo…
Sempre no plural afinal, ninguém vive de um só.
Desejo carnal, visceral, anal, frontal…
O que vier que complete esse vazio
abismo cavernoso, falta de beliscos
de beijos sugadores, de sentir a pele
encrespada, viciada
Em você.
E por não ter você, sinto
Fome,
Sede,
Desejos…
Às vezes torna-se difícil,
quase impossível o outro nos enxergar!
A cegueira da alma sem dúvida é a pior.
Não há lente de grau que devolva a visão
Àqueles que nos limou de seu coração.
Imagem: Mirror de Makoto Yabuki
Num instante de desespero,
criei-te.
Imaginei-o de acordo com meu gosto
Moldei seu belo rosto
Não tão belo mas viril
Lapidei seus músculos ouvindo
aquele velho vinil
Plantei fio a fio, suas fartas madeixas
Ao término da obra, não houve queixas.
Suas mãos, imaginei-as fortes, ásperas
dotadas de uma quentura
que a cada toque se transformava em
ternura.
Seus pés, de início, levei um susto!
Grotesco, disforme
Achei que não tivera sucesso
Pouco a pouco me acostumei
com sua estranhesa.
Apaixonada, achei até uma beleza!
Sua boca…
Ah, essa caprichei! Carnuda, vermelha,
úmida.
Sempre entreaberta num constante sussurro
por beijos
Que eu incansavelmente, te dei.
Seus olhos, preferi fazê-los um pouco cegos
Temia que visse minhas imperfeições.
Não desejava arranhar meu ego.
Pra você, tornei-me musa
E adorava me ouvir dizer:
Amor, pega, apalpa e me usa!
Juntos fizemos muitas coreografias
Tiramos até mesmo algumas
fotografias
Expondo nossos corpos suados,
malhados, em brasa.
Num total estado de ardência,
onde ambos pedíamos clemência
E eu, feito sua gueixa, satisfazia
todas as suas fantasias
Nosso caso foi tão completo e perfeito,
que hoje, na vida real, não encontro
amante feito você.
O homem comum, cheio de falhas
Em minutos me cansa, entedia
Não me faz sentir aquela doce vadia
que galopava animada em seu dorso
Hoje, sozinha, me torço num esforço
sobrehumano para alçar aquele gozo
que a seu lado atingi.
Imagem: O rapto de Proserpina/Gian Lorenzo Bernini (detalhe)
Ainda que busque em outras bocas
seu gosto
Lembre-se: ainda te quero.
Mesmo que te esqueça em outros corpos
Lembre-se: ainda te pertenço.
Que passeie por outras paisagens
Adquira outros hábitos
Faça novas amizades
Viaje pelo mundo
Conheça outras culturas
Aprenda outras línguas
Tenha certeza: é em você que habito.
Quero expressar mas…
faltam-me palavras,
foge-me a voz,
seca a garganta,
tremem as mãos.
Formiga os pés,
falta-me o ar,
olhos a marejar,
peito a palpitar,
estômago a embrulhar,
cérebro a embaralhar,
as idéias que tenho a te falar,
Espírito sente,
consente mas mente
Diz que te quer ver,
mas que não te quer
Derme desmente,
expõe tudo o que sente
Arrepia, te ansia
Beicinho se forma,
expressão se deforma,
lágrima rola
formando a palavra
Saudade!
Imagem licenciada: Shutterstock
Sentada na encosta observo o mar
batendo incessantemente nas pedras.
Percebo que sou como elas, as águas.
Sua indiferença é como esse paredão
Inabalável. Imóvel. Muda.
Eu, enquanto água, me jogo, te ataco, estapeio,
espirro de tanto amoródio por ti.
Arrebento-me toda e,
em moléculas quebradas, volto ao ponto inicial.
Você segue sua vida intacto.
Eu, sigo remendando os cacos das quedas.
E permanecemos assim, anos a fio
Você irredutível
Eu, mar bravio
Você intocável
Eu, implacável
Você glacial
Eu, vulcânica
Inseparável simbiose
Imagem: Mar bravo, Pedro Mendes
Devaneios, poesias, literatura e cultura geral
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Quando a mente não permite que você permaneça no mesmo lugar.
o que é a vida senão um conjunto de pequenas histórias?
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Blog de divulgação do trabalho da poeta e escritora Anna Clara de Vitto│photography by Ornella Rodrigues
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