Caio em mim

O ano de 2018 foi corrido em vários sentidos (profissional, pessoal) e muito profícuo na leitura. Quem me conhece sabe que vivo cercada por livros. Além de bibliotecária, sou amante do objeto livro e sempre leio mais de um por vez. Contudo, ando em falta em comentar sobre tais leituras. Uma decisão tomada nesse início de 2019 é justamente expor minhas impressões sobre as leituras feitas.

Para iniciar, vou falar sobre um livro que chegou a mim através de um dos blogs que sigo por aqui: RUBEM – revista da Crônica

Organizado por Rubem Penz, Caio em mim, é uma homenagem do grupo de escritores do projeto Santa Sede, coordenado pelo próprio Rubem. Quando li a postagem sobre o lançamento desse livro, fiquei bem curiosa, uma vez que sou apaixonada por Caio F. Encomendei o livro e fiquei na espera de sua chegada. Encantada com a beleza gráfica do livro.

Bela capa
Convite à leitura não?
Não é lindo? Olha ele te chamando à leitura

Após apreciar todo o trabalho gráfico, iniciei a leitura da coletânea e confesso, mergulhei toda noite antes de dormir e me emocionei muito a cada crônica terminada. Conhecer a escrita de escritores que não conhecia foi bom demais! Alguns já tinha lido algumas crônicas na página da Rubem porém, conhecer o lado Caio F. de cada um foi uma experiência única. Tenho certeza que todos que participaram desse projeto saiu mais experiente na arte de tecer histórias e criar personagens. Eu, enquanto leitora, saí mexida no bom sentido e com o espírito balançado diante da delicadeza e talento de cada um do grupo Santa Sede. Se você, assim como eu, é amante da escrita de Caio, deve conhecer esse trabalho. Se ainda não conhece, vale do mesmo jeito. Leia! Abaixo, tomei a liberdade de reproduzir um trecho do texto de Rubem Penz que praticamente abre a coletânea:

Se um cronista numa noite de terça-feira…

Suponha que Caio F. chegue à mesa numa terça-feira de 2018. Não se espante: suponha, apenas, que você não esteja só – ao contrário, tenha muita gente em sua companhia. Por fim, suponha que ninguém,você primeiro, estranhe essa chegada aparentemente tão pouco possível para uma noite de terça-feira num bar da Cidade Baixa em Porto Alegre, em que chove uma chuva fina ali na rua, na qual um mendigo sagitariano se esqueça de si e nem cogite lembrar-se de nós.

Dessa forma, assim como se fosse a coisa mais natural do mundo, chame o garçom e faça uma enquete sobre o que oferecer ao recém-chegado. O Felipe, creio, indicará um uísque. Ronaldo, um chope artesanal. Eu, o André e o Gian convidaremos a nos acompanhar na cerveja, ao que o Edgar pulará na frente: pago uma Coruja! Bebendo pelas beiradas, a Ana Luiza e a Patrícia sussurrarão um vinho ao seu ouvido, enquanto Camila dirá ser água a melhor pedida. Gabriel, que tem nome de anjo, um café, quem sabe um chá… Refrigerante parecerá a todos fora de questão – Caio F. não teria vindo de tão distante no tempo para beber água doce.

Não pergunte nada. Deixe as três marias – Isabel, Mercedes e Amélia – suponham que Caio F. trouxe um conto inédito para ler só para elas;…

Gostou do que leu até aqui? Ficou curioso(a)? Então vá atrás, compre o livro assim como eu e se delicie nas crônicas contidas nesse belo livro. Será uma experiência inesquecível! Eu garanto! Quer conhecer mais textos deles? Vá a página da revista.

Em tempo, os autores que participam dessa coletânea: Felipe Basso, Giancarlo Carvalho, Maria Isabel Arbo, Patrícia Franz, André Hofmeister, Maria Amélia Mano, Michele Justo Iost, Gabriel Lesz, Edgar Aristimunho, Maria Mercedes Bendati, Camila Z., Ana Luiza Rizzo, Rubem Penz, Clarice Jahn Ribeiro e Ronaldo Lucena. Com participação de Vitor Melo Ferreira Filho, como Caio F.

