Passeio chegando ao final (7)

Chegando ao término da semana e da maratona pela estante. O último desafio, para mim, é o mais difícil. Pensei, olhei, analisei, passei meus dedos e olhos pelos livros de minha estante. Bateu um sentimento de injustiça.

O desafio é Qual exemplar é o melhor de sua estante? Para mim, amante de livros, simplesmente não consigo opinar qual o melhor. E sabem por que? Cada livro é uma experiência única. Cada autor tem sua identidade grafada em suas obras. Cada estilo narrativo mostra o percurso que o escritor escolheu para melhor contar sua história. E eu, enquanto leitora, mergulho de forma intensa em cada leitura e busco sempre trazer à tona o que de fato cada um quis deixar de mensagem.

É claro que sempre pendemos a determinados escritores que batem com sua forma de enxergar o mundo que outros. Mas, não consigo escolher um único livro para destacar aqui. Sinto que injustiçaria os demais.

Tenho verdadeiro carinho por cada livro adquirido ou ganho que completam meu acervo pessoal. Esse carinho só reforça minha escolha profissional que é viver entre livros, viver para os livros: ser bibliotecária.

E lembrar meu ofício, numa hora dessa, dá uma fisgada no coração por estar longe da biblioteca que há 25 anos é minha segunda morada.

Termino minha maratona de maio desejando excelentes leituras para todos. Ler é viver muitas vidas e experiências diversas. Permita-se!

Esse post faz parte da maratona de maio e participam
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Passeio pela minha estante (6)

Leio muito, contudo, impossível ler todos os que desejamos. Falta tempo, falta fôlego para leitura. Muitas vezes, somos desviados de nosso caminho por outro título que chega chegando, atropelando o escolhido e se fazendo necessário. Sempre digo que é o livro que nos escolhe e não o contrário, como muitas vezes achamos.

Entre tantos títulos aguardando meus olhos para uma leitura – tem um em especial -, que pacientemente aguarda a hora de se jogar para uma aventura comigo. Já li outros livros do autor e tenho ele com o um dos maiores escritores do século XX.

As pessoas se espantam quando digo que ainda não o li. Não tenho pressa, a hora dele há de chegar

E você? Já leu Cem anos de solidão? O que achou? Diz aí nos comentários. Quem sabe me convence e eu o inaugure de vez, resgatando-o do limbo dos livros que aguardam eternamente para serem lidos.

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Passeio pela minha estante (5)

Paris, bonjour Paris je vous aime/Paris, bonsoir, Paris vous êtes bohème

Tenho uma paixão tão intensa pela França, sua cultura, sua língua, que lá atrás ainda no ginásio, fui a única da classe que amava as aulas de francês. Não sei de onde surgiu esse amor à tudo que diz respeito a essa país. Ele existe e um sonho – que espero de coração conseguir realizar -, é viajar e passar uma temporada conhecendo e mergulhando nessa cultura maravilhosa.

Por conta dessa paixão, escolhi dois livros para realizar esse quinto desafio. Por quê decidi por dois e não apenas um? Simples: a paixão é tanta e esses dois livros, além de histórias e personagens incríveis, são de uma autora que passei a admirar demais: Nina George. Escritora alemã que teve seus livros traduzidos para o português por um querido que além de tradutor competente, é escritor também: Petê Rissatti. E devo à ele eu chegar a esses dois títulos porque na época em que traduzia, ele comentava com o grupo de conhecidos dele sobre a história linda que estava trabalhando. Curiosa que sou e ainda sabendo que se passava em Paris, corri atrás para comprar quando foi publicado por aqui.

