Participação de projetos literários 2023

Dando continuidade as minhas leituras do ano 2023, não poderia deixar de falar sobre os livros da Scenarium Livros Artesanais, do qual tenho orgulho em dizer que faço parte. Foi um ano produtivo com textos publicados em coletâneas ao lado de incríveis e talentosos escritores e escritoras. Sob a batuta afiada de Lunna Guedes, nasceram projetos de crônicas, contos e poesias. A cada publicação, ganhando ares mais requintados com ilustrações belíssimas e textos diversificados.

Tive o prazer de fazer parte de coletivos como esses:

Contudo, privilegiei a leitura de trabalhos de colegas através da poesia e contos:

E tive o prazer de organizar uma coletânea de crônicas que ficou incrível e participar de outra coletânea ao lado das escritoras Heloisa Helena Garcia e Nirlei Maria Oliveira, que muito admiro.

Ah, não poderia deixar de comentar sobre meu último trabalho que lancei. Narrativa curta que ganhou vida através do trabalho de editoração e diagramação de Lunna Guedes e um belíssimo prefácio de minha querida escritora Mariana Gouveia.

Você já adquiriu o Amarelinha? Venha brincar comigo, partindo do inferno até ganhar as alturas no céu. Deixo o convite para se divertir e se emocionar comigo.

6 on 6 – Momento Polaroid

Eis que chegamos ao mês doze, próximo de findar mais um ano que foi intenso em todos os sentidos. Retroceder o olhar para o que passou, nos dá a dimensão do que vivenciamos até aqui.

Iniciar o ano, contando histórias para as crianças e observando a atenção e a alegria em ouvir. Coisa cada dia mais raro de acontecer. O ser humano ouve cada vez menos o outro. Atualmente, todos só se interessam em monólogos deixando de lado o diálogo, tão importante em nosso crescimento pessoal.

Apesar da cara de séria, sou muito descontraída e algumas vezes, palhaça. Momento dos mais “paga mico” do ano: eu me vestir de palhaça para contar uma história infantil sobre a temática homenageando o Dia do Circo. E circo sem palhaço não tem graça.

Nesse ano de 2023, arredondei a conta da vivência cronológica: sessentei! Precisei registrar esse momento em família onde a conscientização de que me aproximo do “Cabo da Boa Esperança em permanecer viva, velha e com saúde”, grita cada vez mais alto dentro de mim. Como diz Claudio Zoli: Viver é bom demais!!!!

Entre uma atividade e outra, sempre encontro espaço para meu momento de relax dando uma pausa na loucura e saboreando uma boa xícara de café. Humm, daqui posso ativar minha memória e sentir o aroma desse que registrei em pleno feriado de sete de setembro.

Um dos momentos que mais gosto de apreciar, é o entardecer através de minha janela. É cada momento lindo e único que me faz parar tudo e apenas mirar o horizonte. Minha rua é bem movimentada e barulhenta no entanto, nesses momentos, o mundo parece parar de girar somente para que eu admire essa paleta de cores quentes. Natureza é sábia e talentosa!

Gira mundo, gira e sempre termino o dia apreciando o capacho na entrada do templo que é minha morada. Temporária, bem sei. Como alimento meus momentos com boas energias e pensamentos, desde que me mudei digo internamente: aqui quem manda sou eu e se for de paz, bem-vindo. Se não, gire nos calcanhares e retorne de onde veio.

Tem dado certo…

Obs: Nesse ano, devido a correria, deixei de lado o celular para registrar momentos e pessoas queridas. Apostei em vivenciar cada instante que sei que é único. Faltaram muitos clicks como as horas do sarau de lançamentos dos coletivos da Scenarium Plural que é sempre tão prazeroso. Galera que tirou fotos, please, manda pra mim.

Participam comigo do Projeto Fotográfico 6 on 6:

Lunna GuedesMariana GouveiaObdulio Nuñes Ortega

Especiarias da Lapa

Tempo de desacelerar, entrar em ritmo de celebrações, encontros, abraços e beijos. Aproveito esses dias fora do eixo para ficar introspectiva, remexer baús da memória, selecionar e separar lembranças e transformar tudo em narrativas literárias. A escrita passou a fazer parte da minha vida mesmo que nem sempre consiga postar por aqui, em meu blog. Que deveria ser diário, como é a proposta de um blog mas, uma vez que é meu, utilizo-o da forma que dá e não da forma ideal.