Título: Caio em mim

Autor: Vários

Editora: Buqui

Ano: 2018

ISBN: 978-85-8338-434-2

Páginas: 176

Contato com um dragão no paraíso: missiva

cartas caio

Caríssimo C.F.A.,

São Paulo acordou envolta numa neblina que me fez lembrar sua região. Quando mais jovem, adorava esse clima frio afinal, nasci nesse período. Junho, mês de festividades, procissão, fogueira de São João. O Santo do meu dia de nascimento. Sabia que meu nome era pra ser Joanina, como reza a tradição de quem nasce nessa data? Ainda bem que meus pais tiveram outra ideia para me nominar. Gosto da sonoridade de meu nome. Nada contra porém, meu nome tem tudo a ver com minha personalidade.

Despertei pensando em você. Olha só que coisa! Tomei meu café e saí munida de casaco de lã, cachecol e luva. Coloquei também uma boina porque o vento está de lascar.

Saí caminhando pela Rêgo Freitas, atravessei a praça Roosevelt, entrei na rua Augusta. Minha intenção era chegar à Avenida Paulista. Caminhando lentamente lembrei que você costumava circular por aqui. Gostava de caminhar. Lembra? Dizia que caminhar te ajudava a pensar e desenvolver suas histórias. Também sou assim.

C., ando muito introspectiva. Talvez devido a idade, excesso de sensibilidade, tenho sentido certo receio – se é que posso chamar assim – de sair às ruas, de circular como fazia antes. Pode parecer papo saudosista, mas, antigamente era mais prazeroso sair à noite, andar pelas ruas, entrar nos locais públicos. Antes, saíamos para ver gente e – claro – ser vista por eles também. Atualmente, transformamo-nos em zumbis tecnológicos.

A “night” continua a mesma. Ferve. A diferença é que as pessoas não se encontram interessadas no ser humano ao lado e sim, nos likes que poderá ganhar em suas redes sociais. Só se preocupam com seus selfies. Aquele lance de sair e paquerar que tanto gostávamos de fazer quando jovens, deixou de ter importância nessa sociedade que privilegia o virtual em detrimento do real. Tenho certeza que, se aqui estivesse, ficaria indignado. Eu estou! O prazer que tínhamos em marcar encontros nos lugares badalados para conversar, se confraternizar, paquerar, não existe mais. É sério! Não estou inventando. Nas redes sociais temos centenas de amigos, porém, quando chamamos as pessoas para um encontro real, todos concordam e, conforme vai chegando o dia, vão comparecendo cheios de desculpas esfarrapadas. Ah! E os poucos que comparecem, dão mais atenção aos seus smartphones na mesa do que ao seu interlocutor ao lado. Broxante!

C., definitivamente estou encalhada feito baleia jubarte na praia. Não consigo me interessar por ninguém e ninguém se interessa por mim. Passei do ponto, tornei-me seletiva e chata. Sinais dos anos. Algumas vezes, quando bate certa solidão, penso em sair e conhecer pessoas mas… Quer saber? Bate uma preguiça! Então conto até dez, abro uma garrafa de vinho, encho uma taça, coloco uma seleção de Inger Marie Gundersen no Spotify, pego um bom livro e ponho pra correr a tal da solidão. Só sinto falta mesmo é de nossa amizade que, infelizmente não aconteceu.

Se tivéssemos nos conhecido, nossa amizade seria como a que tenho com R.P. Amigo-irmão que está ao meu lado há pelo menos vinte anos. Vou te contar uma coisa: se você tivesse tido oportunidade de conhecê-lo, também teria caído de paixão pela pessoa linda que ele é. Formaríamos uma tríade. Uau!! Teria sido massa!