A livraria mágica de Paris, só pelo título já me ganhou. Livraria é um espaço onde me sinto em casa. Paris, uma cidade que amo mesmo que à distância e sinto que se um dia aparecer por lá, me sentirei totalmente familiarizada. E magia, algo que me encanta desde criança e que procuro na medida do possível, mantê-la intacta em minha vida adulta. Quem desejar saber mais sobre ele, escrevi em meu outro blog (tadinho anda bem abandonado) Sonhos e Melodias

O livro seguinte foi O Maravilhoso bistrô francês. Sinceramente? Após terminar a leitura desse segundo livro, não consigo dizer qual história é melhor. As duas me emocionaram levando-me às lágrimas. Mas não de tristeza e sim, de esperança no ser humano. A jovem senhora Marianne Messmann, está decidida a dar cabo de sua miserável e insignificante vida nas águas do rio Sena, na famosa Pont Neuf. Ao se jogar para colocar um ponto final, não imagina o quanto sua vida irá mudar e de fato, iniciar.

Personagens fora do comum surgirão no caminho de Marianne, mostrando possibilidades de renovações e até mesmo um amor, surgirá na vida dela.

A Bretanha com suas vielas e gastronomia enriquecem essa linda história de vida, recomeços, descobertas. Só de escrever sobre esse livro, me arrepio toda novamente.

Sinopse: Mais uma obra-prima da autora de A livraria mágica de Paris Marianne Messmann está presa num casamento sem amor e não vê a hora de pôr um fim em tudo. Durante uma viagem a Paris, ela sobe na Pont Neuf e se joga no Sena, mas é salva do afogamento por um passante. Em seguida, é levada para o hospital e lá vê um azulejo pintado com a linda paisagem de uma cidade portuária da Bretanha. Inspirada pela pintura, ela decide embarcar em sua derradeira aventura. Ao chegar à Bretanha, Marianne entra num restaurante chamado Ar Mor (o mar) e é arrebatada por um novo e encantador modo de viver. Lá ela conhece Yann, o belo pintor, Geneviève, a enérgica dona do restaurante, Jean-Rémy, o chef perdido de amor, e várias outras pessoas que abrem os olhos dela para novas possibilidades. Entre refeições, músicas e risos, Marianne descobre uma nova versão de si mesma — apaixonada, despreocupada e forte. Porém, de repente, seu passado chega para confrontá-la. E, quando isso acontece, ela precisa decidir entre voltar para sua vida antiga ou abandoná-la de vez em nome de um futuro promissor e empolgante. O maravilhoso bistrô francês é uma jornada dos sentidos, com refeições suculentas e paisagens estonteantes. Uma história recheada de poesia, beleza, sensibilidade, romance, erotismo e segundas chances, que nos mostra que não existe idade para recomeçar e ser feliz.

E então? Já leram algum deles? Passe seu parecer nos comentários e caso não tenham lido ainda, agora é o momento. Mergulhem nessas leituras e retomem a alegria e a esperança em dias e seres humanos melhores.

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Passeio pela minha estante (4)

E seguimos para o quarto desafio da maratona literária Minha estante de livros, promovida por Lunna Guedes. O desafio de hoje é a escolha de um livro ambientado em minha cidade-país. Logo de cara, surgiu um livro que li há alguns anos quando a temática “Vampiro” não fazia sucesso entre a massa leitora.

Lançado de forma independente em 2000, Os Sete, de André Vianco, conquistou uma multidão de fãs e se tornou um best-seller, vendendo mais de 100 mil exemplares. O sucesso foi tão grande que consagrou o autor como um dos mais importantes na literatura de fantasia nacional. É neste romance que Vianco atualiza o mito dos vampiros e o encaixa na realidade brasileira, apresentando ao leitor seres poderosos, cada um com uma característica única, porém, todos monstruosamente perversos.

Na trama ambientada em terras brasileiras, uma caravela portuguesa naufragada com mais de 500 anos é descoberta no litoral do país. Dentro dela, uma estranha caixa de prata lacrada esconde um segredo. Apesar do aviso grafado, com a recomendação de não abri-la, a equipe de mergulhadores que a descobriu decide seguir em frente, e encontra sete cadáveres. Esses corpos misteriosos são levados para estudos e tudo parece estar sob controle até o despertar do primeiro deles. O romance mistura diversos elementos já conhecidos na escrita de Vianco: terror, suspense, fantasia, sobrenatural, romance e o tema pelo qual o autor é reconhecido: VAMPIROS.

