Beda – É cada batalha a se travar

Em alguns finais de tarde, ocorre um movimento estranho que toma conta do meu peito. Uma sensação estranha seguida por falta de ar e sonolência. Tento lutar, movimento meu corpo, ando pelo apartamento, vou à janela, observo o vai e vem dos humanos formigas trafegando nas calçadas, ouço a briga das primas com seu cafetão. Acho graça, logo a seguir me envergonho por rir da desgraça alheia, fecho a janela e retorno para o interior do espaço físico. Retorno para dentro de mim.

Essa volta vem sempre acompanhada de inquietação. Reflito sobre meu dia, se aconteceu algum desagrado, alguma discussão, amolação. Nada! O dia transcorreu tranquilo, com muitas risadas, conversas, abraços, então…

À hora de me deitar, acomodo o corpo na cama, busco encaixá-lo da melhor forma e de novo, um tal de rolar pra cá, rolar pra lá, esticar o braço, acender a luz, pegar um dos livros pousados na cabeceira e ler. Leio até gastar a retina, ressecar e pesar. Fecho o livro.

Com olhos cerrados, repito o movimento anterior e desligo a luz. Percorro os labirintos do sono, atravesso as cavernas úmidas do inconsciente. Prestes a mergulhar fundo, sufoco, tenho crises de tosse, falta de ar, acordo sobressaltada. Sou tomada por uma irritação monumental.

Em algumas noites essa luta se repete até que chego a exaustão e, de repente, um estalo de meu inconsciente: Tchanán!!!!

Na escuridão, para não espantar o sono, movimento-me por debaixo do lençol e me liberto de todo sofrer: retiro o soutien. Maledeto! Depois da menopausa esse item feminino incomoda muito. Deixou de ser meu amigo do peito.

Jogando o infeliz para bem longe, adormeço e ressono como um bebê amamentado e feliz. Boa noite!

Este texto faz parte da blogagem coletiva BEDA (Blog Every Day August). Estão comigo nessa deliciosa brincadeira séria:

Bob F. – Claudia Leonardi – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega –Suzana Martins

Foto gratuita: Pixels

3 comentários sobre “Beda – É cada batalha a se travar

  1. Confesso que esse item há muito não é frequente no meu vestir. Acho incômodo e desnecessário. Aliás, por isso no dia a dia escolho roupas pretas, assim é possível ocultar meus seios de olhos indiscretos (aliás, os olhares nem me incomodariam, mas me dá preguiça as pessoas perguntando “você está sem sutiã? Não tem vergonha?” então para evitar socar alguns narizes… Coloco logo roupa preta. E não muito justa). Sutiã, pra mim, só os tops de academia pras práticas de pole, de capoeira, yoga ou ciclismo.

    Beijos

  2. eu luto todo dia, Roseli e muitas das vezes, perco… mas levanto e acho que é esse o processo. Meu sonho é me ver livre desse item… que o uniforme ainda não me permite. mas ainda vou ganhar essa luta. vou sim!

Deixe um comentário