Uma doce lembrança sobre nosso dia

E não é porque se celebra o dia de hoje mas, sei lá, de repente uma vontade absurda de escrever, escrever sem parar. Recebi pela manhã vários cumprimentos pela data.

Queiram me desculpar amigos e não tão amigos, é que pela manhã não funciono muito bem. Meu cérebro se encontra em pausa, trabalhando na potência mínima e somente após a segunda xícara de café e tão somente após as dez horas, é que o nevoeiro que toma conta dele se dissipa e o tempo firme e bom se faz presente.

Toda essa explicação desnecessária. é para dizer o muito obrigada pelos leitores assíduos e aos esporádicos que por aqui aparecem e fazem a leitura de minhas postagens e deixam comentários carinhosos. Ah… essa relação é tão boa. Agradeço também aos leitores de meus livros que sempre me incentivam a escrever e publicar mais.

Por outro lado, enquanto leitora voraz de vários escritores, agradeço o talento e dedicação além da perseverança em continuar apostando em nossa literatura nacional que é tão menosprezada pela grande massa. Agradeço aos antigos escritores que fizeram história e deixaram obras incríveis para a posteridade. Sou grata pelos escritores contemporâneos que continuam a investir até o que não têm para publicarem, seja nas grandes editoras (para poucos, bem poucos) assim como nas pequenas e corajosas editoras (a maioria).

Somos um grupo de loucos, visionários, hiper-realistas, fantásticos, românticos que levam esse ofício muito a sério. Dosando sempre com uma pitada de humor porque sem ele, a vida fica ácida demais. Celebremos o Dia Nacional do Escritor não só hoje mas todos os dias do ano. Prestigiem e conheçam os escritores nacionais. Garanto que irá se surpreender com a qualidade que encontramos por aqui.

No momento, leio Os filhos da Candinha, de Mário de Andrade, O café dos loucos (crônica), coletânea com textos de vários e excelentes autores da Scenarium Livros Artesanais, do qual faço parte desse e de muitas outras coletâneas. Releio como se estivesse lendo pela primeira vez e me emocionando muito O essencial da década de 80, do meu querido Salve! Salve! Caio F. de Abreu. E você, já cumprimentou um escritor nacional hoje? Diz pra mim quais autores nacionais está lendo ou leu esse ano?

Imagem gratuita: Pexels

BEDA – Uma homenagem à intimidade

Em meados de 2010, 2011, quando fiz minha avant premiére em oficinas literárias, conheci muita gente legal e foi o início da minha caminhada na escrita.

Em janeiro de 2012, estive presente na livraria Martins Fontes, para o lançamento de livro de uma colega dessa oficina. O livro, uma coleção de textos que a autora escrevia diariamente em seu blog.

Com uma pegada erótica, seus contos, crônicas e poemas são verdadeiro banquete para o leitor que está atrás de algo mais requintado. O livro, assim como o blog, levam o mesmo nome: Dedos não brocham.

O título por si só me ganhou na época de seu lançamento, pela editora Draco. Com prosa poética sofisticada, a escritora, Alessandra Safra, nos leva a um passeio por temas comum a todos, desfiando os conflitos de forma deliciosa. Verdadeira reflexão que nos leva muito além do erotismo.

Encontrava-se escondidinho em minha estante e hoje, ao fazer uma busca por inspiração para a escrita da postagem, deitei meus olhos nele e percebi que ele merecia receber os holofotes. Abaixo, alguns poemas e trechos para degustação. Encontra-se na Amazon no formato eBook.

Sampatodos

amontoados estranhos somados todos no prego do aço

alfalto labirinto concreto unidos no pó negro, pestilentos

rios, corrosivo ar onde o verde está nos olhos dos mortos

terra constipada de sonhos exilados deslumbrados

achados&perdidos

desta janela

vida em nós

passa

são(?)

paulo

baila em braile entre coxas minhas?

você que tão virtuosa dedilha

essa canção para tantos

MELólica

aqui

ai

Dissidente

não me arrepia a caída dessa alça da blusa,

essa curta saia e coxas roliças no mistério do além sombra.

pouco importa entreaberta sua boca rosada

nessa oferta matreira e sonhos frescos.

hoje o sol escancara amarguras,

A pergunta que não quer calar: onde anda Ale Safra? Não escreveu mais?