Já conhecia a escrita de André Vianco através de título O senhor da chuva, uma saga entre anjos e demônios. Gostei demais! Mas, voltando ao Sete, o livro tem uma narrativa envolvente, personagens bem construídos e as cenas se passam em vários locais aqui no Brasil inclusive, minha cidade e a cidade do próprio André Vianco: Osasco. Sem dar spoilers mas, as cenas de perseguição em plena rua Dona Primitiva Vianco (reconhecem o sobrenome?), muito conhecida na cidade e bem movimentada com muito comércio são incríveis. Uma das melhores cenas da história. Como nasci e morei até pouco tempo lá, ler o livro e percorrer ruas tão familiares foi um deleite. A partir daí, li os demais livros que lançou: O sétimo, a continuação do Sete, narra a história do sétimo vampiro. O último a ser despertado e o mais temido. Até entre os próprios vampiros. Eh lêlê, aventura pra lá de boa.

Hoje, André Vianco tem uma legião de fãs espalhados por todo o país e onde vai, arrasta quarteirão. Essa é minha dica de leitura. Se nunca leu nada dele, essa é a hora de começar. Garanto que você vai ter momentos de muita aventura e fantasia. Bora lá?

Abaixo, outras capas do livro:

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Mais uma volta pelo minha estante (3)

O desafio de hoje é contar minha idade através dos livros de minha estante. Confesso que quebrei a cabeça nesse desafio. Nem é por conta de abrir a real sobre meus anos de vida. Não mesmo. Quem me conhece sabe que não tenho problemas com idade. Poderia facilitar reunindo o total de livros de minha estante que dá o exato número.

É claro que tive de dificultar né? Fui inventar de fazer umas contas malucas (na realidade, simples soma de adição e subtração), esquecendo que tomei pau em matemática na escola. Números nunca foram meu forte.

Passei o dia de ontem quebrando cabeça fazendo contas: sobe 11, desce 7 acrescenta 15….Ai minhas santas sinapses calculistas. Ilumina essa mente travada para contas!

Após muita cafeína acompanhada de Ferrero Rocher, cheguei a conta redondinha e, prezados leitores, apresento-vos meus livros selecionados. Espero que gostem, procurem por eles e leiam com o mesmo prazer que os li.

O primeiro livro que escolhi foi o romance Alice: uma voz nas pedras, de Lunna Guedes. Livro belíssimo mas que confesso à vocês, tive dificuldades para ler. Não pela qualidade da escrita – que aliás -, é excelente. Contudo, a temática mexeu demais comigo: violência contra a mulher. Não preciso dizer mais nada né? Como mulher, já presenciei muitas formas de violência. As explícitas e as sutis, mascaradas, aplicadas através de um sorriso falso. Convivemos diariamente com várias Alices, muitas delas, em nossa própria família e grupo de amigos. Lunna, ainda vou sentar com calma e escrever uma resenha sobre esse livro. Aguarde. Inicio por esse livro contabilizando o número dele, 17 para dar largada ao número exato que compõe minha idade. Vão anotando.

O livro escolhido logo a seguir para compor minha louca somatória foi esse juvenil que pelo título já diz o porquê da minha escolha: Sixteen, de Luíza Araújo. A encantadora história fala sobre o lema dos dezesseis jovens deuses que, vivendo uma paixão proibida, fogem do destino que seus pais lhes reservaram e embarcam em uma jornada repleta de aventuras e descobertas.

O livro seguinte a ser escolhido e colocado nessa conta estranha, foi o livro de crônicas Receituário de uma expectadora, de Roseli Pedroso (euzinha!). Sou amante da janelinha quando viajo e na vida, também não é diferente. Sou expectadora da vida que pulsa ao meu redor e estou sempre coletando situações e personagens para fincarem morada em minhas crônicas. Se não leu ainda, está esperando o quê para adquirir um exemplar? Vocês observaram o número 25 na capa? Então, soma aí.