Uma vez falando em lembranças e memórias, aproveito para divulgar mais uma vez, meu livro Quinta das especiarias. Um remexer de ingredientes gastroafetivos que deram um tempero a mais em minha infância. E que agora, divido com quem deseja mergulhar e se aventurar em outros sabores.

Também reforço o convite para estarem presentes ao meu bate-papo com Lunna Guedes e Suzana Martins, no dia 23/12, pelo Instagram da Scenarium Livros Artesanais. Traga sua xícara de chá ou café, se for de sua preferência, pode ser também uma taça de vinho e venha participar dessa conversa e leitura de textos meus. Será um prazer a mais! Enquanto isso, deixo um texto para leitura e aguçar sua vontade de ler o todo.

No passado, ela não foi figura presente em meu dia a dia. Prima de segundo grau, morava no bairro da Lapa de baixo e quase não tínhamos contato. Passou por muitas dificuldades materiais e grandes perdas.

Numa tarde, ela chegou para uma visita. Volumosa, barulhenta, escandalosa em sua maneira de se comunicar. Chegou acompanhada de uma amiga. Nessa época, eu era a típica adolescente invocada. Chata mesmo! Não gostei delas.

Suas visitas tornaram-se constantes. Ao ficar sabendo que viriam, fugia, ficando reclusa em meu quarto ou, simplesmente saía. Quando tentaram se aproximar, fui antipática, grosseira. Hoje, me arrependo. Ah, esses hormônios desequilibrados da juventude!

Na maturidade, descobri pessoas incríveis, divertidas, sábias em sua simplicidade. Permanecem juntas até hoje. Um casal como bem poucos a gente vê por aí. Brigam, discutem, riem mas, caminham sempre na mesma direção. Companheiras de viagens e de vida em comum.

A prima, descobri depois, foi cozinheira em diversos restaurantes. Numa de suas visitas, levou para o lanche da tarde, pão de mel feito por ela.

Eu, que nem sou de tanto doce, caí de amores por esses pães. Saborosos, macios por dentro. Aromáticos!

Ainda bem que ela levou em quantidade, pois todos se fartaram. Ninguém conseguiu comer apenas um. Aos poucos, através do doce de seus pães e de seu olhar, paciência, conversas e risadas, ela me conquistou. Aliás, elas. Consegui superar um preconceito besta, adoçando minha índole, abrindo meu coração e aceitando-as exatamente como são: seres humanos.

Recordo da última vez em que nos encontramos. Havia mudado da casa de mamãe fazia pouco tempo. Num final de domingo, após o lanche, ganhei uma carona até a estação de trem. Durante o trajeto conversamos como nunca havíamos conversado. Sem bloqueios, sem muros levantados. Apenas duas primas distantes a confidenciar conquistas, anseios, certezas. Soube que ela e sua companheira mudaram para o litoral.

Pão de mel como os dela, nunca mais provei. Acabo de passar um café que perfumou todo o ambiente. Essa lembrança veio forte, embalada por aromas de erva-doce, cravos-da-Índia, cardamomo e pétalas de rosa. Resquícios de um sabor agridoce.

Esse texto e outros, se encontram no livro Quinta das especiarias que você pode adquirir através do site da Scenarium Livros Artesanais ou clicar na capa do próprio livro, na lateral do blog. Livro, sempre um prazer ler, ganhar e dar de presente.

Aguardo vocês na live, dia 23/12 às 19h30

BEDA – Expectativa diante da espera

Não tem jeito, toda vez que efetuo compra de livros para receber pelo correio, sou dominada pela ansiedade. Volto a ser a Roseli criança aguardando com coração aos pulos, um presente.

E ao chegar, o ritual de desembrulhar e retirar um por um, admirando a obra em mãos. Coração breca por segundos assim como a respiração, suspensa no ar.

Manusear, sentir o papel, sua gramatura, observar a costura, as ilustrações, os detalhes de cada obra que se torna única.

