BEDA – Uma homenagem à intimidade

Em meados de 2010, 2011, quando fiz minha avant premiére em oficinas literárias, conheci muita gente legal e foi o início da minha caminhada na escrita.

Em janeiro de 2012, estive presente na livraria Martins Fontes, para o lançamento de livro de uma colega dessa oficina. O livro, uma coleção de textos que a autora escrevia diariamente em seu blog.

Com uma pegada erótica, seus contos, crônicas e poemas são verdadeiro banquete para o leitor que está atrás de algo mais requintado. O livro, assim como o blog, levam o mesmo nome: Dedos não brocham.

O título por si só me ganhou na época de seu lançamento, pela editora Draco. Com prosa poética sofisticada, a escritora, Alessandra Safra, nos leva a um passeio por temas comum a todos, desfiando os conflitos de forma deliciosa. Verdadeira reflexão que nos leva muito além do erotismo.

Encontrava-se escondidinho em minha estante e hoje, ao fazer uma busca por inspiração para a escrita da postagem, deitei meus olhos nele e percebi que ele merecia receber os holofotes. Abaixo, alguns poemas e trechos para degustação. Encontra-se na Amazon no formato eBook.

Sampatodos

amontoados estranhos somados todos no prego do aço

alfalto labirinto concreto unidos no pó negro, pestilentos

rios, corrosivo ar onde o verde está nos olhos dos mortos

terra constipada de sonhos exilados deslumbrados

achados&perdidos

desta janela

vida em nós

passa

são(?)

paulo

baila em braile entre coxas minhas?

você que tão virtuosa dedilha

essa canção para tantos

MELólica

aqui

ai

Dissidente

não me arrepia a caída dessa alça da blusa,

essa curta saia e coxas roliças no mistério do além sombra.

pouco importa entreaberta sua boca rosada

nessa oferta matreira e sonhos frescos.

hoje o sol escancara amarguras,

A pergunta que não quer calar: onde anda Ale Safra? Não escreveu mais?

Esse texto faz parte da blogagem coletiva BEDA (Blog Everyday April).

Participam comigo:

Alê Helga – Claudia Leonardi– Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins

BEDA – Dedicatória

É só teu o meu livro; guarda-o bem;

Nele floresce o nosso casto amor

Nascido nesse dia em que o destino

Uniu o teu olhar à minha dor!

Florbela Espanca

Esse poema inicia o conjunto de poemas e contos que fazem parte da coleção Mulheres de todos os tempos, com quarenta e dois poemas e sete contos da escritora portuguesa. Publicado pela Oficina Raquel, comprado na livraria Gato sem Rabo. Só mulheres incríveis mostrando seus talentos e potenciais.

E eu, leitora voraz, ganho em poder viver entre livros e conhecer cada um que se apresenta numa vitrine física ou online.

Esse texto faz parte da blogagem coletiva BEDA (Blog Everyday April).

Participam comigo:

Alê Helga – Claudia Leonardi– Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins

BEDA – A difícil arte da convivência

Mês passado estive com meu irmão e cunhada, visitando a Livraria Gato sem rabo. Praticamente situada em meu quintal, ainda não tinha tido tempo de explorar esse pequeno/grande universo das letras escritas exclusivamente por mulheres. Se não fosse por meu irmão que começou a ficar impaciente, pois tínhamos compromisso, nós mulheres teríamos passado o dia conhecendo, folheando cada livro que ali estava.

O que mais me agradou, foi conhecer muitas editoras que até então, nunca tinha ouvido falar. Escritoras de toda parte reunidas num espaço agradável, acolhedor. Após tantos livros manuseados, escolhi dois títulos para levar comigo. É sobre um deles a postagem de hoje.

Estou desde 2020 na pegada dos filmes e séries coreanas, faltava me aprofundar mais na literatura coreana. Durante a pandemia, li o livro A vegetariana, de Han Kang, que simplesmente me impactou.

Sobre minha filha, de Kim Hye-Jin, publicado direto do coreano pela Editora Fósforo, foi a escolha da vez. Trouxe ele na bagagem para ler durante esse feriado de Páscoa. Praticamente li todo ele ontem.