Esse texto faz parte da blogagem coletiva BEDA (Blog Everyday April).

Participam comigo:

Alê Helga – Claudia Leonardi– Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins

BEDA -Braçadas firmes na alma feminina

As mulheres estão cada vez mais demarcando território na literatura. Sinal que nós sempre tivemos muito a dizer. Só éramos amordaçadas. Tenho lido textos incríveis e hoje, foco especialmente numa poeta: Suzana Martins.

Dona de obra extensa e rica, seus poemas são repletos de delicadezas, verdades, alma feminina que não se intimida e se despe em cada verso.

Através da Scenarium Livros Artesanais, Suzana lançou seu belo livro (In)versos.

Repleto de sentimentos, os poemas num perfeito casamento com as ilustrações, faz da leitura, um prazer sem fim. Ao término de cada poema, sai fortalecida com a certeza de que todas nós mulheres somos feitas de matéria especial. Ah, como faz bem ler, sentir, entender a alma de outra mulher!

Apesar de conhecê-la de longa data, do princípio dos blogs, não a conheço pessoalmente. Suzana, precisamos mudar isso!

Se você ainda não conhece a escrita de Suzana Martins, apareça em seu blog Minhas marés e solicite seu exemplar.

Esse texto faz parte da blogagem coletiva BEDA Blog Every Day August

Participam comigo:

Claudia Leonardi – Darlene Regina – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Ortega Nuñes – Suzana Martins

BEDA – O que tirei da mala

Hoje tem poesia tecida por uma mocinha muito linda com ares de francesinha e muito talentosa. Não recordo ao certo o ano que a conheci. Só sei que uma foto dela, tirada por um amigo em comum, me encantou de tal forma que escrevi um texto.

O livro O que tirei da mala tem sua beleza a começar pela capa. Mariana Teixeira, natural de Goiás, é uma alma inconformada com as injustiças da vida. Seus poemas são temperados com tais inquietações. Quem ganha somos nós, seus leitores. Apreciem:

apetite

por coisas

que não se come

mas que se vive

em dias

e noites

propositalmente

insones


a fumaça

sai fugida

da caneca

parecia feliz

dançava leve

subia

subia dançando

até se entregar

nos braços do ar

em tempos frios

fez todo sentido

a ideia

de que o calor

liberta

faz conservas

e prolonga

a vida

de pepinos

cebolas

e outras coisas miúdas

coloca em potes

cheios de líquido

e sal

a própria vontade

de viver pra sempre

Esse texto faz parte da blogagem coletiva BEDA Blog Every Day August

Participam comigo:

Claudia Leonardi – Darlene Regina – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Ortega Nuñes – Suzana Martins

Última leitura

O núcleo familiar sempre nos oferta grandes personagens. Cada qual com seu perfil, comportamento, esquisitices. A relação mãe e filha já foi retratada em muitos romances. Alguns, tornam-se inesquecíveis.

Minha última leitura, me deixou pensativa assim que terminei. Muitas das personagens, identifiquei em minha própria família daí, a identificação.

Agora chega!, primeiro livro de Iohanna Ca, aborda as questões delicadas que compõe a trama da família Carvalho.

Narrado em primeira pessoa, a personagem Elisa, abre seu baú de lembranças e coloca na mesa as peças que fizeram de sua vida – desde que nasceu -, um inferno na terra. Você pode ler a resenha que fiz aqui.

Publicado pela Scenarium Livros Artesanais, é um livro elegante, gostoso de manusear mas principalmente, potente. Uma história que nos faz muitas vezes, ao longo da leitura, dizer em voz alta: Agora chega!

