Falar é bom. Saber escutar, melhor ainda. Isso é se comunicar!

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Dia desses, uma colega adicionada no Face comentou um fato específico mostrando o quanto não damos mais atenção de fato ao outro.

E isso lembrou-me o quanto tenho refletido sobre essa questão. Até mesmo porque, costumo sempre ser procurada pelas pessoas para desabafos. Sou boa ouvinte. No entanto, quando em meados de 2012 enfrentei uma crise pessoal brava, procurei tanto um ombro amigo que me ouvisse. Tudo o que consegui foram conversas iniciadas e interrompidas pela metade pois, ao perceber que a pessoa que deveria de estar me ouvindo, encontrava-se léguas de distâncias de mim. Não tem coisa mais brochante que isso. Cheguei ao ponto de parar de falar, aguardar a pessoa voltar de Urano ou seja lá onde estivesse e perguntar: Nossa! O que falava mesmo? E a pessoa começava a falar de si demonstrando que meu desabafo não havia sido registrado nem sido importante para ela.

Tentei em casa, com familiares, tentei com amigos mais íntimos, amigos não tão íntimos, colegas de trabalho. Ninguém me ouvia.

Até que cheguei a conclusão que deveria pagar para ser ouvida. Iniciei minha terapia. Não me arrependo. No entanto, sinto falta de poder conversar mais abertamente e com informalidade com pessoas de meu círculo social e familiar.

Alguns, já deixaram claro que não suportam ouvir problemas dos outros. Já bastam os deles. Uau! Desculpe aí!

Outros, são incapazes de entabular um diálogo se o assunto não for ele(a). Mais uma vez, desculpe aí! Mas sempre se lembram dessa que vos falo aqui quando precisam se desabafar, expor seus problemas, suas ansiedades, suas carências. Tempos atrás, iniciei o que supus ser um relacionamento. Fiquei feliz de primeiro momento pois me iludi achando que finalmente encontrara uma pessoa que tinha tudo a ver comigo. Como me enganei!

A criatura só enxergava o próprio umbigo. Incapaz de olhar para o lado, para a frente ou para atrás e ver o outro, seu próximo, eu.

Mas sempre me cobrava atenção, carinho e respostas às suas ansiedades e preocupações. E lá estava euzinha, linda, solícita, caridosa, atenciosa. Sempre afofando o ombro para que ele encostasse sua cabecinha e chorasse suas mágoas de vida.

Até que cansei desse posto 24h de conforto às carências alheias. Me demiti.

Confesso que ouvi muitas reclamações desde então. “Nossa, como você está mudada!, Credo, você está diferente!, Eu hein! Depois que começou a fazer psicanálise ficou estranha!, Você está insuportável!

Acredito que fiquei mesmo insuportável aos olhos de quem somente me sugava e jamais retribuía o mínimo de atenção e carinho que mereço. No entanto, sinto-me hoje tão mais completa e liberta daquele serzinho que fui um dia. Deixei de ser escrava do outro. Passei a adquirir uma certa dose benéfica de egoísmo. Já que não encontro quem me ouça, prestando atenção em mim, olhando-me nos olhos, se interessando pela minha pessoa, faço eu mesma o trabalho.

Nunca conversei tanto comigo como nos últimos tempos. E quer saber? Sou ótima companhia. Até me apaixonei por mim mesma. Portanto, não sabem o que estão perdendo!

Deixando a brincadeira de lado e voltando a questão, é algo que preocupa pois a humanidade está pouco a pouco perdendo essa habilidade que tanto a diferenciou dos demais seres vivos. A capacidade da comunicação. Afinal, comunicar-se não é somente falar, falar, falar. Isso é tagarelice pura. Comunicar-se é falar mas também saber ouvir.

E pra terminar essa minha longa divagação, relembro aquele que é até hoje considerado o rei da comunicação, o comunicador Chacrinha e sua famosa máxima:

” Alô!!!! Terezinha! Quem não se comunica, se estrumbica!”

Entendeu humanidade? Ou será preciso desenhar e traduzir em Braille e Libras?

13 comentários sobre “Falar é bom. Saber escutar, melhor ainda. Isso é se comunicar!

  1. Roseli,
    Se não conheço a máxima do final da sua publicação, sei o quanto é importante ouvir e encontrar um ouvido atento. Mas são tão raros…
    É verdade que o facto de dar, dar, dar, sem nunca receber atenção, pode destruir-nos. É necessária essa pequena dose (que eu não chamaria de egoísmo) de bom senso e respeito pelo seu valor enquanto pessoa, para poder abrir as asas e levantar voo…
    Gostei de ler a sua reflexão!
    Beijinhos!

  2. Entendo bem, concordo muito. A humanidade está mesmo perdendo a capacidade de ouvir. Tem uns vídeos/experiência sobre isso na internet que mostram claramente a gravidade do problema. Vou procurar e trago o link pra você. Isso já me inquieta a tanto tempo que terminei há uns dois meses um livro de contos que segue essa reflexão. Você descobriu-se uma ótima companhia, lindo!! Um papel e caneta (figurativo, claro) também são companheiros que sabem ouvir. E quer saber? Sabem escutar também. 😉 inté

    • Oi Marcia, terminou de ler ou de escrever esse livro de contos? Fiquei curiosa! rsrs
      Tem razão, esses são meus grandes companheiros ao lado de uma boa música. Não vivo sem. E também não vivo sem um bom livro. Outro grande companheiro pra todas as horas.
      Bjs

      • Finalizei o livro tem um mês mais ou menos. Estou esperando a greve do setor de cultura para finalizar o registro e correr atrás para publicar. A última vez que meu marido esteve no escritório de direitos autorais da biblioteca Nacional não estavam deixando os funcionários entrarem para trabalhar 😦

  3. Rose,

    realmente encontrar quem esteja disposto a nos ouvir não é fácil, mas é sem dúvida possível. Vivemos num mundo egoísta e isso tem afetado diretamente o ser humano que só tem conseguido olhar para si próprio. O interessante é que ouvir excede em muito as palavras, não é apenas escutar a fala, e achar quem ouça gestos, olhares e silêncios torna-se a cada dia mais e mais difícil… Mas estou aqui sempre que precisares… Gr. Bj.!

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