O último livro escolhido para fechar essa conta foi o livro Se só me restasse uma hora de vida, do escritor, filósofo e jornalista francês Roger-Pol Droit. Foi num encontro numa cafeteria com Lunna Guedes que fizemos troca de livros e esse, veio junto de outros que troquei com ela. O autor, propõe nesse livro um exercício radical, decisivo, que vale todas as lições de filosofia e sabedoria: E se você tivesse apenas uma hora de vida, o que faria? Qual seria sua escolha? Adorei e indico porque, apesar da temática que muitos fogem, é escrito de uma forma elegante que nos leva a definir o que realmente é essencial em nossas vidas.

E então? Fez a soma e subtração? Encontrou um resultado? Fala nos comentários a que conclusão chegou.

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Passeio por minha estante (2)

O universo de uma biblioteca representou para mim uma porta aberta para a fantasia. Através dela, tive oportunidade de atravessar séculos, cidades, países e ter contato com inúmeras culturas.

Curiosa, nunca me ative a um único estilo literário. Alguns, como a poesia, demorei mais tempo a conhecer porém, quando me aproximei, caí de paixão por vários poetas (Drummond, Pessoa sempre!). Aqui, tenho poetas contemporâneos que gosto demais: Dulce Miller, Ana Clara de Vitto, Nic Cardel, Alê Safra, Mariana Teixeira, Jorge Ricardo Dias, Ninil Gonçalves, Adriana Aneli, Virgínia Finzetto, Marcelo Moro, Maria Florêncio, Claudinei Vieira, Akira Yamasaki, Ingrid Caldas.

Minha estante é diversificada. Tenho a coleção quase completa da Scenarium Plural. Digo quase, porque alguns livros deixei na casa de minha mãe.

Autores contemporâneos e ainda não tão conhecidos da grande massa leitora e que são maravilhosos: Plínio Camillo, Fernando Rocha, Setúbal, Márcia Barbieri, Eugein Weiss, Nanete Neves, Daniel Lopes, Ricardo Coiro, Rê Schermann.

E outros, já ganhadores de prêmios com Andrea Del Fuego, Milton Hatoum, Lya Luft, Patrícia Mello, Marcelo Maluf.

Apaixonada por contos, tenho em minha companhia Julio Cortázar, Lygia Fagundes Telles, Rubem Fonseca, Maria Teresa Fornaciari, Ricardo Ramos, entre tantos outros.

Tenho na estante não somente ficção mas, livros que orientam a escrita e falam dela: Técnicas para escrever ficção, Oficina de escritores, Manual da boa escrita, Escrevendo com a alma, A arte de fazer artes, Cinema: roteiro, A coisa mais próxima da vida, Como funciona a ficção, Sobre a escrita, A arte do romance, 1001 dúvidas de português, Minidicionário contemporâneo da língua portuguesa.

Ah, antes de terminar, não posso deixar de citar os autores juvenis que também aprecio: Carlos Davissara, Brian Selznick, Sarra Manning, Luíza Araújo, Thalita Rebouças. Sempre mantenho um espaço na estante para futuras aquisições porque uma estante de livros deve sempre viver em franca expansão.

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Passeio por minha estante (1)

A leitura está em minha vida há tanto tempo que mal consigo determinar quando realmente passou a ter importância. No entanto, os livros só passaram a fazer parte de minha rotina, quando comecei a trabalhar em uma biblioteca escolar. Isso, em meados da década de noventa. O contato com tantos livros e com sua diversidade de assuntos, despertou de vez o amor a esse objeto. O pegar, sentir, folhear, admirar suas ilustrações quando presentes, tudo passou a ter um significado especial. Lá em casa, minha irmã mais velha tornou-se assinante do hoje extinto, Círculo do Livro. Dessa forma, através dela, eu e meus irmãos fazíamos pedidos de títulos de nosso interesse. Em pouco tempo, meu pai fez uma estante que pegava uma parede e ia até o teto. Lá, tornou-se nosso cantinho da leitura. Tínhamos de tudo: de Agatha Christie, Leon Denis, Clarice Lispector, Raquel de Queirós, Ken Follett, Trevanian, Vinícius de Moraes e tantos outros.