Esse texto faz parte da Maratona Literária Interative-se de Maio e, estão comigo nessa corrida:

Ale Helga – Isabelle Brum – Lunna Guedes – Mariana GouveiaObdulio Ortega

B.E.D.A. – Ave Lygia!

A vida pulsa em suas veias. Muita escrita, leitura, lançamentos, palestras em colégios, feiras de livros.

Beleza incomum, inteligência apurada através da leitura de grandes escritores, amor incondicional ao ofício que abraçou para ser seu amante para uma vida inteira.

Li pela primeira vez um livro seu no ensino médio. Marcou! Ao lado de Encontro marcado, de Fernando Sabino, foram as duas leituras que fincaram território nesse coração de leitora.

Ana Clara, Lia e Lorena. Personagens que na época, quando li – ainda imatura na vida literária -, não compreendi; de alguma forma, a história das Meninas, calou fundo. Passei dias e dias com essas mulheres circulando minha mente adolescente.

Adulta, trabalhando numa biblioteca escolar, tive meu primeiro contato com ela: Que Mulher! Sua beleza, já madura, extrapolou a matéria e nos envolveu na docilidade, firmeza no olhar, gestos e sorriso aberto. Os alunos se renderam e eu também. Virei fã!

Depois veio Ciranda de pedra que gostei demais e os contos. Ah, sou apaixonada por seus contos!

Antes do baile verde, contém contos incríveis. Quero muito reler todos.

Sua narrativa é sedutora. Ao ler seus contos, ouço sua voz lendo todos eles para mim.

O incrível, é que seu nome é pouco discutido nos cursos. Clarice é o nome mais mencionado. Nada contra ela. Aprendi a apreciar sua escrita mas bem antes, me deixei seduzir pela escrita de Lygia Fagundes Telles que hoje, comemora seus noventa e oito anos. Vida longa à nossa Dama da Literatura Brasileira!

Participam dessa blogagem coletiva:

Adriana Aneli – Alê Helga – Claudia Leonardi – Darlene Regina – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Ortega

Nem tudo perdido

O beija-flor sobrevoa a cidade apinhada de humanos circulando apressados.

Plaina sobre a praça. Feliz, percebe que ainda há vegetação e flores em meio a tanto concreto e sujeira.

Sorve o pólen de um ipê amarelo. Um de seus preferidos! Mais a frente, num outro canteiro quebrado, restos de comida, cigarros e preservativos usados, um pé de azaleia florido dá seu testemunho de vida. Voa alegre diante da descoberta. Que felicidade!

A presença de moradores de rua discutindo por um pedaço de cobertor puído, espanta nosso amiguinho que parte em busca de novos horizontes.

No alto de um edifício que já conheceu dias melhores, pousa e troca confidências com uma rolinha.

Há novidades no ar.

Imagem licenciada: Shutterstock

Marulho

Navegar é preciso

viver não é preciso, dizia Pessoa

O que ele não soube, é o quanto amei navegar em seu mar

Corpo rígido a me levar em ondas intensas

A derramar em meu porto, seu prazer

Levando-me a esquecer a náusea de viver

em terra firme

Desafio 4 – Escrita, leitura e sensações

Olhando para os livros artesanais, dispostos em minha prateleira, difícil foi escolher um entre tantos, sem cometer uma injustiça com os demais. Após muito analisar, optei por um dos mais recentes lançamentos. Sua capa me transmite paz. Sua cor lilás, me transmite essa sensação. Seu título também me conquistou. Poético!

Mas não se engane! Não se trata de literatura açucarada, muito menos poemas “batatinha quando nasce, esparrama pelo chão”. Não mesmo. Sua autora, dona de uma escrita por vezes lírica, noutras ácida, nos convida para uma conversa mansa em sua varanda.

