Por onde passamos, deixamos rastros de nossas ações e, em sua maioria, o resultado do que deixamos de fazer. O planeta sofre as consequências dos excessos, do consumo exagerado e da falta de consciência e compromisso da sociedade. No geral, só nos preocupamos com os direitos e jamais refletimos sobre o cumprimento dos deveres. A conta de todo esse descaso tem sido alta, gerando perdas materiais e de vidas. Estou longe da perfeição e talvez jamais alcance tal meta. Tenho pensado muito a respeito e tento mudar alguns hábitos procurando fazer minha parte. Trabalho de formiguinha. Sempre que me deparo com uma imagem como essa abaixo, fico com certa revolta. Móveis e eletroeletrônicos podem ser consertados e reutilizados por outros. Jamais jogo fora dessa forma. Doo para instituições que consertam e vendem. Essa atitude, se adotado por todos, geraria bem menos lixo. Infelizmente, a maioria não pensa assim. A caminhada ainda será longa e talvez, não viva para ver tais mudanças.
Gosto de mexer com jardinagem mesmo não tendo uma formação mais técnica. Meu trato com as plantas é pura intuição acompanhada por algumas leituras informativas. Podar e dar forma ao jardim da casa de minha mãe sempre foi uma atividade prazerosa, acompanhada por silêncio e troca de carinhos com os seres vivos verdes e de outras tonalidades. Observar as plantas agradecendo, ficando mais bonitas e viçosas não tem preço. Pena que nos últimos tempos, quase não tem sobrado tempo ou disposição física para praticar essa troca.
Também sou adepta de uma boa bagunça causada por mudanças e reformas. Para quem não sabe, formei-me em design de interiores e por pouco, me tornei uma arquiteta. O passo a passo da pintura e decoração de meu apartamento foi curtido em cada etapa e todas foram importantes. Cá estou eu pensando numa próxima paleta de cores para tingir as paredes…Ando na pegada dos tons de verde.
Apreciar o fim de mais um dia, se extasiar com a beleza natural permeada pela intervenção humana através do concreto e vidro. Esse, é um dos momentos de maior encantamento para mim. Não canso de admirar o talento desse grande artista que criou tudo tão perfeito. Que nós humanos consigamos manter tudo isso antes que acabe em caos. Mais do que já se encontra…
Remexer baú de fotos é tocar com carinho no passado. Muitas fotos, puídas pela corrosão do tempo resiste bravamente e ei que me deparo com a Lilica pequena ao lado dos irmãos. O poder desses registros são verdadeiras fendas para um momento único de contentamento, alegrias e certa pureza que somente a infância proporciona. Vamos perdendo essa virtude com o passar dos anos mas, sempre que miro e admiro uma foto antiga, recupero minha alma infantil e me fortaleço. Sim, recordar é viver!
Assim como as plantas, também necessitamos de algumas podas para nos tornarmos mais viçosas e bonitas. Cortar minhas madeixas é sempre um ritual que me agrada. Pelo ato em si que representa cuidado e pelas mãos habilidosas e bom papo de minha profissional querida que me acompanha há alguns anos. E o que dizer do carinho expresso em formato de coração? Só mesmo a Juh querida para me fazer registro repleto de significados.
Esse texto faz parte do Projeto fotográfico mensal 6 on 6. Estão comigo nessa postagem coletiva:
Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins
Imagens: Arquivo pessoal com exceção da primeira que é licenciada: Shutterstock