Quando há quatro anos, decidi morar sozinha, tive de fazer uma seleção do que me acompanharia pois o espaço era pequeno. Alguns títulos mantenho intacto em minha estante, contudo, muitos títulos passei adiante através de doações e deixados em espaços públicos através do projeto Bookcrossing Blogueiro, da página do blog Luz de Luma .

Hoje, topei um desafio feito pela Lunna Guedes, da Scenarium Plural, para participar falando de minha estante de livros. Para iniciar o desafio, selecionei três títulos com iniciais de meu nome. Dois deles, são de autores queridos que tive a honra e privilégio de conhecer pessoalmente.

Remédio forte é o título do livro de contos de Gláuber Soares, publicado em 2014 pela Terracota. Seus contos relatam a vida de pessoas comuns que, numa linguagem concisa, nos emociona, nos faz rir e viver experiências comuns com o qual nos identificamos de imediato.

Volta – se houver motivo para voltar, de Ana Costa. Livro autobiográfico no qual a autora expõe sua vida antes e depois do acidente vascular cerebral que sofreu em novembro de 2014. Suas dificuldades com a doença, demissão, separação, doutorado interrompido poderia tê-la afundado. No entanto, com determinação, coragem e humor, deu a volta por cima e se reinventou. Livro delicioso de se ler.

Primavera num espelho partido, de Mario Benedetti. Nunca tinha livro livros desse autor uruguaio. Foi uma bela surpresa vinda pelas mãos de minha cunhada que me emprestou seu livro para eu ler. Livro arrebatador, conta a trajetória de uma família separada pela prisão. Romance é narrado por diversas vozes incluindo o próprio Benedetti, que vivenciou a violência da ditadura e passou parte de sua vida exilado.

Durante a semana postarei aqui outros textos onde a minha estante será a protagonista. Conto com sua visita e seu olhar. E você, como é sua estante?

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Pausa

Dois metros e vinte por um e quarenta. Essa é a metragem que me foi dado para vislumbrar o mundo. Lá fora.

E sou grata, uma vez que a maioria dos apartamentos modernos têm janelas bem menores. Em confinamento há três semanas, no qual, nem chance de ver, abraçar, beijar e me despedir de minha família tive direito. Tudo foi tão rápido. Notificação na empresa de que a partir do dia seguinte, trabalharíamos em casa, organização do que traria para casa e a vinda, corrida e assustada sem saber ao certo o que aguardar dali para a frente.

Desde então, vivo numa bolha isolada. Optei por manter a rotina de outrora. Acordo as sete horas, levanto, preparo o café, esquento meu pãozinho, tomo meu banho, me arrumo como se fosse sair para trabalhar. Ah, antes de tudo isso, abro a janela e miro o horizonte observando a mudez dos edifícios e ouço o canto dos pássaros. Não sei ainda onde ficam mas ouço-os nitidamente como se estivessem no beiral de minha janela.

Sinto que sou um misto de personagem da obra de Chico Buarque com o filme norte americano O feitiço do tempo.

“Todo dia ela faz tudo sempre igual”…

Esse trecho da canção não me sai da cabeça. Decidi ouvir outras canções. Instrumentais são as que mais tem me feito companhia. Jazz.

Redescobri o prazer de cozinhar minhas próprias refeições. E constatei que, além de me dar prazer, sou boa nisso.

Assisto a séries coreanas na Netflix, outro dia descobri uma série sobre o Freud. O ator é bem bonitão. Agrada minhas retinas. Comecei a assistir também uma série dinamarquesa que se passa numa escola: Rita. Matando saudades da minha escola, da meninada, do barulho, da convivência. Leio muito. Feliz por ter uma estante repleta de livros que ainda não havia lido. Retomei a leitura do livro Se só me restasse uma hora de vida, de Roger-Pol Droit. Filosofia agradável em forma lírica. Como não tenho problemas com a temática, me ajuda a formar opinião e a me fortalecer.

Sou espiritualista e toda noite tenho dado uma pausa em minhas atividades terrenas. Medito. Oro. Vibro por mim e pela humanidade.

