É um luxo, morando num país assolado pela miséria. Sou grata demais por ter sido apresentada a esse universo da escrita que me transformou por completo. Fui julgada por ler demais, estudar demais. E olha que nem era assim uma estudante devotada. Posso até afirmar que fui leviana em minha adolescência. Poderia ter saído do antigo ginásio e depois do segundo grau com notas melhores. Bastava ter me dedicado um pouco mais.
Contudo, a ânsia em descobrir o mundo real e não o imaginário tomava conta de meu ser . Por isso me jogava na vida querendo tomar goles enormes dela. Engasguei muito, solucei igualmente mas saí com uma sensação de viver imensa.
Somente após os trinta anos esse comichão adolescente se assentou e descobri o prazer da leitura e o gosto em trabalhar com livros.
Nunca mais parei. Ou melhor, até saí mas não consegui ficar longe por muito tempo. Retornando a boa filha à casa, reencontrei e reconectei minhas antenas com tudo de bom que eles proporcionam. Uma dos pontos positivos, foi voltar ao prazer de conhecer pessoas e transmitir conhecimento além de receber também muito aprendizado. Afinal, somos mestres e alunos ao mesmo tempo e para aprender, basta manter olhos, ouvidos e a alma escancarada para beber da fonte do saber.
Na realidade, nem sei ao certo porque esse tema e texto surgiu. Talvez, seja por ter passado um dia tão alegre e presenciado os olhos de uma criança brilhar ao receber além de minha atenção, o carinho e a disposição para transmitir lições de vida que vão muito além do simples “sugerir uma leitura” dentro de uma biblioteca escolar.
Sou toda gratidão por conviver num ambiente sagrado entre os milhares de mestres universais que temporariamente se escondem nas páginas de um livro cerrado em estantes. A frieza está somente no aço de que são feitas porque os corações que por aqui passam, ah… esses, fervem de sentimentos e emoções.
Esse texto faz parte da blogagem coletiva BEDA Blog Every Day August
Participam comigo:
Claudia Leonardi – Darlene Regina – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Ortega Nuñes – Suzana Martins
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