Beda – Despedaçadas

Tensão no ar.

À mesa, quatro vidas que se entrelaçam mescladas por rivalidades, amor, competição, admiração, inveja, paralisia!

A movimentação de olhares e frases não ditas é grande. O silêncio das emoções que margeiam suas almas é tortura alimentada no dia a dia. Perdura há décadas.

Trama complexa de mágoas, sonhos desfeitos, insatisfação, temperado com pitadas de rancor e medo. Medo de viver, de sofrer, de morrer.

E sofrem!

Por verem suas vidas passarem à margem da verdadeira vida. Permanecem atadas a uma ideia pré-concebida sobre como viver. Veem os outros conquistarem e serem felizes. Mas… O que é felicidade?

Essa preciosidade que muitos almejam e bem poucos alcançam, e mesmo esses que se dizem felizes, muitas vezes dão cabo de suas existências vazias.

O silêncio pesa à mesa. Diante de tanta densidade, uma delas grita:

Ahhhhhhh!!!

Todas param e a olham com censura. Falta entre elas, certa dose de ternura.

Aridez de vivência, amor e calor humano.

Matrona empedernida pelas próprias experiências. Paralisadas, sufocadas em covardia, coreografam balé sem ritmo, arrastam-se no palco do viver. Zumbis vestidos em tecido roto de trama rala!

Texto revisado e atualizado, faz parte do livro E.X.E.M.P.L.O.S. : Recortes de vidas: contos, 2014, pela Scenarium Livros

Este texto faz parte da blogagem coletiva BEDA (Blog Every Day August). Estão comigo nessa deliciosa brincadeira séria:

Bob F. – Claudia Leonardi – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega –Suzana Martins

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