A escritora sul coreana LGBTQ+, vencedora do Prêmio Dong-A Ilbo’s Spring Literary, aborda um tema delicado que é a aceitação da homossexualidade no seio familiar.

Sinopse: Deve uma mãe desejar que a filha seja aquilo que ela não pôde ser? E o que pode ser feito quando as coisas não saem como o esperado? Neste romance comovente da sul-coreana Kim Hye-jin, a protagonista, uma cuidadora de idosos, é uma mulher exemplar aos olhos da sociedade. Viúva de um casamento dentro dos padrões, criou a filha para seguir as tradições ― casar, formar uma família e desfrutar de uma casa própria e um bom salário ― e não perturbar seus planos de aposentadoria sem sobressaltos. Mas tudo sai do eixo quando Green se assume lésbica e, sem emprego fixo ou renda para pagar o aluguel, volta para a casa da mãe com a namorada. Envolta em culpa e arrependimentos, a mãe encara a situação de modo pouco generoso, inclusive consigo mesma…Sobre minha filha é um romance profundamente honesto a respeito da intensidade dos laços de família, mas não só. Conhecida por retratar de forma compassiva o sofrimento silencioso dos oprimidos, Kim Hye-jin traça um panorama da classe média sul-coreana e evidencia a falta de mobilidade social de uma sociedade que vê seus índices de pobreza aumentando a cada dia. Nela, viver com dignidade é em si só tarefa árdua, que exige que mãe e filha superem as diferenças e o ressentimento para acolher uma à outra.

Diante da beleza e força da narrativa, pela história em si, pelo talento da escritora, indico para todos a leitura desse romance. Outros temas abordados que a mim, é muito familiar são a vida e decrepitude de idosos, na casa de repouso onde a mãe/personagem trabalha, a crise econômica. Isso tudo lhe é familiar?

Esse texto faz parte da blogagem coletiva BEDA (Blog Everyday April). Participam comigo:

Alê Helga – Claudia Leonardi – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins

BEDA – Uma leitura que te pega

Sou uma devoradora de livros assumida. Aberta a ler quase tudo. Gosto de histórias mescladas com fatos verídicos e ficcional. Xangô de Baker Street, Anjos e demônios, O Clube Dante e tantos outros. Sei separar muito bem o real e o não real. E tenho comigo, que mesmo a realidade, tem seu filtro próprio e que cada um enxerga o que alcança ou deseja enxergar.

Estou a caminho do término de um livro que me pegou de jeito e por conta de sua leitura, deixei de lado meu hábito de ler um capítulo por noite de cada um dos cinco livros empulhados em minha mesa de cabeceira. Toda noite minhas mãos vão ao encontro de outro livro e…Simplesmente desvia e volta a pegar ele.

O livro dos anseios me conquistou logo de cara pelo título afinal, carrego meus anseios e escrevo sobre eles também. Identificação. Abaixo, o início da história que me fisgou de imediato

Meu nome é Ana. Fui esposa de Jesus, filho de José de Nazaré. Eu o chamava de Amado, e ele, me chamava de Pequeno Trovão. Ele dizia ouvir estrondos dentro de mim quando eu dormia, como o som de trovoadas muito além do Vale do Nahal Zippori ou mais para lá do Jordão. Não duvido que ele ouvisse alguma coisa. Toda a minha vida, anseios viveram dentro de mim, saindo para lamentar e cantar durante a noite. Que meu marido, em nossa cama fina de palha, colocasse seu coração sobre o meu para escutar era o ato de bondade que eu mais amava nele. O que ele ouvia era minha vida implorando para nascer.