Inicia nos convidando para adentrar e conhecer sua loucura. Loucura essa, que você de imediato se reconhece nela, daí a identificação total com sua proposta e assim, você mergulha sem calcular os estragos que possam advir dessa leitura. Você simplesmente lê, vivencia, ri em alguns momentos e se comove em muitos outros. No final, despede-se na mesma varanda, lembrando que o tempo passou e você nem percebeu. Sente os gatos roçando suas canelas num carinho peludo que somente eles sabem fazer. Ronronam comunicando que sempre que quiser, pode bater palmas que sua dona atenderá com prazer e te levará novamente a uma experiência única através de sua linha de pensamentos e sentimentos tão humanos e verdadeiros.

Antes de virar a esquina para seu mundo, volta-se para um último aceno e registra nas retinas da alma, a varanda que te abrigou do tempo.

Aden Leonardo escreve lindamente seu diário das 4 Estações iniciado em abril e terminando em agosto. Varanda para abrigar o tempo é – sem dúvida -, um livro para ler, reler, abrir aleatoriamente e mergulhar novamente num texto rápido, profundo, atemporal. Sua autora é detentora de uma delicadeza e ao mesmo tempo, uma mestre em cortar “záz”, linhas de pensamentos que vibram no espaço remetendo o leitor a profundas reflexões sobre o que é viver. Recomendo sua leitura!

"Virei uma coleção muito antiga de
carrinho Matchbox. Se organizar bem,
pareço ferro velho de adulto. Daqueles
autorizados pela polícia e com alvará de
funcionamento...Guardando resto de
acidentes e infrações. Dos meninos."

Passei os olhos em meu livro lançado em novembro e folheei. Gosto muito de passear os olhos por suas páginas. Sentimento de mãe apreciando a cria. Mesmo que esse não seja perfeito, bonito como das outras mães. É nosso. Fruto de dedicação e criação. Amo imensamente. As personagens, cada uma com sua personalidade, suas histórias de vida. Imprimi e fixei-as para todo o sempre.

Quando decidi publicar por um selo de livros artesanais, o que me conquistou foi justamente a beleza estética, a costura japonesa. Cada ponto dado e o arremate feito, vem carregado de amor por quem o produz. A escolha do papel, todos de ótima qualidade, a diagramação, escolha da fonte. Cada passo de sua confecção nos remete a sensações que um livro comercial nem sempre alcança. Nada contra eles – os comerciais – mas publicar um livro nesse formato artesanal, torna nosso trabalho com a escrita uma obra de arte para ser lida e apreciada.

Para adquirir o exemplar de qualquer um desses livros, clique aqui

Desafio 3 – Minhas leituras e leituras dos meus

Meus olhos passeiam por tantas palavras, frases e histórias de outros escritores. Muitos, ao término, chego a ficar sem fôlego. Histórias que nos pegam pelas vísceras e retorcem deixando-nos sem ar. Foi o caso da leitura que fiz do livro Apneia, de Bel Aquino, lançado em 2018. Que livro! Se ainda não leu, não perca tempo e corre para comprar seu exemplar. Numa linguagem crua, as vezes ácida, Bel Aquino se desnuda e mergulha num ralo nos levando por situações e sentimentos que muitas vezes queremos esconder bem fundo pois ninguém aguenta olhar-se no espelho da alma e ver o que contém. Bom demais!!

Não canso de ler meus escritos e sempre que faço nova leitura, descubro novas camadas de interpretação. Você também é assim?

Agora, coisa boa é quando um leitor expressa seu ponto de vista sobre a leitura de um livro nosso. Sensação de que cumprimos com nosso objetivo ao escrever e imprimir nossa alma e os leitores se identificarem conosco. Simbiose perfeita!

"o livro Receituário de uma expectadora, da autora Roseli Pedroso. 
 Trata-se de um delicioso livro de crônicas em que a autora consegue olhar ao mesmo tempo para dentro e para fora de si, expressando o mundo que nos cerca com muito bom humor e algumas matizes de melancolia. Roseli escreve com um ritmo fluido, encarrilhando as palavras uma na outra sem deixar vazios indesejáveis e sem atropelar as ideias. 
 Se alguém me perguntasse eu diria que é impossível escolher apenas uma das crônicas - Todas são de uma qualidade literária incrível. " - @poetisa_darlene