BEDA – Fobia

Demorei 24 horas para nascer. Medo. Dali em diante, medo se fez constante.

Medo de ficar sozinha no escuro, de não ganhar presente no Natal, de não passar de ano na escola, da sala escura e fechada no colégio. Medo…

De ser refém do próprio medo. De talvez não saber viver sem ele a nos parametrizar o caminho.

Caminho pode ser tortuoso, gerar dúvidas…Medo.

De ficar pra titia, de não ter filhos, de não ser bem sucedida na vida profissional, de não ter um salário bom, de não viajar e conhecer belas paisagens, de não pagar as contas do mês. Não dar conta do financiamento do apertamento…

Meu coração se apertou de tanto medo. Da gritaria na rua dizendo “Pega ladrão, filho da puta, pega ele!”…

Não quero ser assaltada de novo. Sofro calafrios só de pensar na experiência que tive. Ai meu Deus, que medo!

As crianças na escola estão assustadas, com crises de insônia, palpitações, crises de choro, com muito medo de irem para a escola. Nem conseguimos sair de uma pandemia e nos jogaram em outra invisível e tão maléfica quanto a anterior.

Sentir medo, paúra, receio, pavor, pânico é ruim. Muito ruim, diria até que é péssimo para todos. E por ser péssimo, é a arma da da vez para nos controlar e nos fazer ficar “pianinho”. Por isso, estou aqui, sentada em posição de lótus, olhos cerrados, balbuciando súplicas de proteção para todos…

Não! Para todos não! Para aqueles que estão nos aplicando doses maciças de medo, quero mais é que se F…iram com o próprio veneno para sentirem na pele escamosa, o quanto dói sentir medo. Alguém conhece o antídoto ?

Esse texto faz parte da blogagem coletiva BEDA (Blog Everyday April). Participam comigo:

Alê Helga – Claudia Leonardi – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins

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