Acordei e optei por ficar reclusa. Não por estar depressiva mas, por necessidade de ficar comigo mesma. Gosto de minha companhia, gosto de pensar. Sobre tudo e todos. Sobre mim.
A rotina, muitas vezes, nos engole e seguimos ligados no piloto automático. Agimos, seguindo com nossos compromissos terrenos, deixando para depois refletir sobre nosso eu interior e o que fazemos com ele. Sou adepta de alguns momentos de solidão. Apesar de necessitar de silêncio, nesse exato momento enquanto tento escrever, ouço Paul McCartney, num show ao vivo.
Let it be… Essa canção tem tudo a ver com esse meu momento. Olho pela janela e observo uma cidade aparentemente adormecida. Em tons azulados mesclado de algodão, num flash único, capto uma ilusão: uma metrópole calma, silenciosa, segura. Sento para escrever e continuo olhando para o nada. Ou talvez, para tudo ao mesmo tempo. Trago uma mente inquieta. Sou péssima em focar. As horas escoam…
Levanto para preparar um café. A inquietação pede um “pretinho cheiroso”. Aproveito para ligar o forno e assar uns pães de queijo. Adoro! Mais cedo, logo após o almoço, aproveitei umas bananas maduras e fiz doce. Enquanto mexia a colher de pau na panela borbulhante, lembrei da cozinha de minha avó Maria que estava sempre em movimentação. Amava aquela usina de coisas boas! Creio que herdei esse prazer dela.
Sempre que preciso analisar e resolver algum problema, é para lá que me dirijo. Entre panelas, ingredientes e fogão aquecido, vou preparando algo gostoso, enquanto a mente trabalha aquilo que devo resolver. Quando me sinto triste, também é lá, na cozinha que encontro conforto.
Meus pensamentos são interrompidos pelo som ensurdecedor de um porta batendo. O infeliz do vizinho sempre faz isso! Praguejo mas, logo cai no esquecimento.
Retorno para a tela vazia que desejo preencher com uma história mas, ainda não sei qual. Tenho um desejo estranho que me habita. Uma vontade de publicar algo de valor. Ao mesmo tempo, sei que nada do que escrevo será valorizado pelos “entendidos”. Afinal, escrevo sobre mim, minhas aspirações, minhas neuras e, vamos combinar, não sou ninguém nesse oceano de anônimos. Mesmo assim, escrevo.
O pão de queijo se manifesta num aroma que me faz parar de escrever.
Desvio meus pensamentos e desembarco em Paris. A Paris que tanto anseio um dia conhecer . Passeio por suas ruas, através do livro que estou quase no final: A livraria mágica de Paris, da escritora alemã Nina George, traduzido magnificamente pelo competente e querido Petê Rissatti. Bela e comovente história!
Olho mais uma vez pela janela e observo a noite caindo feito manto. Amo essa cidade! Aqui de dentro do meu apartamento, aquecida pelo café e pão de queijo, ouço agora, uma cantora de jazz que descobri por acaso: Inger Marie Gundersen. Bela voz, linda interpretação. Sinto-me envolvida por um abraço aquecido e invisível nesse meu momento de reflexão e escrita.
Imagem licenciada: Shutterstock
Participam dessa blogagem B.E.D.A.
Adriana Aneli – Alê Helga – Claudia Leonardi – Darlene Regina – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Ortega
Para quem a escrita não flui, você fez café, pão de queijo, foi à Paris e escreveu um saboroso texto, Roseli! Imagina, se fluísse?
Enquanto não realizo, faço acontecer por aqui mesmo rs
Eu viajei pela paisagem que chega a minha varanda e fiquei pensando no valor das coisas. Bem, fiquei a pensar em tantos autores lidos que em vida foram ninguém também nesse oceano de anônimos. Eu poderia até listar aqui alguns nomes, mas pensando bem, seria injusto com o anonimato atual.
Apenas escreva, cara mia e deixe o restante para lá porque o que seremos depois não nos cabe mesmo.
bacio
Obrigada Lunna. Você tem sido fundamental em meu aprendizado e caminhada na escrita. Esse texto é antigo, de 2017 que pesquei nos rascunhos do WordPress. Só atualizei um pouco. Bacio
Já te falei inúmeras vezes sobre sua escrita e que cada vez que leio você imagino tu lendo. Adoro tua escritas, mesmo quando tu diz que não flui… flui sim! Ah, se flui!
Grata Mariana! Além de escrever, gosto de uma leitura interpretativa kkkk
Oi querida!
Que bom ter você conosco no BEDA também.
Que delícia de texto! Café, lembranças, avó, p[ao de queijo e Paris. Amei
Um grande beijo
Claudia
Claudia, feliz em te receber por aqui. Beijos
Oi Roseli, retribuindo a visita e aproveitando para tomar um café…Sempre acabo conhecendo gente nova no BEDA!!!! Embora já estive aqui algumas vezes…Também adoro minha companhia, as vezes, é necessário ficar a sós…E Paris realmente é um sonho…
Abraços
Graças a tua escrita Me senti ao teu lado partilhando essa café com pão de queijo de uma forma calma e tranquila.
Chegando aqui pelo BEDA
Muita Luz e Paz!
Abraços
Oi Adelaide, seja bem-vinda a esse espaço. Aqui, café, pão de queijo, boa prosa e escritos são uma constante. Fique bem!
Café, pão de queijo e leitura. O que mais podemos desejar da vida?
Interessante, li um livro sobre Paris dias atrás, uma história real bem fofinha, água com açúcar e engraçada – Cartas de Amor de Paris. Me despertou a curiosidade de conhecer a França.
Abraços!
Esse livro não conheçomas tudo que se passa nessa cidade, me chama a atenção.
Oi, Roseli!!
Intimista e envolvente!! Você está sendo modesta, heim?
Beijus,
Luma Rosa, que saudades!!!! Bom demais receber suas palavras por aqui. Grata por sua visita e comentário. Beijos