Vita brevis

Antes que a minha existência acabe o prazo de validade, deixo meu testemunho de que na realidade, neste curto espaço de vida, nada é importante a ponto de perdermos tempo precioso com bobagens, mimimi e cultivo de mágoas. Uma piscada de olho, metade de nossa vida se esvai. Outra piscada e…

E não se termina projetos, não se dá um abraço no(a) filho(a), não se diz “Eu te amo” há tanto tempo ensaiado, não inicia aquele curso tão sonhado, não faz aquela viagem há tanto planejada e…

Se morre em vida e quando damos conta, já é tarde para as despedidas. Não tinha ideia do que escrever por tantos dias, semanas, mês, mas uma partida tão inesperada e próxima de mim, me fez traçar essas linhas para sua e minha reflexão. Não deixe para depois. Sim, somos todos finitos.

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6 on 6 – Miudezas

Luto uma batalha interna desde que me entendi como mulher madura, moderna (?), antenada com seu tempo. É claro que sendo canceriana, perco sempre. Sou apegada às coisas materiais sem valor monetário ou emocional, que para outras pessoas são banais, mas que para mim, são especiais e valiosas…Como essa concha do mar que está comigo há mais de trinta anos. Ela tem a utilidade de ser uma espécie de broche para fechar um lenço através de seus orifícios. Já me perguntei porque ainda mantenho ela comigo. Ainda não tenho respostas e a concha segue em silêncio absoluto entre meus pertences.

Segue a mesma linha, esse outro objeto, ganho em uma viagem de uma ex-chefe. Nunca usei pois não uso pó compacto mas acho-o bonito, delicado e mesmo sabendo que foi algo feito em linha de produção da área turística, me encanta e assim, permanece ao meu lado mesmo que passe anos sem o ver nem lembrar dele.

Recebi na minha infância o crisma e frequentei missa todos os domingos até o começo da adolescência. Ainda hoje, respeito profundamente a religião católica e guardo uma admiração profunda por esse representante da religião. Não consigo lembrar como essa medalha com a imagem do Papa Francisco chegou até minhas mãos mas guardo-a com carinho entre meus pertences. Toda forma de orar é válida

Gosto de viajar e trazer alguma lembrança por onde passo. Quando estive em João Pessoa, tive o prazer de visitar o ateliê/residência do artista plástico Miguel dos Santos. Acompanhada de um amigo apaixonado por arte brasileira. Ceramista e pintor, seu ateliê é repleto de arte dos mais variados estilos e tamanhos. Após uma tarde prazerosa com muita conversa, café e carinho de toda família, ao nos despedirmos, ele nos presenteou com essa miniatura de uma de suas obras. Fiquei tocada por sua atitude e desde então, essa peça faz parte de meus “tesouros”.

Quem de fora mexer em minhas caixas, ao se deparar com esses chaveiros, pode pensar que sou uma velha acumuladora. Calma que tenho resposta para isso também. Esses sapatinhos de “cristal”, foram as lembrancinhas do casamento de minha sobrinha amada e eu fui madrinha. Noite de pura emoção e apenas um sapatinho é meu. Os demais são de minhas irmãs. Como nunca me cobraram eles, acabaram ficando em minha companhia.

Tenho afeição especial por algo que pulsa vida e meu apego a essa planta é enorme. Trato ela como se fosse meu bebê. Converso com ela, cuido e fico feliz quando vejo-a crescer, brotando novas folhas e galhos. Só o fato de registrar um pequeno trecho dela, me faz bater mais forte o coração e meus olhos ficam úmidos de emoção.

Assim, sigo minha vida dia após dia colecionando tais miudezas que me encantam e tornam meu viver mais feliz e especial. Conta pra mim quais miudezas te tocam a alma.

Esse texto faz parte do Projeto Fotográfico 6 on 6 e estão comigo:

Lunna GuedesMariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins

Se eu sei alguma coisa?

A dúvida entre ficar no lugar possuída pela paralisia e o ímpeto de sair correndo é a mesma. O que faço? Bailo pianinho, hora dando passadas miúdas de gueixa, ora me arriscando em passos ousados de dançarinos de tango. Assim prossigo. É certo que diante do inesperado ou desconhecido, finjo-me de Inês é morta e aguardo pacientemente a tormenta passar.