Querido C., acredito que por conta da aproximação de meu aniversário, ando mais melancólica que nunca. Abro-me com você porque sei que de melancolia você entende como ninguém. Sei lá, a idade avançando, a juventude se esvaindo, as rugas e as pelancas se acentuando… Não ri não que isso é sério! Ai meu Deus! Olha só o que escrevo para você! Devo de estar mesmo muito doidona. Não ria! Sei que do outro lado você deve estar se divertindo com minha desgraça mundana. Quer saber? Também acho graça. Choro e rio ao mesmo tempo por saber que você não teve a chance de envelhecer feito eu. Cara, você foi embora muito cedo! Essa vida é mesmo muito injusta. Que merda! Estou deprimida novamente. Nem posso culpar os hormônios como fazia antes. Até eles me abandonaram. Foram-se assim como a melanina de meus cabelos que agora se encontram brancos feito flocos de neve. Mas…Sabe que gostei deles assim? Fiquei cool! Sempre gostei desse termo: Cool.

Ah! Outro dia, sabe quem encontrei? Sua amiga Marcia Denser. Nossa! Conversei bastante com ela sobre literatura e sobre você. Sua orelha não ardeu? Falamos muito viu! Ela confessou que também sente demais sua falta.

Retornei ao meu apê e estou aqui, sentada de frente a janela do décimo andar observando a paisagem urbana de prédios e carros que passam sem cessar. Interessante, ao longe ouço um som de britadeira, buzinas, e outros sons que não consigo identificar. No entanto, a paisagem parece estática apesar de toda movimentação. E eu, aqui presa em mim mesma e nessa inquietação que não consigo identificar muito menos eliminar. Veja bem meu querido, não estou infeliz, contudo, também não me encontro em paz. O que será? Estarei com problemas psíquicos? Não desejo falar com ninguém. Lembrei  de quando pequena, às vezes tinha a sensação de que diminua, diminua até virar um nano grão no universo. Era uma sensação – ao mesmo tempo curiosa, mas que me dava temor de ir até o fim.

Ah! Voltei a reler seu livro Os dragões não conhecem o paraíso. Não canso de ler esse livro cara. Até baixei ele em meu note. Pela enésima vez me emociono diante da beleza do conto A beira do mar aberto. Cara! O que é esse conto? Mexe com minhas entranhas. Puta que o pariu! Falando nesse livro, sabia que fui apresentada à sua obra através de meu amigo R.P. (ele novamente), que me brindou com seu conto Os sapatinhos vermelhos. Diz ele que sentiu que esse conto bateria fundo em mim. E acertou!

Tinha muito mais a falar para você, mas, vou parando por aqui para não me tornar excessivamente carente e chata. Sabia que sou espírita? Pois é, sou. Muitas pessoas se admiram quando ficam sabendo desse meu lado espiritual uma vez que – escritor que se prese – deve ser ateu/atoa/existencialista. Só posso adiantar que sou tudo isso e muito mais. Você bem sabe que somos uma somatória de facetas. Para escrever temos de ser muitos, vários, jamais rasos. E sem medo de mergulhar. Mesmo que não se saiba nadar. Feito eu.

C., perdoe-me se fui extensa nessas linhas. Tenho uma coleção Britânica de assuntos que gostaria de trocar com você. Veja bem: sei que a vida continua desse outro lado. Sei também que tudo é infinito mesmo que a finitude seja nossa estação final. Um dia, se o Todo Poderoso permitir, quero sentar de frente a você e, sorrindo e abaixando o olhar de timidez inicial, começar nosso papo dizendo:

-Oi C., finalmente estamos tête-a-tête para oficializar aquilo que já estava decretado  por um Ser Superior Maior. Obrigada por me esperar. Trago muitas notícias da Terra. Tem um tempinho para me ouvir?

Olhando-me com seus olhos graúdos e devoradores me responderá:

-Guria, tenho todo o tempo do universo. Desembucha!

E juntos cairemos numa risada sem fim.

