Parece cocaína, mas é só tristeza…
Despertei Legião… Levantei como sempre, Urbana. E segui com minha rotina matinal: passar um café, deixar me envolver por seu aroma, tostar um pão com manteiga na chapa, separar um pouco de mamão com mel.
Mecanicamente, ligo a TV e uma leva de notícias ruins quase me tira a fome.
Ela se jogou da janela do quinto andar/Nada é facil de entender…
Eu, particularmente, não consigo entender muita coisa que tem acontecido. Impera uma lógica que não domino. Até mesmo porque nunca fui lógica. E dá-se a confusão.
De onde vem a indiferença
Temperada a ferro e fogo?
Quem guarda os portões da fábrica?
Esse imenso conglomerado chamado Brasil, tem sido território espinhoso de caminhar. Apenas se você calçar sapatos com solado de aço, progride. Caso contrário, fica pelo caminho sangrando. E ninguém vai te socorrer…
Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação…
Que país é esse? Ainda não trago respostas. Talvez nunca encontre. O ar anda rarefeito. Empesteado de gases emanados pelos que desgovernam essa locomotiva descarrilada.
Os assassinos estão livres…
E cada vez mais ousados em suas vilanias. Quero muito crer que isso terá um fim que não seja o meu, nem o seu. Quero acreditar que haverá justiça. E que essa dama não seja cega como foi até agora.
Vamos sair
Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão
Procurando emprego…
Não podemos sair. Continuamos a não ter dinheiro e a maioria de meus amigos e dos seus também, procuram emprego. Engrossam as filas para receber cestas básicas ou um marmitex de mãos abençoadas e humanizadas.
Voltamos a viver
Como há dez anos atrás
E a cada hora que passa envelhecemos dez semanas…
Há dez anos atrás, vivia bem. Conquistei muitas coisas materiais e culturais. Bons tempos. Hoje, a cada segundo envelhecemos muito mais que dez semanas. Penso que quando tudo isso um dia acabar, serei uma anciã que mais parecerá um tronco de velha figueira com suas raízes cravadas no solo.
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim
Não tenho pena de ninguém…
Na realidade, foi entregue tudo, de mão beijada, sacramentada. Não temos nem como comparar nossas vidas. Encontramos todos no mesmo barco… Furado. Ainda resta um pouco de humanidade em mim e – mesmo assim – tenho pena. Tenho muita pena, de muitos ninguéns. De muitos alguéns que não tiveram a chance de lutar essa guerra tão desigual.
Hoje amanheci muito russo. Que país é esse? QUE PAÍS É ESSE?
Participam dessa blogagem coletiva:
Adriana Aneli – Alê Helga – Claudia Leonardi – Darlene Regina – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Ortega
Imagem licenciada: Shutterstock
Fiquei sem ar, minha cara…
Não tenho resposta também, mas o que me incomoda e que alguém está feliz com o que eu não e ne você sabemos. aff
Isso também me incomoda bastante. Aff!Aff!
Desde o surgimento do Legião, nos idos dos anos 80, as suas letras e temas nunca pareceram tão presentes em seus versos. Ou estavam a frente no tempo ou o País regrediu…
Quando surgiram, eles não me envolveram. Estava em outra parada na época. Curtia mais os grupos pop. Foi a partir do início de 2000 que descobri a beleza, crueza e poesia nas letras e interpretação de Renato Russo. Não larguei mais. Atual demais né? Infelzmente…
E quem nunca? Tempos bicudos minha amiga. Nem tucano da conta, kkkkkkkkk.
Bota bicudos nisso! Mas vamos que vamos fazendo nossa parte. Uma hora, passa! Abraço!