Enquanto espero, jogo cartas ou xadrez com o destino. Brejeira, solto meu charme sedutor para ganhar tempo e mudar minha rota, caso seja incerta ou infeliz. Às vezes saio no lucro, outras, nem tanto e em muitas, quebro a cara. Levanto, limpo as feridas e sigo em frente.

Se me perguntam se tenho uma fórmula para viver, nego e respondo que para viver, não existe fórmula ou equação. Viver, requer vontade e uma boa dose de resiliência, ou quem sabe, teimosia. Acrescentada de uma pitada de loucura sem esquecer que alegria é fundamental para a travessia. Ih…. Acho que sem querer tracei uma fórmula do bem viver! Siga quem achar pertinente ou, quem estiver mais perdida que eu.

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É preciso estar atento e forte…

Final da tarde de ontem, a caminho do metrô, presenciei uma das cenas mais bizarras e triste. Caminhava tranquila após um dia de trabalho exaustivo quando observei uma ação que chamou minha atenção e de todos que por ali circulavam. Um jovem casal passeava com seu cãozinho quando, de repente, sua dona vociferou contra uma senhora de meia idade que passava. Não contente, a moça iniciou um surto entre gritos, agressão física que foi impedida pelo companheiro que a todo custo tentava contê-la sem obter muito sucesso. A jovem gritava: Sua vaca, você chutou meu cãozinho! A senhora, acuada, tentava sair do campo de ataque e aos poucos, os pedestres e pessoas do comércio local formaram uma rede de proteção tentando trazer a moça à razão. Os mais assustados pelo que observei foram a senhora, vítima do ataque e o próprio cãozinho que preso à coleira, também estava sendo vítima. Em seu surto, ela segurando a coleira, empurrava o cãozinho pra lá e pra cá deixando-o confuso. Lamentei e prossegui antes que sobrasse para mim também.

Ao chegar a estação do metrô, logo que passei a catraca e estava prestes a descer a escada, um funcionário do metrô abordava um usuário sobre o uso da máscara. O rapaz dizia que não tinha máscara e aí começou outra cena de descontrole. Outro rapaz interviu e aí o funcionário perdeu de vez o controle. Aiaiai! Pensei comigo, outra cena. Isso já está começando a banalizar e isso não pode se tornar uma constante.

Mais tarde, na saída do prédio onde faço pilates, eis que outra cena de descontrole emocional. Agora, um homem de cerca de seus quarenta/cinquenta anos, esbravejando aparentemente com um inimigo oculto. Compreendo que todos passamos por momento de muito desgaste físico e mental devido a todo quadro econômico e de saúde pública que vivenciamos desde 2020. Famílias inteiras tentam infrutiferamente administrar perdas humanas e materiais. Mais que isso, a perda da dignidade tem ganho terreno em meio a miséria. Testemunhar o descontrole emocional de um ser humano, está cada dia mais comum em nosso cotidiano. Infelizmente. E isso, nós que ainda mantemos um pouco do equilíbrio mental/emocional, precisamos cuidar para que essa não seja nossa próxima pandemia.

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6 on 6 – Resquícios

Por onde passamos, deixamos rastros de nossas ações e, em sua maioria, o resultado do que deixamos de fazer. O planeta sofre as consequências dos excessos, do consumo exagerado e da falta de consciência e compromisso da sociedade. No geral, só nos preocupamos com os direitos e jamais refletimos sobre o cumprimento dos deveres. A conta de todo esse descaso tem sido alta, gerando perdas materiais e de vidas. Estou longe da perfeição e talvez jamais alcance tal meta. Tenho pensado muito a respeito e tento mudar alguns hábitos procurando fazer minha parte. Trabalho de formiguinha. Sempre que me deparo com uma imagem como essa abaixo, fico com certa revolta. Móveis e eletroeletrônicos podem ser consertados e reutilizados por outros. Jamais jogo fora dessa forma. Doo para instituições que consertam e vendem. Essa atitude, se adotado por todos, geraria bem menos lixo. Infelizmente, a maioria não pensa assim. A caminhada ainda será longa e talvez, não viva para ver tais mudanças.

