Beda – Joia rara

Por hora não quero pensar. Esse, considero um de meus maiores defeitos e está ali, par a par com o medo. Penso demais, ajo de menos. Como descreve tão bem a canção de Chico: passei uma vida inteira na janela vendo a banda passar. A banda passou, deixou de tocar. Cansei! Sim, cansei de ser mera expectadora. Decidi fazer diferente. Não sei quanto tempo de vida me resta pela frente portanto: ou mudo, ou mudo.

O medo ainda é um norteador que castra minhas ações. No entanto, tenho encontrado forças para superar e driblar os desafios e obstáculos que cruzam meu caminhar.

Hoje pela manhã, sai de casa e fiz trajeto diferente do que sempre faço. Mantive olhos de ver e descobri paisagens nunca notado. Conheci prédios com arquitetura rica em detalhes, que pinturas desbotadas camuflam. Não importa, encontram-se lá, beleza e imponência de áureos tempos. Sempre gostei de apreciar formas arquitetônicas. Tanto gosto, que no passado, iniciei o curso mas os altos custos e a necessidade de trabalhar, me obrigaram a trancar matrícula. A vida tomou outro rumo. Não reclamo pois sei que foi para melhor. Descobri os livros e seu mundo e nunca mais larguei.

Sorri ao vislumbrar um artista de rua fazendo mímicas. Recordei que no passado, fui a muitas apresentações de Denise Stoklos, grande representante dessa arte.

Quero resgatar tudo o que deixei para trás e que me dava prazer. Por exemplo, voltar a desenhar. Adolescente, desenhei tanto. Gostava de retratar utilizando carvão, explorando o sombreado. Tive uma pasta com muitos dos desenhos que fiz. Nunca soube que fim levou.

Enquanto sigo para o trabalho, penso (está vendo só? não consigo parar) no que desejo fazer de diferente que nunca fiz até agora: quero escalar uma montanha, aprender a andar de bicicleta, andar de patins, vencer o medo de altura e saltar de paraquedas, retomar meu aprendizado da língua francesa e, claro, aprender a escrever. Sim! Quero escrever mais e melhor. Criar algo que emocione meus leitores e que se torne inesquecível. É pedir muito? É sonhar demais? Sou rasa em tudo e na escrita não é diferente. Sou minha maior crítica e isso muitas vezes me impede de me jogar de cabeça em projetos mais ousados e extensos. Sei que posso mudar. Aperfeiçoar. O aprendizado tive nas décadas vividas. Próximo passo, burilar esse diamante bruto que trago aqui dentro.

Este texto faz parte da blogagem coletiva BEDA (Blog Every Day August). Estão comigo nessa deliciosa brincadeira séria:

Bob F. – Claudia Leonardi – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega –Suzana Martins

Foto gratuita: Pixels

4 comentários sobre “Beda – Joia rara

  1. Aprender a andar de bicicleta não estava nos meus planos, mas foi um “presente” que a pandemia me trouxe – entretanto, só ando na ciclovia.

    Beijos!

  2. Aprendi a mudar o trajeto, Roseli e descobri, que mesmo sendo a direção feita para um lugar que me sufoca – às vezes – essa troca de espaços me faz bem.
    Aprendi também sobre pedras brutas. viram diamantes raríssimos! Assim como tu! Eu já disse que te amo? Pois é… te amo!

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