Assim tem sido minha experiência com os livros artesanais. A cada lançamento, uma grata surpresa com a delicadeza, ousadia e beleza dos projetos lançados pela Scenarium Livros Artesanais.

A seguir, começa outra onda de ansiedade. Por qual começar? Estarei sendo injusta com os demais autores que ficarão para depois? Ao mesmo tempo, irão competir com os demais livros que ganhei, que comprei na Bienal, com os livros que preciso ler da biblioteca em que trabalho para depois classificar e catalogar.

E assim, sigo essa rotina que para muitos, pode parecer terrível, quase um castigo ler tantos livros mas para mim, ratinha de biblioteca, é sempre um prazer que se repete e repete e repete e nunca me desgasta. Muito pelo contrário, acrescenta saber e prazer sempre. Para quem ainda não se aventurou pelas páginas de um livro artesanal, deixo aqui meu convite: permita-se conhecer, ouse comprar e ler um. Garanto que não sairá da leitura com entrou.

Livros artesanais: Scenarium

Caixa decorada: Atelie & Cia

Esse texto faz parte da blogagem coletiva BEDA Blog Every Day August

Participam comigo:

Claudia Leonardi – Darlene Regina – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Ortega Nuñes – Suzana Martins

Colcha de retalhos

Ao receber os últimos lançamentos da Scenarium Livros Artesanais ao final do ano passado, cada um mais lindo que o outro, optei pela primeira leitura. Não me arrependi da escolha. Ao término da leitura que foi veloz, pensei em voz alta, emocionada: preciso fazer uma resenha.

Fui atropelada por inúmeros acontecimentos familiares e profissionais que me impediram de sentar com calma e escrever.

O dia chegou e hoje, narro meu parecer de leitora. Colcha de retalhos, da minha queridíssima escritora Mariana Gouveia.

Numa narrativa pessoal, a autora nos pega pela mão e delicadamente, nos leva a uma paisagem asiática com seus costumes e cultura peculiar. Uma história sobre amizades, vivência, perdas. Pequenas e grandes tragédias que fazem parte da vida de todos. Contudo, na voz literária de Mariana Gouveia, tudo se transforma em poesia.

Kaori, Seiko, Ana…

Vidas que se entrelaçam ao na escritora, num matiz de lilazes, origamis e constelação estelar. Acompanhar a amizade que não se deteriorou nem com o tempo nem com a distância, alimenta a certeza de que vale a pena investir nas relações humanas.

Um livro com projeto gráfico de Lunna Guedes, ilustrações de Carli Ka, que muito enriquece o texto. É um livro que desperta os sentidos.

Kaori adorava contar sua história. De como conheceu Seiko no navio que os trouxeram para o Brasil…

Não tiveram filhos. O destino não quis…

Deixo para Maryann a lua bordada feita em ponto cruz por mim. Foi bordada na noite em que a solidão varria a alma, mas o céu tinha domínio sobre a presença. Nunca vi uma noite mais linda. Nem a que passávamos juntas no quintal de Kaori

Termino essa resenha, mais uma vez me emocionando diante de tamanha delicadeza. Se você ainda não conhece a escrita de Mariana, deixo o convite. Caso deseje obter a obra, clique aqui

Retrospectiva literária

O ano de 2021 foi bem agitado para mim. Dediquei mais tempo à escrita do que a leitura e mesmo assim, consegui ler livros bem interessantes que recomendo.

Fiz uma nova leitura de A elegância do ouriço, de Muriel Barbery. A cada passada de olhos por essa história, novas descobertas e deslumbramentos filosóficos. Sou totalmente fã dessa obra. Repleta de personagens ricos e humanos. Destaque para Renée, a zeladora do prédio e a jovem de doze anos, com ideias suicidas, Paloma.

Voltei a reler também, o livro de poesias Arrebatamentos e outros inventos, de Jorge Ricardo Dias. O dia a dia tão árduo que vivemos nesse ano, me fez voltar a ler poesias para dar uma leveza à realidade. O livro é um apanhado de poemas e sonetos do poeta carioca – que sabe manejar com maestria – as palavras e seus significados.