Gosto de mexer com jardinagem mesmo não tendo uma formação mais técnica. Meu trato com as plantas é pura intuição acompanhada por algumas leituras informativas. Podar e dar forma ao jardim da casa de minha mãe sempre foi uma atividade prazerosa, acompanhada por silêncio e troca de carinhos com os seres vivos verdes e de outras tonalidades. Observar as plantas agradecendo, ficando mais bonitas e viçosas não tem preço. Pena que nos últimos tempos, quase não tem sobrado tempo ou disposição física para praticar essa troca.

Também sou adepta de uma boa bagunça causada por mudanças e reformas. Para quem não sabe, formei-me em design de interiores e por pouco, me tornei uma arquiteta. O passo a passo da pintura e decoração de meu apartamento foi curtido em cada etapa e todas foram importantes. Cá estou eu pensando numa próxima paleta de cores para tingir as paredes…Ando na pegada dos tons de verde.

Apreciar o fim de mais um dia, se extasiar com a beleza natural permeada pela intervenção humana através do concreto e vidro. Esse, é um dos momentos de maior encantamento para mim. Não canso de admirar o talento desse grande artista que criou tudo tão perfeito. Que nós humanos consigamos manter tudo isso antes que acabe em caos. Mais do que já se encontra…

Remexer baú de fotos é tocar com carinho no passado. Muitas fotos, puídas pela corrosão do tempo resiste bravamente e ei que me deparo com a Lilica pequena ao lado dos irmãos. O poder desses registros são verdadeiras fendas para um momento único de contentamento, alegrias e certa pureza que somente a infância proporciona. Vamos perdendo essa virtude com o passar dos anos mas, sempre que miro e admiro uma foto antiga, recupero minha alma infantil e me fortaleço. Sim, recordar é viver!

Assim como as plantas, também necessitamos de algumas podas para nos tornarmos mais viçosas e bonitas. Cortar minhas madeixas é sempre um ritual que me agrada. Pelo ato em si que representa cuidado e pelas mãos habilidosas e bom papo de minha profissional querida que me acompanha há alguns anos. E o que dizer do carinho expresso em formato de coração? Só mesmo a Juh querida para me fazer registro repleto de significados.

Esse texto faz parte do Projeto fotográfico mensal 6 on 6. Estão comigo nessa postagem coletiva:

Lunna GuedesMariana GouveiaObdulio Nuñes OrtegaSuzana Martins

Imagens: Arquivo pessoal com exceção da primeira que é licenciada: Shutterstock

Atleta em preparo

Esse ano tenho dois desejos que pretendo na medida do possível, realizar: ler mais e escrever na mesma proporção. Pode parecer estranho mas sempre que inicio um, o outro fica stand by. Parece até que não sei fazer as duas coisas juntas. Saber eu sei mas confesso que dá um cansaço mental muito grande daí, sempre optar por um ou por outro.

Como tenho projeto (s) de escrita para desenvolver, vou precisar me munir de muita disposição para manter a disciplina. Terminar meus cinco livros que repousam na cabeceira da cama desde novembro e olhar com carinho e determinação para os inúmeros inéditos novos e antigos que esperam pacientemente a vez de serem manuseados e acariciados.

Para dar conta de tanto exercício mental, já me encontro tomando complexo vitamínico e florais de Bach além do pilates que me ajuda a manter o pique. Preciso sempre lembrar que já não me encontro mais na casa dos vinte anos. Digamos que caminhei algumas casas à frente e esse ano, fico sex de vez…

Haja vitamina e colágeno para manter-me ativa. Não importa, lancei para o Universo esse desejo e vou maratonar e pular os obstáculos que atravessar meu caminho para concretizar todos eles. Ah, e claro, manter-me mais pontual nas escritas por aqui, afinal, o blog é meu porto seguro.

Mudando de assunto sem sair totalmente dele, fuçando os armários de mamãe, com a desculpa de organizá-los, tive a grata surpresa de descobrir, embalada em plástico bolha, minha velha Remington muito bem conservada. Nem me lembrava mais dela! Acho que nem sei mais datilografar. Ah, e qual não foi o espanto, ao encontrar minha máquina fotográfica também. Foram dias de muitas reencontros com o passado. Meu coração se aqueceu como se reencontrasse antigos namorados. Esse ano promete!

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Bem-vindo!

O mês de dezembro foi veloz, caótico com picos de estresse, melancolia, ansiedade e algumas pitadas de alegrias. Como sempre, continuo não morrendo de amores por esse mês. Mais uma vez, sobrevivi. Eis que na virada do calendário, nasce mais um janeiro e secretamente, dou as boas vindas.