Anoitece em Sampa e a realidade grita por minha atenção.  Paro desejando esticar mais um bocado.

Tenha um resto de eternidade de muita paz e – faz um favor – , quando cruzar com Cazuza diz que também aguardo um dedo de prosa com ele . Ah! Favor nº2: caso trombe com meu Menino Maluquinho circulando de longboard por aí, diga-lhe que tia Lilica o ama eternamente e pra ele se comportar enquanto não chego. E que sinto saudades de suas aventuras na cozinha me preparando una pasta al pesto.

Com amor e carinho,

Roseli

 

Imagem: Google

Delírios após o almoço

Todo mundo tem uma válvula de escape para suas neuroses, preocupações do dia a dia, medos etc. Como faço parte da humanidade, tenho as minhas. Duas delas, vocês leitores assíduos, já conhecem: a escrita e a leitura. Mas tenho outras: música, meditação, pensar. Pensar obsessivamente em algo.

No momento, tenho um pensamento único, repetitivo. Acordo pensando, passo o dia com esse pensamento indo e vindo, volto a deitar em minha cama pensando, pensando, pensando.

Ainda trago comigo, aos cinquenta e três anos, a fantasia de que, se pensar demais, com muita intensidade, ininterruptamente, a coisa se concretiza. E eu quero. Muito. Que se concretize. Quero. Ordeno. Não admito que o destino seja filho da puta e me sacaneie. Realize o que desejo e ponto.

Mas não foi nada disso que estava disposta a escrever por aqui. O que me trouxe mais uma vez aqui, no blog, foi um texto de Caio Fernando Abreu, do livro A vida gritando pelos cantos.

É. Não adianta fazer caretas e revirar os olhos. Vou falar nele de novo. Gosto dele uai! Bom, se não gosta dele pode parar a leitura por aqui e vá ver o que Anitta fez com sua boca. Por aqui, falo de Caio F. novamente.

E por que falo dele? Simples: tudo o que ele escreveu, bate direto aqui, em mio cuore que pulsa incessantemente. Ao término de mais uma crônica lida, paro e penso:

Puta que o pariu, tinha de morrer antes de nos cruzarmos na esquina da Rua Augusta com a Avenida Paulista? Ou, tinha de sumir do planeta antes de nos esbarrarmos na Frei Caneca, indo ao shopping comer e depois pegar um cinema? Caio, que fique registrado minha revolta: Não te perdoo! E nem adianta ficar me olhando dessa forma.

Cara, tínhamos de ter nos esbarrado e fincado amizade. Trocarmos nosso parecer sobre a cultura, tricotar sobre os filmes da última mostra de cinema de São Paulo, trocar confidências sobre as paqueras do momento. Você se foi, antes mesmo de nossa primeira briga.

Mas também não era nada disso que queria escrever. Está vendo como você me tira dos trilhos?

O que queria mesmo, era dizer aos meus leitores, o quanto ler suas crônicas traz conhecimento geral sobre cultura, política, economia e o principal: conhecimento sobre as emoções humanas.

Só para citar um exemplo disso tudo que digo: na crônica Para embalar John Cheever, você me fez relembrar de um grupo musical que amava tanto que até hoje, tenho seu LP: Nouvelle Cuisine. Nunca mais soube nada dos músicos. Eram tão bons, talentosos, cool. Caio F. também me fez lembrar de Laurie Anderson (lembram dela?) e de Philip Glass (lembram dele?)

Caio me apresentou a canção Forgetting, letra de Laurie Anderson para a música de Philip Glass. Essa eu não conhecia e fui imediatamente buscar no Santo Google.

Esse cara (O Caio) sabia das coisas! Ouvi a primeira vez e não parei mais. Daí, busquei a obra de Philip Glass e, cá estou de fone de ouvido, absorvendo seu som maravilhoso no álbum com trilha sonora do filme As horas, baseado na obra de Michael Cunningham . Ah, não posso me esquecer de John Cheever que também foi apresentado à mim. Nunca li nada dele e agora, quero conhecer sua obra. Já vi que aqui na biblioteca não temos. Preciso providenciar.