Esperança de dias melhores.

Esse texto faz parte da série de blogues que foram convidados para escrever sobre o tema. Convite feito pela Scenarium Plural, na pessoa de Lunna Guedes.

Curiosidades literárias

O que dizer sobre minha vida literária? Alguns dirão que – assim como minha vida -, é uma bagunça. Outros, com certeza enxergarão riqueza e diversidade.

O que posso garantir, é que não consigo viver sem um livro sendo desvendado. Talvez seja uma Voyeur que ama espiar janelas e se deleitar com o cotidiano dos outros. Ler um livro é bem isso. Entrar sem pedir licença na história de pessoas fictícias que bem poderiam ser nossos familiares, vizinhos, conhecidos. É como ver a porta encostada e entrar sorrateiramente. Fazer um tour pela casa alheia observando hábitos, costumes, ouvir conversas íntimas, descobrir que usam tal marca de dentifrício e sabonete. Esse pensamento me remete a uma história de um dos contos do livro de Haruki Murakami: Homens sem mulheres. Aliás, esse é um de meus autores preferidos.

Faço leitura de quase tudo o que cai em minhas mãos. Quase tudo, pois também carrego alguns preconceitos. Não leio autoajuda muito menos romance tipo Sabrina ou Nora Roberts. Explico: quer me ganhar como leitora? Surpreenda-me. Detesto histórias previsíveis. Se após alguns capítulos já consigo sacar o final, esquece. Fecho o livro e perco todo interesse. Ah! Tem algo mais importante do que me surpreender: Escreva bem.

Um texto bem escrito, bem estruturado, envolve e dá um prazer incrível em mergulhar em suas linhas. Exemplo trago muitos mas posso indicar qualquer obra do escritor Josué Montello.

Ouço ecos: QUEMM???

Pois é amigos leitores, sempre que verbalizo alguns nomes da nossa tão desvalorizada e rica Literatura Brasileira, ouço essa frase. E muito me entristece saber que nossos escritores tão talentosos são desvalorizados por nós mesmos. Trabalhando em bibliotecas há quase trinta anos, abracei essa causa e sempre divulgo e tento sensibilizar meus usuários para se permitir conhecer as obras nacionais. Nomes conhecidos como o próprio Montello, Guimarães Rosa, Carlos Heitor Cony, Lygia Fagundes Telles, Clarice Lispector, Rubem Fonseca, José Lins do Rego, Érico Verissimo e tantos outros. Não dá para citar todos. O espaço seria pequeno apesar de infinito.

Contudo, minha vida literária tem muito mais. Lembro que em meados de 1995, quando era recém contratada do Colégio onde ainda me encontro trabalhando, minha primeira leitura de impacto foi a saga As brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley. Fiquei meses impactada pelos personagens e roteiro das histórias vividas pelo rei Artur e seus cavaleiros. A seguir, a saga de Penélope Keeling me absorveu por completo através da narrativa cativante de Rosamunde Pilcher. Que história! Que personagem! E por falar em personagem, sou uma perseguidora de personagens femininos fortes, marcantes. A Penélope foi talvez a primeira que descobri mas depois, vieram muitas outras como a serial killer mais conhecida como Beleza Mortal, Gretchen Lowell, do livro Coração partido de Chelsea Cain. Citando personagens de Josué Montello, do livro Uma sombra na parede, nos apresenta duas mulheres Malu e Ariana. Anos mais tarde, tiver o prazer de conhecer outra dupla de deixar marcas para quem lê: Alexandra e Raissa, do livro Lua de papel, de Lunna Guedes. Adoráveis e inesquecíveis!

Outra curiosidade das minhas aventuras literárias é escolher livros que me apresentem lugares e culturas desconhecidas. Conheci o Afeganistão e sua cultura através do belo Mulheres de Cabul, de Harriet Logan, a Índia através do olhar (novamente feminino), de Tilo (personagem) desenvolvido de forma magistral pela escritora Chitra B. Divakaruni. Pude conhecer um pouco da idílica Provence, região da França, pela ótica do inglês Peter Mayle no excelente livro Um ano na Provence, e também do ótimo e mais atual livro A livraria mágica de Paris, a escritora alemã Nina George. Um mergulho numa cultura que nos envolve e nos faz sentir vontade de se aposentar e fixar moradia por lá.