Hoje, primeiro dia útil do ano de 2023, no silêncio de meu apartamento, desliguei até a música que tocava. Algumas vezes necessitamos do som do silêncio a imperar por todos os nossos sentidos.

Tirei o último dia de descanso para tirar o pó dos móveis, mudar alguns de lugar, lavar as roupas acumuladas, organizar a bancada de trabalho e enquanto isso, internamente, organizar mente e emoções.

É bom fazer isso de vez em quando. Tirar os excessos e levar na bagagem somente o necessário. Afinal, se viver é a nossa maior aventura, que a mochila seja mais leve para darmos pulos para escapar das emboscadas e expressar contentamentos.

Não costumo planejar o ano promovendo listas de desejos. Prefiro me surpreender com o que ele me oferta e manobrar, desviando das intempéries desse mar agitado, parando nos portos, conhecendo pessoas, reencontrando outras e aceitando o que a vida me ofertar.

Esboço tímido sorriso a la Monalisa, sentindo o aroma perfumado do café coando. Sinto na boca, o pedaço de chocolate que se desmancha. Podemos ser felizes com tão pouco!

Como disse Mercedes Sosa: “Gracias a la vita que me ha dado tanto!”

Aprendi com as palavras o que eu não consegui com as asas: voar!

(Suzana Martins – (In) Versus)

A antiga sabedoria popular afirma que ninguém nasce pronto. É fato. Sou exemplo de que isso é a mais pura verdade. Nasci com todos os defeitos que um ser humano pode carregar em sua bagagem temporária. No decorrer da vida, no escoar das décadas, aprimorei quase todos eles. Só não me avisaram que era para limá-los e não acentuá-los. Desculpem-me. Em minha defesa digo que a falha não foi minha, mas sim, de quem me (des)orientou.

Rolando feito pedra solta do penhasco, o atrito me moldou, ganhei formas arredondadas, tornei-me macia como bumbum de bebê. Aprendi aos poucos a falar e, em seguida, as letras que brincavam no ar, me desafiando a decifrá-las. Símbolos desconhecidos que muito me fizeram sofrer por não os compreender. Burra não sou. Marrenta, dediquei uma existência para assimilar e nunca mais esquecer. Aprendi! Vivia pelos cantos dizendo em voz alta que era “alfabetizada”. Tornou-se meu mantra.

A realidade impunha desafios. Resiliente, me jogava de cabeça em cursos e especializações. Muitas leituras técnicas.

Frustrada, não conseguia entender a prisão que me mantinha imobilizada. Depois de muita resistência, fui em busca de apoio profissional. A terapia descortinou um mundo desconhecido até então. O despertar para mim mesma, fazer as pazes com meu interior, meu passado, meus antepassados. Todas essas descobertas desembocaram na técnica da escrita. Fui apresentada à escrita matinal. Esse foi o primeiro passo para a liberdade total. As primeiras escritas saíram rígidas, tímidas, pequenas.

Mais confiante, desfiava meu cotidiano, minhas rotinas, meus sonhos e anseios. Registrava meus medos, agora, sem medo. Fiquei sem vergonha. Facinha, facinha.

As palavras, sábias que são, tiveram a paciência de esperar meu amadurecimento natural. Jamais me forçaram nada. Hoje, somos parceiras e unidas, percorremos histórias, situações, escolhemos roteiro de viagem. Como um par de dançarinos afinados, um espera o outro para dar a passada correta, em sintonia. Se estou com a mente cansada, as palavras aguardam em silêncio. Não me pressionam. Caso eu me depare com ideias para uma boa história, de imediato elas saem da caixa da criatividade pulando como pipoca na panela quente. Soltam risos agudos de criança feliz e vêm ao meu encontro. Brincamos, voamos alto em nossas aspirações literárias e o resultado, cada vez mais satisfatório.

Hoje brinquei bastante, a mente limitada grita que está na hora de parar e descansar. Elas compreendem e, despedindo-se, somem no ar, aguardando o amanhecer, para que desperte renovada e as convide para novas incursões. Hora de apagar a luz e dormir.