Agora me responde: Caio é ou não é o Cara? Desde que comecei a ler sua obra, tenho aprendido tanto, relembrado tanta coisa que vivi nas décadas de oitenta e noventa e que foram engolidas pela rotina maçante que levamos. Só posso dizer que sou grata, por manter esse contato próximo através da leitura de suas crônicas e me enriquecer com tudo o que ele escreveu. Amo sua euforia, sua melancolia, sua ironia, sua tristeza com o rumo que o país tomava com toda a crise política e econômica que vivenciou. Vejo agora mais um ponto em comum entre nós.

Caio, nada mudou. A situação só foi maquiada por um tempo mas com o descuido, a máscara caiu revelando que nosso país ainda continua do mesmo jeito. Ou talvez pior.

Mas quer saber? Também não era nada disso que queria escrever. Mas foi bom falar do Caio pois assim, esqueci por alguns minutos daquele pensamento que tem me atormentado. Ih, voltou com tudo. Espera um pouco que vou ao banheiro ler mais um capítulo do livro afinal, minha vida também grita pelos cantos e percebi agora que meus cantos não andam nada arredondados. Estão de bico, pontudos e machucando. Será que chego viva até o final da semana? Haja coração!

PS: Alguém sabe do paradeiro dos rapazes do Nouvelle Cuisine? Laurie Anderson? Philip Glass?

 

Aquela puta amizade que foi sem nunca ter sido

Afinidade pura! Certa vez, um grande amigo meu – daqueles que são alma gêmea -, iniciou um gesto que achei divino: escrever cartas para seus amigos utilizando textos de escritores famosos (ou não) que tivessem tudo a ver com o destinatário. Estava prestes a fazer aniversário quando recebi sua carta. Linda, num envelope carmim, selado com ex-libris em cera derretida. Achei um luxo!

Mas, o que mais me encantou e sensibilizou, foi o conteúdo da carta: um texto de Caio Fernando Abreu: Os sapatinhos vermelhos presente na coletânea Os dragões não conhecem o paraíso. Desculpem minha ignorância, mas ainda não conhecia esse escritor. Logo eu, uma devoradora de livros e conhecedora de autores do mundo todo. Li, reli várias vezes. Emocionei em todas as leituras. Guardo até hoje essa correspondência. Assim como as demais que recebi do mesmo amigo. São verdadeiros tesouros que nenhum valor monetário cobre.

A partir daquela carta, busquei livros de Caio como alguém perdido num deserto que busca por água. Quanta identificação com seus pensamentos, suas palavras!

Hoje, passado alguns anos, voltei a pegar um livro de Caio, A vida gritando nos cantos.

Fui almoçar e levei-o comigo para uma breve leitura após a refeição. Sentei-me ao sol, abri o livro e mergulhei em suas crônicas. Quase perdi a hora de passar o crachá e retornar ao trabalho.  Atenta na leitura, nem percebi o quanto o sol estava quente e agressivo.

Fui ao banheiro e vi que estava um pimentão de tão vermelha. Não liguei. Meu coração encontrava-se aquecido pelas suas palavras. E cheguei a seguinte conclusão: se tivesse tido oportunidade de conhecê-lo em vida, tenho certeza que teríamos sido grandes amigos! Amigos de uma vida inteira. Amigos de se sentar, abrir uma garrafa de vinho, botar uma música de Marina Lima na vitrola (coisa mais antiga, mas se encaixa perfeitamente no texto), e passaríamos a noite trocando figurinhas sobre a vida.

Nem veríamos a manhã chegar e nem perceberíamos os pássaros cantando anunciando um novo dia.

Sinto não tê-lo conhecido. Choro internamente essa chance perdida. No entanto, consolo-me através das leituras de seus contos, crônicas e cartas. Registros que ficaram para a eternidade e para corações sensíveis. Feito o nosso.