Sentada, com os pés descansando em outra cadeira, procuro me projetar num futuro. Próximo? Médio? Longe? Missão impossível. Cancerianos são expert em passado. Nostálgicos por natureza, é forçar demais a barra tentando mirar a vida lá na frente.
Penso. Tento refletir o porquê dessa dificuldade. Talvez, um dos motivos que me impeça vislumbrar o amanhã, seja reconhecer que a cada dia morremos um pouco e se projetar assim, é ousadia demais. Nunca fui de voos cegos. Sempre tive horror a altura. Respiro fundo. Procuro trabalhar minha criatividade vasculhando possibilidades. Como estarei daqui a cinco, dez anos?
Paúra…de causar taquicardia. Não, não quero ter uma parada cardíaca expondo meus neurônios nessa experiência. Se é para sofrer antes da hora, mirando a decadência física e mental, opto por uma crise de esquecimento.
Caio num riso sem fim pensando o quanto sou cagona. Girando na cadeira, em voz alta, começo uma explanação: Sabe o que é? Explico. Nosso passado não é digno de orgulho. Nosso presente…ah, esquece, melhor nem comentar. É tudo uma questão matemática. Soma-se o passado mais o presente. A somatória qual pode ser? Você é adivinho? Nem precisa ter uma vidência extrapolada é pura equação matemática: CAOS TOTAL. Sendo assim, melhor deixar para lá e aguardar ser pega de surpresa para não dar nem tempo de se salvar. Morte certeira e rápida. Não, não sou pessimista. Quer saber? Mexer com o futuro é meter a mão em vespeiro. Você se recorda de ter assistido ou lido ficção científica mostrando um planeta em ordem, sem guerras, sem miséria, com tudo funcionando a pleno vapor, com uma população feliz? Cara, isso não existe!
A cadeira, de tanto girar, avisa que uma crise de labirintite se aproxima.
Esse texto faz parte da blogagem coletiva BEDA (Blog Everyday April).
Participam comigo:
Alê Helga – Claudia Leonardi– Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins
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