E meu compromisso com a escrita em um projeto, como fica? Pergunta que faço a mim mesma na solidão de minha mansão de quarenta metros quadrados. Solitária, percebo meu boicote fazendo de tudo menos sentar, focar e escrever.
Levanto, sigo para a janela na ânsia de buscar inspiração. Rua deserta. Uma ambulância desce a rua quebrando o silêncio com seu trinado desesperado. Espanta alguns pássaros que se encontram na cobertura do prédio em frente.
Vocalize de dor que me causa náusea. Recuo cerrando as cortinas. A realidade de fora me assusta.
Volto para a frente da tela do computador na vã tentativa de iniciar o texto. Minha atenção é desviada para o livro que se encontra com leitura suspensa – assim como minha vida -, jogado na estante. A capa azul do Gigante adormecido, de Ishiguro, tenta me seduzir. Grita silenciosamente. implora minha atenção. Quero. Desejo. Juro que digo a verdade mas a paralisia me detém no lugar. Sinto um vento frio penetrar pela janela da cozinha que chega até mim causando arrepio. Quero. Desejo. Juro que anseio levantar e fechar a janela. Lembro que estamos em outono, rumando para o inverno. Meus pés, congelados, só de meia, repousa no chão de porcelanato.
Um aroma de temperos invade minhas narinas. Reconheço que meu vizinho está novamente fazendo berinjela com bacon e pimentão assado…
Esse aroma me transporta para infância. Mamãe preparava esse prato aos domingos. Adorava chochar pão no óleo que ficava na forma quando, depois de pronto, mamãe mudava para uma marinexsedlex que não quebrava nunca. Recordo que minha mãe ainda a tem, em meio a tantas louças guardadas em seus armários.
Meus olhos ardem, síndrome de olhos secos elevado a enésima potência. Sofro repentinos acessos de bocejos. Das duas uma: ou a noite mal dormida cobra descanso, ou estou com encosto bravo , segundo minha avó. No entanto, diagnóstico mais provável: sofro de tédio acompanhado de doses cavalares de solidão prejudicada por excesso de redes sociais que sugam o pouco de vida que ainda me resta.
Tudo isso desperta fome. A física e a emocional. Estouro pipoca, asso um bolo, faço tapioca, ou simplesmente uma vitamina de frutas? Que dúvida cruel!
Mas eu precisava tanto escrever…
Mas escreveu
Acho que sim mas não era nada o que havia proposto a mim mesma kkk
Nunca é
Não é fácil. Bem exposto o estado de apatia. Como é difícil se mexer, né?
Pois é Marcia. Nas primeiras semanas estava levando de boa mas, desde a semana passada, está osso! Bjs
Uma coisa que faço com frequência quando o texto parece que não quer sair é estudar……………ler sobre o que quero dissertar, ou o ler o tipo de texto que quero escrever, debater com alguém sobre aquilo…………enfim……….estudar……….haehaheaheha……….
Valeu as dicas Eder. O problema sou eu mesma. Indisciplinada assumida! kkkkk
E escreveu, minha cara… porque a escrita não segue mapas, ela apenas escorre.
Pois é Lunna. O importante é sempre deixar a porta entre aberta para escorrer. Bjs
Oi, Roseli!
A falta de inspiração também é motivo para escrever. Tantos padecem desse bloqueio. Mas saiba que todos eles ocorrem quando a rotina é quebrada ou um fato que tremula as ideias. A falta de rotina é um tédio. Outros acham que a própria rotina é um tédio. Vai saber!! Cada um tem sua receita.
Beijus,
Luma!!! Bom demais receber você por aqui! A falta de inspiração nos leva a buscá-la em tudo. O tédio ajuda bastante. Grata pela visita e comentário. Beijos