Continuando na pegada poética, tive o prazer de ler o livro Dentes moles não mastigam pedras de Manogon. Multiartista, atua na dramaturgia, é desenhista gráfico e escreve poemas com temas do cotidiano, através de notícias diárias. Poemas que retratam o duro cotidiano da periferia, com suas mazelas e belezas. Gostei demais da escrita dele, desde já, recomendadíssimo!

Iniciei a leitura do livro As ondas, de Virgínia Woolf e, confesso que ainda não consegui dar seguimento e término dele. Talvez não esteja preparada para a história. Talvez o momento não seja o certo. Mas, ler Woolf é sempre uma aventura então, recomendo a quem deseje conhecer essa escritora britânica.

Li as publicações da Scenarium Livros Artesanais que muito me encantaram. As antologias Casa Cheia, Casa de marimbondos, Roteiro imaginário, A quinze minutos do fim, do qual tive participação. Destaque especial para o belíssimo e recém lançado Colcha de retalhos de Mariana Gouveia. Livro de uma delicadeza e personagens muito bem traçadas que me emocionou ao término da leitura. Numa outra postagem, falarei mais dele.

Enfim, essas foram minhas leituras do ano de 2021. Apesar de uma lista menor, a qualidade dos livros falam por si. E você, o que leu no ano de 2021?

Esse texto faz parte da blogagem coletiva promovida por Lunna Guedes. Participam:

Ale Helga Darlene ReginaLunna GuedesMariana Gouveia

E lá na Mooca…

Ela foi uma incógnita. Seu passado, um mistério que sempre pensei um dia, desvendar. Mulher simples, como a maioria de suas conterrâneas, poderia ter sido irmã gêmea do ator Flávio Migliaccio, tamanha semelhança. Apesar de semi analfabeta, lia bastante. Estava sempre com um livro nas mãos. Detalhe: aos noventa e seis anos, ainda lia sem óculos. 

Foi a primeira feminista que conheci. Em sua juventude, deve ter sido chamada por outros adjetivos. A pouca informação que trago é que saiu de casa muito jovem, em busca de trabalho.

Chegou a São Paulo em meados da década de 30. Fixou moradia na Mooca. Lá, formou sua verdadeira família entre vizinhos e conhecidos do Centro Espírita, que passou a frequentar. Tinha uma maneira peculiar de se expressar trancando o maxilar como se estivesse prendendo a dentadura para não sair do lugar. Talvez fosse isso mesmo. 

Trabalhou em diversas funções: copeira, lavadeira, faxineira… Outras tarefas que nunca soubemos ao certo o quê. Foi amparo de muitas prostitutas. Alcançou segurança financeira ao ser admitida no Senai. De lá só saiu aposentada.

Teve um único filho e enfrentou fome, incompreensão e discriminação de toda uma sociedade. Nunca se soube a identidade do pai. 

Recordo dos domingos em sua casa. Quando tia Irene me chamava para fazer companhia, ficava radiante. Gostava de apreciar — pela janela do ônibus — a paisagem urbana atravessando a cidade, de Osasco à Mooca. Para mim, um outro país!

Virgínia tinha paixão pela cozinha e recebia com prazer, quem quer que aparecesse em sua casa. Lembro-me de seu frango na cerveja. Algumas vezes ela preparava esse prato assado. Outras ocasiões, frito. Nunca soube definir qual ficava melhor!

O almoço acontecia, com trilha sonora de Roberto Carlos ou Agepê, tocando na vitrola. Após o prato principal, uma sobremesa. Caso fosse época, morangos suculentos acompanhado por Chantilly ou mosaico de gelatina. Nessas ocasiões, me sentia mais próxima do céu!

Esse texto faz parte do livro Quinta das especiarias, meu último livro, lançado pela Scenarium Livros Artesanais.

Se gostou desse texto, tem muito mais no livro que você pode adquirir aqui

6 on 6 – Ho Ho Ho

Vasculhando fotos de reuniões antigas, ficou difícil selecionar as que fariam parte dessa postagem. São tantos momentos que marcaram e se transformaram em doces lembranças natalinas. Parece que, ao escolher, as que ficaram de fora, não tiveram importância. Mas, ao contrário, todas foram registros de momentos muito especiais.

