6 on 6 – Meus rituais

Sou uma canceriana dispersa, indisciplinada e bipolar. A cada decisão tomada para adotar no dia a dia, em pouco tempo, sigo caminho totalmente diferente mudando rotas, caminhos e rituais. Mas afinal, o que significa de fato, ritual (is)? Fui atrás para ter a absoluta certeza do que se trata e encontrei:

Rituais são ações relacionadas com o misticismo e a religião que podem ser praticadas individualmente ou não. A palavra ritual deriva do latim Ritualis. São ações relacionadas ao misticismo e à religião, que podem ser praticadas individualmente ou não”.

“A palavra ritual nos lembra dos ritos de passagem realizados em determinadas culturas para comemorar o fechamento de um ciclo. A visão empresarial transforma esse processo, aproveitando os rituais para sinalizar os fechamentos de ciclos e engajar a equipe”.

Cruzando esses dois exemplos do que significa Ritual(is) em nosso cultura, posso dizer que desde pequena, fui movida por alguns deles. Minha formação religiosa iniciou-se em duas religiões: católica e espírita. Por influência de papai e também como forma de castigo e auxílio em minha formação, iniciei o catecismo e passei a frequentar a missa dominical das nove horas. A princípio foi divertido, diferente e ainda ganhava todo final de aula, um bom lanche da tarde, na casa de dona Penha, a catequista que nos orientava na caminhada religiosa.

Depois, por forte influência de mamãe e família, passei a frequentar um centro espírita que atendia espíritos sofredores e brincalhões. Talvez por ser uma “brincalhona” raiz, me identifiquei mais com as tardes movidas a muita risada, choros infinitos e medir forças entre a matéria e o espírito. Sensitiva de nascença, minha intuição vagava por mundos desconhecidos, sentindo, vibrando, influenciando e sendo influenciada. Mas no fundo, por ser ainda criança, com o tempo, perdi o interesse e pedi para mamãe não me levar mais. Passei a realizar até hoje apenas o Evangelho no lar orando, fazendo uma leitura de um capítulo do livro de cabeceira e tomando a água fluída ao término.

Talvez como todo ou quase todo ser humano em (de)formação, o que veio primeiro foi o aprender a orar e isso, levei para a vida. Primeiro, decorando o Pai Nosso, mais tarde, a prece de Caritas e finalmente, na vida adulta, dispensei orações prontas para me desmanchar em sentimentos verdadeiros de preces de pura gratidão. Pedir algo? Somente forças para enfrentar o que tiver de encarar. De resto, sinto-me privilegiada num mundo cada vez mais injusto e desigual.

Se posso chamar meditar, de ritual, tive meus momentos de puro êxtase quando pratiquei semanalmente, a Hata Yoga. O desligar momentaneamente de tudo ao seu redor, manter a mente limpa, livre de pensamentos, comandar e regular a respiração tomando ciência de todo o seu organismo vivo pulsando as artérias, percebendo o quanto se é pequenino em meio a um Universo sem fim. O esvaziar a mente se integrando à natureza e sentindo toda a sua beleza, foi sem dúvida, uma experiência muito boa.

Mas a vida não é feita somente de rituais espirituais/religiosos. Outras formas se expressar tal ação consegui através da leitura diária, seja no ambiente de trabalho que escolhi, seja no conforto de minha casa, cercada por almofadas, na cama ou no sofá, estabelecer metas de leitura é, de certa forma, um ritual.

Com o passar dos anos, ao integrar à minha rotina, o prazer de escrever, isso também se tornou ritualístico. Preparar um chá ou café, sorver o aroma antes de degustar o sabor, ligar o note, mirar a tela em branco e ativar a mente em busca do que se irá escrever. Pesquisar em outros livros, conhecer outros autores e suas formas de escrita, preparar a mesa de trabalho, colocar uma música de fundo como companhia nessa viagem solitária da escrita.

Por fim, entre tantos rituais que desenvolvemos, registro um que há anos ensaio, deixo em destaque, pego, folheio, deixo à mão, coloco em minha lista do ano e… nada. Mas tenho fé de que um dia, desato esse nó e realizo a leitura desse clássico. Não me apresso porque sei que quando estiver pronta, ele cai de vez em minhas mãos. Enquanto isso não acontece, ele permanece aqui, em minha companhia, quieto, respeitando meu ritmo.

Esse texto faz parte da blogagem coletiva Blogvember e Projeto Fotográfico 6 on 6. Participam comigo:

Lunna Guedes –  Mariana Gouveia –  Obdulio Nuñes Ortega – Suzana Martins

Imagem licenciada: Shutterstock

Demais imagens: arquivo pessoal

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5 comentários sobre “6 on 6 – Meus rituais

  1. Roseli adorei conhecer os seus rituais.

    Quanto a meditação, esse foi um hábito que adquirir durante a pandemia e tem feito muito bem! Em dias que o mundo parece mais tempestivo que o normal, gosto de tirar um tempo pra meditar. E sempre tenho a companhia de uma das minhas dogs. rs

    A troca de energia é tudo!! haha

    bjs

  2. Aah, Roseli, a meditação me acompanha desde quando entrei para a Seicho No Ie. Desde então, é ela que me dá o equilíbrio. Alguns dos seus rituais me cabem também. Abraço

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