Esse texto faz parte da blogagem coletiva Blogvember. Participam comigo:

Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins

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E mil orações aos céus para a vida apagar de uma vez

(Flávia Côrtes – As Estações)

Tenho por hábito orar. Sempre agradeço. Dificilmente peço por algo, a não ser, força e discernimento para enfrentar os desafios da vida. Houve momentos em que elevei meu pensamento rogando por alguém. Solicitei clemência para aqueles que agonizavam e nada mais se poderia fazer a não ser, orar. Confio no poder das palavras e reverencio quem sabe usar com sabedoria e responsabilidade. A palavra proferida ou escrita pode elevar ou dizimar uma pessoa.

Observo que nos últimos anos, a humanidade retrocedeu em sua evolução, se é que houve uma. A mesquinhez, o egoísmo, o orgulho, a vilania. São primas de primeiro grau e costumam agir em conjunto. Elas sabem que a união faz a força e que unidas, vencem.

Por isso, minhas orações têm sido para apagar de vez a vida delas. Nunca desejei o mal a ninguém, mas, a essa família de perversos e desalmados, que mancham a alma humana, rogo aos céus que se dissolvam no ar.

Esse texto faz parte da blogagem coletiva Blogvember. Participam comigo:

Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins

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Carta de amor para meus mortos

Olá divinos,

Entrei em minha página do Skoob. Há tanto tempo esquecida, acessei para atualizar minhas leituras. Contabilizando o tanto que já li, parei os olhos e a alma na capa do livro Cartas de amor aos mortos. Em segundos, todos vocês surgiram em minha tela mental. Depois de recuperar a respiração, dominei as emoções e até consegui sorrir dando as boas vindas a vocês, que tanto me fizeram feliz. Não cito nomes pois todos sabem que fizeram parte da minha constelação: familiar, cultural, círculo de amizades.

Espiritualista que sou, sempre que posso foco a figura daquele que desejo conectar e entabulo conversa desejando saber quais as últimas novidades do lado de lá. Nunca recebi respostas… Por que será? Enjoaram de mim? Me acham grudenta? Carente?

Amores, sou tudo isso e muito mais. Hoje estou aqui numa missão séria. Escrevo na intenção de que chegue até vocês minha gratidão e reconhecimento por tudo que plantaram nesse coração miúdo e imaturo mesmo já estando madura. Entre todos vocês, não existe preferencial. Em meu baú dos amores perdidos, vocês são medalhas de ouro que ganhei na dura competição do bem viver e faço questão de exibir no peito para quem quiser e tiver olhos para ver. Já comentei que adoro despertar inveja alheia? Pois é. Ah, certo, tem razão. Isso é muito errado de minha parte mas, vamos combinar: quem não sentiria orgulho em ter aqui, centralizados no dorso, o brilho de vocês?

Ei você aí, com esse bigodão a se mexer. É feio cochichar – tanto aqui no plano terreno – quanto aí. Pode se aprumar e ajeitar suas asinhas. Estão fofocando sobre mim, eu sei. Quer saber? Nem ligo.

Assim como a menina Laurel, do livro citado, vou escrever cartas para cada um, de tempos em tempos. É prazeroso pensar que elas chegarão a cada um e, talvez um dia, receba pelo menos uma cartinha ou cartão natalino desejando uma feliz passagem…De ano, afinal, ainda sou uma criança diante da eternidade e nem penso em passar dessa para… Ah, vocês melhor do que eu, sabem a que me refiro. Uma vez que me garantem que temos a eternidade a nossa disposição, não tenho pressa alguma em mudar de estado. Aqui meus amores, mesmo estando ruim, é bom demais!!!

Antes que me estenda demais nessa missiva, posiciono minha xícara de café, coloco o CD de George Michael (meu lindo/amado/salvesalve), pego da estante o livro Cartas, do meu querido Caio F. Abreu. Saboreando o aroma e a seguir o sabor da cafeína, respiro e aspiro relembrando a aventura gastronômica muito aloprada no restaurante mexicano, ao lado do meu inesquecível “compridão”. Ah menino, tivemos muitas aventuras por essas vias paulistanas. cada canto relembro um episódio em sua companhia. Quantas histórias!

Mudei de ideia, queira me desculpar George, mas agora, bateu uma baita vontade de ouvir Coldplay…

“Amazing Day, Amazing Day, Amazing Day, Oohohohohouhhhh”

Esse texto faz parte da blogagem coletiva Blogvember. Participam comigo:

Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins

Imagem gratuita: Anna Tarazevich