(Rozana Gastaldi Cominal)
Em minha formação recebi o duro cajado da perfeição, que foi passado de geração para geração. Quanto estrago fez! Seres infelizes que carregaram o duro fardo de não falhar jamais. O peso de serem exemplos de bons seres humanos. Pessoas perfeitas, num mundo imperfeito. Resumo da opereta: muito sofrimento reprimido, imensas frustrações por não poderem expressar o que de fato pensavam e desejavam. Transtornos causados por um emocional não desenvolvido que culminou em doenças materializadas.
Para quebrar a corrente que me prendia a esse “pensar torto”, trabalho dobrado. Não foi fácil tomar a decisão de quebrar a algema que me impedia de ser eu mesma e não um simulacro do que desenharam lá no passado que nem vivi. As cobranças são muitas, as culpas maiores .
Precisei de ajuda profissional para me conhecer melhor e tomar a decisão de tomar as rédeas. Não sou mais criança e a vida adulta, cobra atitudes coerentes. Amadureci na marra.
No passado, sofri por exigir a perfeição em todos ao meu redor. Sofrimento maior foi a cobrança comigo mesma. Joguei a toalha e hoje, não exijo mais nada. Reconheço o limite alheio, respeito suas falhas e acima de tudo, procuro diariamente aceitar o pacote completo que sou: virtudes e falhas. São todos bem vindos. É obvio que trabalho dia após dia para superar aquilo que ainda incomoda. Os demais humanos, posso apenas lamentar pois sei o quanto suas falhas e imperfeições lhe causam dores emocionais. Hoje sei que não é problema meu…
Mas tem momentos em que alguns serumaninhos ME-DÁ-UMA-VON-TA-DE -DE-PE-GAR-PE-LAS-O-RE-LHAS-E…
Traço falho, ah, deixa pra lá!
Esse texto faz parte da blogagem coletiva Blogvember. Participam comigo:
Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins
Imagem: arquivo pessoal
Que loucura esse negócio de perfeição e o pior e quando não basta a nossa, tem que atender a dos outros também. Ontem tivemos uma discussão a respeito da Ruth Cardoso e falava justamente disso, da imagem que ela passava para os outros. Um exemplo de primeira dama, disseram. Mas a pessoa por trás do exemplo era alguém tão sozinha, como tantas mulheres do tempo dela. E fico a imaginar porque atirou aquilo tudo calada. Era feminista para o mundo dos outros, mas não para o dela. Disseram que era por amor ao marido. E eu murcheim. Fiquei quieta, pensando em quantas se falavam por conveniência, vergonha ou medo.
Que bom que muitas de nós se libertam dessas amarras. Mas as armadilhas estão por toda a parte
Roseli, obrigada pelo zelo de nossas imprefeições. Reitero suas palavras em outros versos meus:
*em tempo de guerra*
imperfeitos gomos
defeito genético em todos os cromossomos
não há dna que nos alivie do que somos
Rozana Gastaldi Cominal
Rozana querida, bom demais te ver por aqui também. Que maravilha de versos!!!