Uma mulher/personagem que luta contra as regras rígidas que a impedem de crescer e expressar o que pensa sem dúvida, me cativa. O fato dela ter consciência de sua situação e de tantas mulheres de seu tempo que foram violentadas e amordaçadas, vendidas e usadas. Sua necessidade em escrever nos papiros sobre essas vidas e toda situação vivida numa época tão selvagem mas que também se assemelha (Infelizmente) aos nossos tempos me leva a muita reflexão. Sei que não será uma temática que agradará a todos mas, se você se despir de todo e qualquer julgamento, tenho certeza que lerá uma história incrível e se apaixonará por essa mulher. Sou fã de Jesus – humano, revoltado com os desmandos romanos, crítico e justo mas, aqui, quem brilha e impera o tempo todo, é a figura gigante de Ana. Ah, justiça seja feita. Ana recebeu amor e conviveu com outra mulher que foi exemplo para ela. Outro ser gigante e amaldiçoada por todos: sua tia Yalta.

Sue Monk Kidd, a autora dessa obra, já tem outros livros de peso como seu primeiro romance A vida secreta das abelhas que foi adaptado para o cinema em 2008. O livro que estou lendo faz parte da assinatura TAG e tem uma edição belíssima mas você pode adquirir também por outras editoras. Se já leu, comenta comigo. Se não leu, deixo aqui uma sugestão incrível. Vale muito a pena passar algumas horas com Ana.

Esse texto faz parte da blogagem coletiva BEDA (Blog Everyday April). Participam comigo:

Alê Helga – Claudia Leonardi – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins

Especiarias da Lapa

Tempo de desacelerar, entrar em ritmo de celebrações, encontros, abraços e beijos. Aproveito esses dias fora do eixo para ficar introspectiva, remexer baús da memória, selecionar e separar lembranças e transformar tudo em narrativas literárias. A escrita passou a fazer parte da minha vida mesmo que nem sempre consiga postar por aqui, em meu blog. Que deveria ser diário, como é a proposta de um blog mas, uma vez que é meu, utilizo-o da forma que dá e não da forma ideal.

Uma vez falando em lembranças e memórias, aproveito para divulgar mais uma vez, meu livro Quinta das especiarias. Um remexer de ingredientes gastroafetivos que deram um tempero a mais em minha infância. E que agora, divido com quem deseja mergulhar e se aventurar em outros sabores.

Também reforço o convite para estarem presentes ao meu bate-papo com Lunna Guedes e Suzana Martins, no dia 23/12, pelo Instagram da Scenarium Livros Artesanais. Traga sua xícara de chá ou café, se for de sua preferência, pode ser também uma taça de vinho e venha participar dessa conversa e leitura de textos meus. Será um prazer a mais! Enquanto isso, deixo um texto para leitura e aguçar sua vontade de ler o todo.

No passado, ela não foi figura presente em meu dia a dia. Prima de segundo grau, morava no bairro da Lapa de baixo e quase não tínhamos contato. Passou por muitas dificuldades materiais e grandes perdas.

Numa tarde, ela chegou para uma visita. Volumosa, barulhenta, escandalosa em sua maneira de se comunicar. Chegou acompanhada de uma amiga. Nessa época, eu era a típica adolescente invocada. Chata mesmo! Não gostei delas.

Suas visitas tornaram-se constantes. Ao ficar sabendo que viriam, fugia, ficando reclusa em meu quarto ou, simplesmente saía. Quando tentaram se aproximar, fui antipática, grosseira. Hoje, me arrependo. Ah, esses hormônios desequilibrados da juventude!

Na maturidade, descobri pessoas incríveis, divertidas, sábias em sua simplicidade. Permanecem juntas até hoje. Um casal como bem poucos a gente vê por aí. Brigam, discutem, riem mas, caminham sempre na mesma direção. Companheiras de viagens e de vida em comum.

A prima, descobri depois, foi cozinheira em diversos restaurantes. Numa de suas visitas, levou para o lanche da tarde, pão de mel feito por ela.

Eu, que nem sou de tanto doce, caí de amores por esses pães. Saborosos, macios por dentro. Aromáticos!

Ainda bem que ela levou em quantidade, pois todos se fartaram. Ninguém conseguiu comer apenas um. Aos poucos, através do doce de seus pães e de seu olhar, paciência, conversas e risadas, ela me conquistou. Aliás, elas. Consegui superar um preconceito besta, adoçando minha índole, abrindo meu coração e aceitando-as exatamente como são: seres humanos.

