Confesso não percebi o momento de nossas mãos algemadas

Ao ler a poesia de Adriana Aneli, sou tomada por uma magia, uma sensação de voltar de onde viemos. Tenho ciência do ciclo ao qual pertencemos: nascemos, nos transformamos e ao término – sempre há um término – perecemos para que o novo surja belo. É o ciclo de tudo, da vida. Espiritualista, abraço tal ideia e creio nessa possibilidade. E esse sol da tarde, tecido e dividido conosco através de seus poemas, aquece nossa alma humana sempre em conflitos e tomada pelo medo.

Chego hoje ao término do dia, já em meio a noite, de coração apertado, pulsação fraca, umidades nos olhos embaçando a tela do note. A confirmação de que somos todos e todas Libélulas a buscar a vivacidade, beleza, talento batendo as asas insanamente. Tentando registrar para a eternidade, nossa passagem, antes da queda que coloca um ponto final.

Intencionava escrever algo bem diferente, talvez mais leve, romântico. Mas não tive romance em minha existência, não fui personagem de novela global das 18h, nem fui premiada com beleza de miss universo. Trago um coração imenso preso dentro dessa caixa torácica. Ele transborda amor por tudo e por todos.

Minhas algemas não são aquelas utilizadas numa noite de sedução, minhas amarras são mais sutis, não ficam à vista. Sinto as mãos da humanidade presas umas as outras. Por isso, a infelicidade de um afeta a felicidade do outro.

E hoje, ajoelhada diante desse céu repleto de uma constelação de luzes LED, sofro um grito natimorto. A agonia presa na garganta me corrói. Sei que isso vai passar. Amanhã, desperto renovada com a alegria e esperança latentes mas, por hora, dá licença: parafraseando e tomando emprestado o título do mangá de Aya Kito, preciso despejar 1 livro de lágrimas.

Esse texto faz parte da blogagem coletiva Blogvember. Participam comigo:

Lunna Guedes –  Mariana Gouveia –  Obdulio Nuñes Ortega  Suzana Martins

Imagem licenciada: Shutterstock

9 comentários sobre “Confesso não percebi o momento de nossas mãos algemadas

  1. Ah Roseli, ontem parece que foi um dia de apertos infindáveis. Espero que no hoje – o amanhã de ontem – você esteja mais leve! ❤

    Um beijos Roseli querida!

    Ps: amei o título do mangá

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