Quem me conhece sabe do quanto aprecio ler e escrever também crônicas. E claro, tenho uma lista enorme de cronistas que nos inspiram através de suas óticas, uma leitura primorosa do cotidiano. Rubem Braga, o mestre dos mestres. Contudo nomes como Moacyr Scliar, Carlos Drummond, Cecília Meireles, Fernando Sabino e entre tantos, o meu amado/idolatrado/salve-salve Caio Fernando Abreu. Ah! Como é bom ler as crônicas desses que citei e tantos outros.

E o que dizer de minhas descobertas na literatura juvenil? Quantas pérolas descobri através de uma ótica voltada para os mais jovens mas , que nem por isso, deixa de ser uma literatura rica e também diversificada. Livros que marcaram minha pré-adolescência e mesmo na fase adulta onde pude ter um contato maior com esse gênero e tive o prazer de ler histórias fascinantes. Exemplo? Muitos… A montanha partida, de Odette de Barros Mott. Foi minha primeira grande aventura juvenil. O gênio do crime, do recente falecido João Carlos Marinho. A saga do menino bruxo Harry Potter me encantou com seu mundo peculiar. O fantástico livro fantasia/juvenil Penumbra, de André Vianco. Marina, do espanhol Carlos Ruiz Zafón.

É com pesar que ponho um término nessa minha postagem. Poderia varar o resto da tarde e adentrar a noite tecendo meus pareceres literários. E as muitas curiosidades que cada leitura trás em si. Só posso dizer com certeza absoluta uma coisa: Ler é fundamental para o entendimento da vida e do ser humano. Ler, abre os olhos da alma para um turbilhão de emoções e percepções que nos abastece para as mais diversas situações. Ler, além de ampliar nosso vocabulário, nos proporciona condições de falar melhor, com mais clareza e nos posiciona num patamar que nos fornece condições e ferramentas para crescermos profissionalmente.

Tarde de lançamento: registros

O que falar da tarde de sábado, 19/11/2016? As palavras serão poucas para traduzir o encontro de almas literárias e seus leitores no lançamento dos livros artesanais da Scenarium Plural comandada por Lunna e Marco Antonio Guedes.

Quatro lançamentos:

  • Detalhes intimistas, Tatiana Kielberman (crônicas);
  • Receituário de uma expectadora, Roseli Pedroso (crônicas);
  • Alameda das sombras, Marcelo Moro (poesia);
  • Mia…a holandesa dos pés descalços, Anselmo Vasconcellos (romance);
  • Revista Plural (diversos autores).

A tarde foi especial, a começar pelo local escolhido: Ekoa Café, Vila Madalena, São Paulo.

Um espaekoaço bonito, que tem como conceito #café compartilhado. Quer ideia melhor que essa para reunir pessoas amigas e que têm como ponto em comum a literatura? Com música ao vivo num pequeno palco logo na entrada, as pessoas iam chegando e já sendo recepcionadas por uma boa música e o atendimento simpático da equipe sempre atenta dos funcionários da casa.

Reunião amigável com direito a muitos sorrisos, abraços e afagos. Final da tarde/ já noite, deixei o recinto sentindo-me abençoada por tanta energia boa.

Obrigada a Lunna Guedes pelo convite, a Julia Bernardes que revisou meus textos, a todos os autores presentes. Os que lançaram, os que foram prestigiar. Aos amigos e parentes presentes. Obrigada Universo por conspirar a meu favor trazendo tantas coisas boas nesse ano de 2016. A seguir alguns registros da tarde:

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Aqui, registro dos autores que tiveram seus livros lançados: Marcelo Moro, Anselmo Vasconcellos, a editora Lunna Guedes, Eu (Roseli Pedroso) e Tatiana Kielberman.
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Imagens: Marisa Morato, Claudinei Vieira e demais amigos