Recordo da última vez em que nos encontramos. Havia mudado da casa de mamãe fazia pouco tempo. Num final de domingo, após o lanche, ganhei uma carona até a estação de trem. Durante o trajeto conversamos como nunca havíamos conversado. Sem bloqueios, sem muros levantados. Apenas duas primas distantes a confidenciar conquistas, anseios, certezas. Soube que ela e sua companheira mudaram para o litoral.

Pão de mel como os dela, nunca mais provei. Acabo de passar um café que perfumou todo o ambiente. Essa lembrança veio forte, embalada por aromas de erva-doce, cravos-da-Índia, cardamomo e pétalas de rosa. Resquícios de um sabor agridoce.

Esse texto e outros, se encontram no livro Quinta das especiarias que você pode adquirir através do site da Scenarium Livros Artesanais ou clicar na capa do próprio livro, na lateral do blog. Livro, sempre um prazer ler, ganhar e dar de presente.

Aguardo vocês na live, dia 23/12 às 19h30

Colcha de retalhos

Ao receber os últimos lançamentos da Scenarium Livros Artesanais ao final do ano passado, cada um mais lindo que o outro, optei pela primeira leitura. Não me arrependi da escolha. Ao término da leitura que foi veloz, pensei em voz alta, emocionada: preciso fazer uma resenha.

Fui atropelada por inúmeros acontecimentos familiares e profissionais que me impediram de sentar com calma e escrever.

O dia chegou e hoje, narro meu parecer de leitora. Colcha de retalhos, da minha queridíssima escritora Mariana Gouveia.

Numa narrativa pessoal, a autora nos pega pela mão e delicadamente, nos leva a uma paisagem asiática com seus costumes e cultura peculiar. Uma história sobre amizades, vivência, perdas. Pequenas e grandes tragédias que fazem parte da vida de todos. Contudo, na voz literária de Mariana Gouveia, tudo se transforma em poesia.

Kaori, Seiko, Ana…

Vidas que se entrelaçam ao na escritora, num matiz de lilazes, origamis e constelação estelar. Acompanhar a amizade que não se deteriorou nem com o tempo nem com a distância, alimenta a certeza de que vale a pena investir nas relações humanas.

Um livro com projeto gráfico de Lunna Guedes, ilustrações de Carli Ka, que muito enriquece o texto. É um livro que desperta os sentidos.

Kaori adorava contar sua história. De como conheceu Seiko no navio que os trouxeram para o Brasil…

Não tiveram filhos. O destino não quis…

Deixo para Maryann a lua bordada feita em ponto cruz por mim. Foi bordada na noite em que a solidão varria a alma, mas o céu tinha domínio sobre a presença. Nunca vi uma noite mais linda. Nem a que passávamos juntas no quintal de Kaori

Termino essa resenha, mais uma vez me emocionando diante de tamanha delicadeza. Se você ainda não conhece a escrita de Mariana, deixo o convite. Caso deseje obter a obra, clique aqui

Retrospectiva literária

O ano de 2021 foi bem agitado para mim. Dediquei mais tempo à escrita do que a leitura e mesmo assim, consegui ler livros bem interessantes que recomendo.

Fiz uma nova leitura de A elegância do ouriço, de Muriel Barbery. A cada passada de olhos por essa história, novas descobertas e deslumbramentos filosóficos. Sou totalmente fã dessa obra. Repleta de personagens ricos e humanos. Destaque para Renée, a zeladora do prédio e a jovem de doze anos, com ideias suicidas, Paloma.

Voltei a reler também, o livro de poesias Arrebatamentos e outros inventos, de Jorge Ricardo Dias. O dia a dia tão árduo que vivemos nesse ano, me fez voltar a ler poesias para dar uma leveza à realidade. O livro é um apanhado de poemas e sonetos do poeta carioca – que sabe manejar com maestria – as palavras e seus significados.

