Beda 18 – Modelito fashion

Em tempos pandêmicos, o planeta mudou seus hábitos e a vestimenta sofreu radicais mudanças. Tailleurs, vestidos, saias, calças de alfaiataria, fizeram um recolhimento aos armários. Aplacando a solidão estão ao lado: lenços, echarpes, acessórios variados, afinal, caprichar no visual pra quê?

O estilo adotado pela maioria, passou a ser pijamas e moletons em seus diversos tons. Acessório obrigatório: pantufas e chinelinhos rasteiros.

Mas, não vou me estender sobre essas roupas. Vou falar um pouco sobre a moda sufocante que tem ganho adeptos em várias partes do mundo e, mais recentemente, no Afeganistão.

Sem dúvida, a retomada do regime Talibã ao poder, é visto como um retrocesso e gera receio em muitas pessoas – a começar – pelos próprios afegãos. Especificamenta às mulheres afegãs.

Voltar a usar a indumentária “Burca”, é retroceder duzentos anos na evolução humana. Porém, refiro-me ao uso da burca estilizada, através da opressão às mulheres. Seja no Afeganistão, nos países africanos, na própria europa, em países latinos… No Brasil.

Acha loucura dizer que usamos burca num país tropical? A burca nada mais é, do que um matiz da opressão feminina. Podemos sair a vontade, frequentar praias, usar fio dental, sentar em bancos universitários, ser agraciada com um cargo de destaque numa empresa, constituir família. E, mesmo assim, nos sentirmos presas numa roupa escura e sufocante. Podemos nos sentir invisíveis para a sociedade que se diz “democrática”.

Prova disso, são as inúmeras e crescentes discriminações e violência doméstica que milhares de mulheres sofrem diariamente, no conforto de seus lares. E o que dizer da discriminação existente nas empresas? O preconceito velado, talvez seja muito pior do que aquele que se manifesta abertamente. Desse segundo, sabemos de onde vem o ataque. Já o velado, gera desconforto, insegurança, mina o amor próprio da profissional. Pior ainda, quando esse preconceito vem de uma colega ou superior. Aí, é morte decretada!

Essa burca tem a destreza de se disfarçar de muitas formas: gordofobia, racismo, homofobia.

No Brasil atual, vivenciamos na corda bamba, o que de pior o ser humano pode apresentar: vilania, vale-tudo, ganância e – talvez -o pior de todos: demolição do sistema educacional que é a base da formação de um cidadão íntegro e dono de si. Sem isso, estaremos fadados a usar burca para o resto de nossas vidas.

Esse tecido pesado, negro e que nos esconde do mundo, fará com que saiamos da passarela, muito antes de enxergarmos o valor que a luz do conhecimento pode trazer para aqueles que têm a sorte de conquistar.

Você ainda vai continuar usando esse modelito fashion? Já passou da hora de procurarmos outro estilista. Este, virou démodè.

Esse texto faz parte do b.e.d.a — blog every day august.

Participam Adriana Aneli — Claudia Leonardi — Darlene Regina – Lunna Guedes – Mariana Gouveia — Obdulio Nuñes Ortega

Imagem: Foto/Reprodução quardian.co.uk

8 comentários sobre “Beda 18 – Modelito fashion

  1. Confesso que eu ainda não consegui parar e pensar a respeito “das novidades”. Não quis me inteirar porque sempre que surgem vozes, a gritaria me causa cansaço. Há mulheres reprimidas em toda a parte do mundo, por homens e suas ideologias particulares. Na África ainda se mutila mulheres e são poucos os que lutam contra. Não se escandaliza. Na India ainda se casa velhos com crianças-meninas. Há muitos problemas no mundo e agora mais esse.
    Tenho uma colega profissional que lá está em serviço humanitário e estamos sem notícias. O cuore da pulos no peito. aff

  2. Essa situação no Afeganistão chamou a atenção por seu radicalismo, mas também lança luz sobre nosso próprio status social. E em muitos lugares do Brasil, o Afeganistão é aqui… Belo texto!

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