Momento registrado do Natal de 2007, ano em que minha família se mudou para a casa nova. Foi um misto de emoções. Sair da casa onde nasci e me criei. Lar que me forjou, paredes que presenciaram risos e lágrimas de uma menina sensível. No olhar, a expectativa do que viria a partir dali.

A biblioteca onde trabalhei por vinte e cinco anos, possibilitou muitas fotos nos finais de ano, onde a equipe se reunia para celebrar mais um ano a se encerrar e também para a troca de presentes do amigo secreto. Houve de tudo: momentos de espontânea alegria, situações desagradáveis afinal, o ser humano é complexo e nem sempre as coisas saem como planejamos. Mas, apesar dos pesares, as festas de finais de ano sempre me alegraram. Acima, eu no ano de 2014, fazendo pose.

Passear na Avenida Paulista no mês de dezembro e sentir a energia HoHoHo, do bom velhinho, sempre foi programa para mim. Na foto acima, eu posando ao lado do painel de fim de ano em frente ao Center 3. Isso, no ano de 2015. Tarde deliciosa!

Essa foto foi o registro de um passeio delicioso, ao lado de meu irmão e cunhada, no Natal Iluminado no Céu Sagrado, em Sorocaba, em 2016. Inesquecível!

Do mesmo ano, o click do almoço natalino em família. Alegria e certa melancolia em ver titia Irene, em nossa companhia, ainda gozando de saúde.

Tenho um olhar e um sentimento especial para essa foto. Primeiro, porque essa árvore de livros, foi feita por mim. Realizei um sonho de fazê-la na biblioteca. Foi um sucesso! Foi minha última foto natalina retirada lá afinal, em dezembro de 2020, já não fazia mais parte da equipe da biblioteca e devido a pandemia, não houve comemoração.

A vida passa, as pessoas surgem e partem, deixando um vazio que são preenchidos pelas inúmeras vezes em que olhamos e voltamos a viver esses momentos que se eternizaram numa fotografia.

Esse texto faz parte da blogagem coletiva 6 on 6 – Scenarium Livros Artesanais

Fazem parte dessa blogagem:

Lunna GuedesMariana GouveiaObdúlio Nuñes Ortega

Fotos: acervo pessoal

Refrescando a memória

Sentada de frente a tela do notebook, saboreio um sorvete recordando as vezes em que recebi uma taça dessa sobremesa caseira, feito por minha tia Irene. Mulher das mil habilidades, fez nossa alegria em criança. Sorvetes, mousses de maracujá, goiaba ou chocolate. Bolos, rocamboles, pudins.

Quase me esquecia: a Maria-mole que ela preparava com aquela camada de coco fresco ralado que derretia na boca. Eu fazia questão de comer bem devagarinho para esticar o prazer o máximo.

Como pode nossa memória ser tão intensa, quase palpável ao trazer à superfície, tais momentos? Dá uma vontade de apertar o botão de retorno e voltar no tempo para reviver tudo de novo. E esticar também o sentimento de felicidade genuína. Felicidade de criança. Sei que minha criança interior, ainda se mantém quietinha aqui dentro de mim. Sempre que a realidade sufoca, grito por ela e de imediato, ela assume o controle até eu me acalmar.

Como agora, quando lamento a difícil realidade de titia, que tanto fez por todos, que tantas sobremesas ofereceu aos sobrinhos e agora, em total paralisia, não pode nem ao menos, saborear meus pratos – muitos deles aprendidos com ela – e adoçar um pouco sua amarga realidade.

Isso me lembra que a vida não tem roteiro pronto e – se Deus escreveu algum – não disponibilizou nas redes sociais para compartilhar conosco.

Com todo respeito mas, há momentos em que acho que o Todo Poderoso não passa de um velho sacana que adora aprontar com esses seres tão imperfeitos, mais conhecido como “Humanos”. Muitas de suas ações não soa lógico para meu raciocínio tão curto.

Ao término de meu sorvete, sinto gosto de sal no chocolate derretido. Olhos ardem e nariz congestiona. Terei me resfriado?

Lembrando que sábado, dia 27/11, a partir das 17h, será o lançamento do livro Quinta das especiarias. O lançamento online será através do instagram da Scenarium.

Para conseguir seu convite, solicite: scenariumplural@gmail.com

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