Continuando na pegada poética, tive o prazer de ler o livro Dentes moles não mastigam pedras de Manogon. Multiartista, atua na dramaturgia, é desenhista gráfico e escreve poemas com temas do cotidiano, através de notícias diárias. Poemas que retratam o duro cotidiano da periferia, com suas mazelas e belezas. Gostei demais da escrita dele, desde já, recomendadíssimo!

Iniciei a leitura do livro As ondas, de Virgínia Woolf e, confesso que ainda não consegui dar seguimento e término dele. Talvez não esteja preparada para a história. Talvez o momento não seja o certo. Mas, ler Woolf é sempre uma aventura então, recomendo a quem deseje conhecer essa escritora britânica.

Li as publicações da Scenarium Livros Artesanais que muito me encantaram. As antologias Casa Cheia, Casa de marimbondos, Roteiro imaginário, A quinze minutos do fim, do qual tive participação. Destaque especial para o belíssimo e recém lançado Colcha de retalhos de Mariana Gouveia. Livro de uma delicadeza e personagens muito bem traçadas que me emocionou ao término da leitura. Numa outra postagem, falarei mais dele.

Enfim, essas foram minhas leituras do ano de 2021. Apesar de uma lista menor, a qualidade dos livros falam por si. E você, o que leu no ano de 2021?

Esse texto faz parte da blogagem coletiva promovida por Lunna Guedes. Participam:

Ale Helga Darlene ReginaLunna GuedesMariana Gouveia

Ah, os domingos…

Estou prestes a fechar o ano de 2021 com a sentimento de dever cumprido e muitos escritos publicados. Além do livro de memórias Quinta das especiarias lançado há pouco, participei de alguns projetos que fazem parte do Scenarium 8 – clube de assinatura, da Scenarium Livros Artesanais.

O último a sair e fechar o ano com chave de ouro é Estrada para os domingos. Ao lado de excelentes escritores, companheiros constantes nos projetos literários.

Dá uma espiada nesse tira gosto:

Mais um coletivo que vale a pena adquirir e ler com o prazer de folhear um livro personalizado, confeccionado em papel de qualidade. Se desejar esse e conhecer os demais títulos da assinatura, clique aqui

Imagens: Lunna Guedes

Quinta das especiarias – O doce da infância

Atualmente, as famílias sem tempo nem paciência, quando resolvem dar uma festa, contratam empresas especializadas que planejam passo a passo, todo o cardápio.

Quando criança, a expectativa de uma reunião familiar, casamento ou aniversário, mobilizava a todos. A cozinha se transformava em linha de produção e, desde a véspera, a movimentação era grande. A alegria em participar dessa engrenagem, acontecia na mesma proporção.

Hoje, relembrando, muitos pratos típicos que faziam nossa alegria, caíram no esquecimento sendo substituídos por outros, de aspecto perfeito, gostosos mas, industrializados. Trago lembranças de alguns sabores que talvez, sejam mais saborosos por conter o ingrediente: saudade.

Protagonista ao lado dos bolos, as balas de coco faziam a alegria de todas as festas de aniversário e casamento, sempre ostentando sua vestimenta característica: papel crepom franjado Dava gosto admirar as bandejas dispostas na mesa com as franjas caindo, formando uma saia. Mais gostoso ainda, era surrupiar uma delas, sair correndo e se lambuzar, sentindo a bala se desmanchando na boca. Quando criança, ficava de olhos vidrados, observando a destreza com que a tia manuseava a massa. A substância incolor colocada na bancada de granito, após amornar, recebia puxadas numa atividade braçal incrível. A massa aos poucos, ganhava a coloração branca perolada que me fazia salivar.

(Trechos de Puxadas adocicadas, texto do livro Quinta das Especiarias)

Você está convidado a participar do lançamento online de Quinta das Especiarias, pelo selo Scenarium Livros Artesanais, sob a batuca talentosa de Lunna Guedes.

Para conseguir seu convite, solicite: scenariumplural@gmail.com

Para comprar seu exemplar acesse aqui

Dia: 27/11/2021

Horário: 17h